Antes dos 18, mais do que tirar a carta, eu ansiava poder tornar-me dadora de medúla óssea - já tenho 19 e ainda não sou. Suspendi essa ideia por ter a minha mãe sempre a martelar-me aos ouvidos que, com o meu historial, devia era querer afastar-me dos hospitais e não me meter noutra dessas. Confesso - por momentos, cheguei a achar que ela tinha razão. Mas não tem.
A bia morreu. Eu nunca vi a bia, mas lembro-me da impotência que senti quando, aos 17 anos, li a história no blog da pólo norte, lembro-me de me terem vindo as lágrimas aos olhos, especialmente quando a bia passou a ter um rosto na minha cabeça - quando vi aquele par de olhos cor do mar, quando vi o sorriso dela. Mas esqueci-me dela com o passar do tempo.
Lembrei-me dela da pior forma possível. E voltei a sentir as lágrimas nos olhos e a chorar a morte de quem eu não conheço - já me morreu uma criança na família. Já me morreu uma criança de quem eu gostava mais do que tudo, e estas coisas não deviam acontecer. Nunca. Mas acontecem e são de lamentar. Hoje, o cinderela está de luto e voltou-me a certeza de que não hesitaria em ser a mana da bia. Quero ser dadora de medúla óssea, sim. E hei de sê-lo.
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