Quase todas as noites, quando todos se foram deitar e o silêncio é a palavra de ordem nesta casa, esgueiro-me até à cozinha. Não é por mal, mas gosto dessa clandestinidade inocente, desse segredo só meu, desses momentos de paz. O que faço por lá, bem, depende dos dias. Em tempos, era onde passava horas em chamada com ele. Ultimamente, é o meu canto das deprimências; tem sido lá que afogo as mágoas dos dias em que tudo vai mal. E também deve ser por lá que recupero a esperança quando, de fones nos ouvidos, dou por mim a deslizar pelo chão sem qualquer controlo no movimento. Sem qualquer preocupação.
Se os vizinhos virem a minha silhueta a dançar ao ritmo de uma música que mais ninguém ouve, certamente pensarão que eu sou louca. Eu tenho a certeza disso, mas não conto a ninguém.
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