terça-feira, 11 de março de 2014

reflexões de uma mente perturbada

Mentimos todos quando dizemos que não temos papas na língua, que dizemos tudo a toda a gente sem medo - claro que é mentira. E falo na pele de alguém que tem tendência para se desbocar e ser demasiado sincera nos piores momentos: ainda assim, é óbvio que deixo muita coisa por dizer.

Há sempre uma palavra que tememos, uma conversa de que fugimos. Algo que não queremos dizer porque temos medo, ainda que nos pareça impensável assumi-lo a nós mesmos - logo nós, tão bons nesse jogo da verdade, tão donos de nós mesmo, tão capazes de tudo. Acreditem em mim, fica sempre alguma coisa suspensa, uma frase que se nos fica entalada na garganta durante dias, meses, anos se preciso for, mas continuamos a preferir asfixiar-nos no orgulho do que deixá-la sair.

Outra das coisas que parecemos não perceber é que só somos bons a reclamar, a dizer que não gostamos, a injuriar - se for para elogiar, para dizermos que gostamos, encolhemo-nos no nosso canto e passamos a palavra a outro, umas vezes por cobardia, outras por pura inveja. Mas isto são pormenores irrelevantes de que ninguém quer saber; se perguntarem, diremos que não nos arrependemos de nada, que sempre assumimos o que pensávamos e sentíamos a toda a gente, sem medo de julgamentos e que está tudo bem. É mentira, mas ninguém precisa de saber.

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