Tenho uma tendência desastrosa para pensar demasiado em tudo, para me meditar sobre assuntos que nem ao menino jesus lembram, nem ao diabo importam - sempre fui um bocado estranha. E esta talvez venha a ser a confissão mais stalker alguma vez aqui feita, mas eu dava tudo para poder fazer um milhão de perguntas a desconhecidos.
É tudo uma questão de sorte. Cruzamo-nos diariamente com dezenas, centenas, de pessoas sobre as quais não sabemos nada, nunca saberemos nada, e algumas podem ser tão parecidas connosco que pareça impossível que não haja uma qualquer conexão, outras podem ser tudo o que mais repugnamos. E então eu tenho a mania de ficar a olhar para gente que não conheço muito mais tempo do que aquele que seria confortável - gostava de saber mais. Gostava de saber quais são os sonhos, do que é que tem medo, se está à espera de alguma coisa. Se acredita em deus, se acha que há vida para além da morte - se, secretamente, também espera como eu que um dia cheguem, vindos de outro planeta qualquer, uns seres estranhos para nos provar que há vida noutros planetas, noutras galáxias, e nos esfregarem na cara que são mais inteligentes do que nós e descobriram primeiro.
Acredito que, de vez em quando, nos cruzemos com pessoas que escondem a história de vida mais incrível e que a única razão para continuarmos a dizer que o nosso herói preferido é o batman, é o facto de nunca nos termos dado ao trabalho de nos conhecermos uns aos outros. Desculpem-me - mas é mesmo uma questão de sorte. Já pensaram na quantidade enorme de pessoas em todo o mundo que nós nunca chegaremos a saber que existem? Pessoas que para nós nunca terão uma cara, nem um nome. Pessoas que não são nada e, quem sabe, podiam ser tudo. E quando nos cruzamos com alguém, é quase como jogar na loteria - repito: é uma questão de sorte. Podemos cruzar-nos com o pior dos marginais, ou com a pessoa mais espetacular que alguma vez conhecemos - e podemos nunca o descobrir, ou podemos ter a sorte de não nos desencontrar-mos. E isso... oh, isso é mágico.
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