Quase morrer atropelada graças a um chapéu de chuva que eu resgatei do meu ex-carro, torto e cheio de lama, após o acidente, não me pareceu embaraço suficiente. Não. Temos de elevar a fasquia.
Não sei o que é que acontece com as outras pessoas mas, a avaliar pela quantidade de vezes que já dei por mim a rogar pragas às criaturas que continuam a arrumar as compras pacificamente, embora já tenham sido atendidas mais três pessoas entretanto, creio que não somos todos iguais: eu fico realmente nervosa quando pago alguma coisa em dinheiro, nos supermercados, e fico ali a tentar arrumar as compras e a manter a carteira aberta à espera do troco, porque não quero fazer a pessoa seguinte esperar.
Paguei.
Saí da caixa com o troco numa mão e a carteira na outra, mochila ainda aberta, saco de compras pendurado no braço; fugi para uma mesa, só para me organizar. Um velhote - adorável - fez o mesmo. E tu, cinderela?
Eu decidi expôr ao mundo todos os cartões que tinha na carteira. Numa banquinha improvisada, feita no chão, qual marroquina na feira. Juntei-os todos, sorri desajeitadamente ao homem e saí.
Podia ter acabado por aqui, mas lontra que é lontra está eternamente esfomeada: lembrei-me das minhas bolachas de arroz, cuidadosamente arrumadas no meu saco pirosinho, que guardei na mochila para andar com menos tralha na mão.
Abri a mochila.
Remexi no saco.
Caíu-me tudo o que tinha na mochila, no meio da rua. Tu-do.
O velhote volta a passar por mim e, ao ver-me naquela atrapalhação, lembra-se de dizer:
- está a deixar cair tudo. é porque alguém lhe quer falar, menina!
Dada a minha situação atual, não pude deixar de rir. E de esperar que aquele conas me ligue de uma vez, porque isto de passar a vida de cu para o ar a apanhar as minhas tralhas em praça pública não está a dar com nada.
2 comentários:
Oh pá. Percebo que é chato para caraças mas contaste isto de uma maneira espectacular <3
Jiji
Ahahahah, está mesmo complicado, é bom que ele se decida! xD
Beijinho*
Enviar um comentário