Onde estás tu?
Passou tanto tempo desde a última vez que te vi, que sinto os dias a passarem por mim lenta e dolorosamente. Custa-me tanto não saber nada de ti, custa-me tanto ter essa certeza de que não vou voltar a saber nada de ti, que me sinto a sufocar nos meus próprios pensamentos. Tenho tentado não pensar em ti. Espanta-te - há momentos em que funciona. Há mesmo momentos em que, delicioso engano, pareço estar a recuperar. Mas não estou. Ainda não. Ainda dói demasiado.
Lembro-me de ti uma e outra vez pelos mais pequenos motivos, recordo conversas completamente insignificantes. Descubro coisas que te queria contar. Houve sempre tanto que eu te queria dizer, mas perdia sempre a coragem quando olhava para ti e percebia que não ia importar. O meu maior erro é que aprendo mais facilmente a gostar dos outros do que de mim, e quanto mais gostava de ti, mais detestava tudo em mim. Além de detestar todo o meu exterior, revoltava-me sempre um bocadinho mais de cada vez que te tentava falar e fazia asneira. Desculpa. Nunca fui boa com as palavras. Nunca fui boa com conversas, e tu entorpecias-me demasiado.
Não posso jurar que sei ser diferente. Aliás, não me adiantaria de nada jurar o que quer que fosse agora. Não importa. Tenho tentado convencer-me disto uma e outra vez, mas não consigo deixar de ter vontade de te falar. Venho aqui escrever, mas sinto que as palavras começam a perder a força e o sentido, que começam a escassear as minhas próprias forças. Pela primeira vez, eu sei que este é um beco sem saída. Sei que nada mais posso fazer, mesmo que quisesse. E de nada me adianta pensar que fiz tudo o que podia, bem mais do que podia até. Sobra-me o arrependimento e a vontade de me desfazer em desculpas. E soma-se a dor de saber que nem isto importaria - porque, foda-se, em algum momento importou, ou conseguiste esquecer-te no dia a seguir? É a certeza de que enterraste o assunto no dia em que soubeste que eu era um caso mais do que arrumado, que me consome aos poucos.
Talvez eu esteja um bocadinho louca, para continuar a escrever-te. Talvez isto abra ainda mais a ferida, mas não consigo parar. Sei que não te disse tudo. Sei que, na realidade, nem te disse nada, e sinto falta disso. Sinto que preciso de me explicar, mesmo que nem nunca venhas a ler, ou mesmo que acabes a lê-lo com desprezo. Que posso eu fazer?
Acho que nunca te agradeci o suficiente. Para ser franca, nem o posso fazer, porque não posso explicar o quanto me fizeste bem. Apesar de tudo, não te culpo de nada. Mostraste-me que aquilo que sentia por alguém que eu jurava a pés juntos ter sido a pessoa que mais me marcou, não era nem uma migalha do que conseguia sentir por alguém. E ensinaste-me isso talvez da pior forma, dadas as circunstâncias, mas ainda assim, devo-te a certeza de que aquela pessoa não vale absolutamente nada quando comparada contigo. Desculpa, mas ainda me pareces uma das melhores pessoas que eu algum dia tive o prazer de conhecer. E só lamento não conseguir retribuir nunca aquilo que me fizeste sentir.
Sei que um dia isto não vai ter qualquer significado para mim, que vou acabar por esquecer-me de quem tu eras e do que eu senti, mas agora eu sinto cada palavra que escrevo para ti. Não é exagero nem clichê. É a verdade. Tenho saudades tuas, mesmo que nem consigas compreender em que medida é que me poderias fazer falta. E eu até te explicava, mas creio que não valha a pena. Tenho saudades tuas, e dou por mim a procurar-te mesmo em sítios onde sei que não estás. Vejo-te noutros corpos, ouço a tua voz noutras pessoas. Sei lá. E, de cada vez que ouço o teu nome, sinto o coração em alvoroço, e viro-me à tua procura. Olho em volta, mas tu não estás. Tu nunca estás, e preciso de me convencer que não estarás nunca mais. Mas... onde estás tu?
3 comentários:
(>'.')><('.'<) se precisares de algo sabes onde me encontrar :... Eu sei que é dificil...
Carta que (hoje) não vou ler. :/
Não tem mal. A carta é grande e não é boa para ler em dias maus :|
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