quarta-feira, 20 de agosto de 2014

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Do que eu sinto mais saudades é da voz dele - não é dos beijos, nem sequer dos abraços. É da voz, só. E talvez da forma como me dava a mão instintivamente, mesmo quando eu não queria, mesmo quando ainda me era difícil acostumar com a ideia de sentir que os nossos dedos entrelaçados eram a arma mais forte deste mundo e que nada a conseguiria destruir. Mas é a voz, é a forma como me falava, é a timidez inesperada contida em conversas sem jeito que me faz mais falta.

Não contava com isto. Nem com o sentimento que surgiu do nada, nem com a forma como algo se quebrou inexplicavelmente entre nós. Sinto-lhe a falta mas sinto uma raiva que ainda não descobri se tem sentido - tenho medo de estar errada e mais medo ainda da certeza de que não estou. Se calhar, podia ter sido diferente. Ironia das ironias, se nunca chegámos a ter nada sério foi porque eu não quis - posso apresentar-te como minha namorada?, e eu não fui capaz de lhe responder. Abracei-o porque não estava pronta para isso, porque não sabia se queria. E queria, god. Queria mesmo, mas percebi-o tarde de mais. Teria mudado tudo.

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