Quando a possibilidade de perder alguém importante nos berra aos ouvidos, deixamos de ter relógios - as horas deixam de contar porque ninguém quer saber do tempo que se dispende, mesmo que inutilmente. Desaprendemos a dizer não, não se adiam compromissos, por mais banais e desinteressantes que pareçam - começam-se a aproveitar todos os segundos. E, finalmente, deixa-se boca a dançar ao ritmo dos sentimentos e perde-se o medo de se dizer o que sente.
Quando sabemos que vamos perder alguém, temem-se as conversas pendentes, as frases inacabadas, os sentimentos escondidos - queremos tudo às claras. Queremos lembrar-nos dos momentos em que fomos realmente felizes e percebemos, finalmente, que para isso é preciso que se comece por aprender a aproveitar realmente cada momento. A estar lá. A sentir.
Só é pena aprendermos isto apenas quando a ameaça nos assombra os dias. Seríamos todos tão mais felizes se estivéssemos conscientes da efemeridade de tudo - absolutamente tudo - quanto se vive.
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