Sou do sol, sou do mar - receando-o, pertenço-lhe. Pertenço à imensidão, à infinitude, ao azul do meu horizonte e à areia quente debaixo dos meus pés. Não sou mais do que os outros mas, mesmo que duvide disso na maior parte do tempo, também não sou menos - na dúvida, sento-me à beira mar e espero que as ondas me arrastem as lágrimas, que teimam em saltar-me dos olhos esporadicamente, para longe. Sal do meu sal - pertenço a este mar. Sou daqui, mesmo que lhe queira fugir.
Talvez hoje tenha sentido isso mais do que nunca. Achei que não ia ter paciência para estar sozinha na praia, mas acabei por gostar da sensação de ser só eu e esse mundo privado que, cruzando-se com outros, me parece sempre demasiado longe de todos. Guardei o meu medo para mim e, mais uma vez, não me aventurei por esse mar fora - precisava de uma mão que não soltasse a minha ao primeiro susto, mas ela escapa-se-me uma e outra vez - sou sozinha, tenho de me habituar a isso. Sou sozinha deste mar, desta terra, deste mundo - do meu mundo. E, acho que gostei disso. Volto amanhã, a ver se consigo ordenar os meus pensamentos eternamente desalinhados. Perdi-me de mim.
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