segunda-feira, 29 de setembro de 2014

em jeito de confissão

Já tomei uma decisão e já voltei atrás outra vez; por qualquer motivo, não consigo organizar as ideias durante mais do que meia hora seguida sem que alguma coisa me volte a abalar as certezas, ainda demasiado frágeis, que vou tendo. O problema é que sei que não tenho muito mais tempo para hesitações, para estar armada em nem-fode-nem-sai-de-cima, e o que quer que eu decida fazer, tem de ser já. E, na dúvida, não o posso deixar ir sem voltar a tentar; sei que vou conhecer muitas mais pessoas e que algumas serão um milhão de vezes melhores do que ele mas, neste momento, é ele que me parece das melhores pessoas com quem algum dia me cruzei. É dele que eu quero ir atrás.

Posto isto, e porque neste momento o mail é mesmo das poucas formas que me restam para chegar até ele, acabei por ter uma ideia um bocado estranha, dois bocados pirosa e muiiito à filme; lembrei-me de uma amiga que disse que, se pudesse, se casava comigo só para eu lhe escrever cartas bonitas, e ocorreu-me que isso podia resultar. Ocorreu-me escrever-lhe sempre que os meus surtos de insanidade mental me atacassem e eu não conseguisse mais conter-me. Ocorreu-me ir-lhe contando como é que me estou a sentir da maneira que melhor me sei expressar. Ocorreu-me escrever-lhe tantas vezes quantas forem necessárias até que alguma coisa aconteça. Ocorreu-me tentar explicar-lhe, de mansinho, tudo o que ele nunca me deu oportunidade de explicar.

Sei que, provavelmente, ele não vai ligar e que fodi demasiado as coisas para ele ainda se deixar levar por meia dúzia de palavras bonitas, mas também sei que não sei ser de outra maneira. Que, se é para me mostrar exatamente como sou, como me sinto um peixe na água e dizer, palavra por palavra, como me sinto, só escrevendo - e se, mesmo assim, nada disto resultar, se ele continuar sem conseguir acreditar em mim, eu deixo o cansaço e o orgulho ganharem. Mas agora não - ainda não. Não desta vez.

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