quinta-feira, 27 de março de 2014

"preciso de falar contigo amanhã."

Há três anos que espero pelo joão. Há três anos que espero que alguma coisa mude a nossa história, que as coisas acabem por bater certo no final - e parte de mim acredita que o esperarei para sempre. O joão é o meu d. sebastião que não há maneira de fazer saltar do nevoeiro.

O problema foi que me concentrei tanto nele, que me perdi. Perdi. Não me dei conta, ou melhor, não me permiti a assumir sentimentos novos que foram surgindo com o tempo - obriguei-me a calar cada batida mais forte que o meu coração dava de cada vez que o tal amigo, O amigo, se aproximava de mim. Obriguei-me a fazer de conta que não ficava feliz sempre que estávamos juntos. Fui má; afastei-o. Senti-lhe a falta.

Passei meses a mentir a mim mesma - podia tê-lo descoberto em janeiro, quando senti um aperto tão grande quando ele me tentou abraçar, que lhe fugi; assustei-me. Não era suposto sentir aquilo por um amigo, pois não? Mas aconteceu outra vez. E outra. E mais outra. E, de todas elas, forcei-me a recordar que era do joão que eu gostava.

Quando ele se foi embora, achei que sentia a falta da atenção que ele me dava, mas que era só isso. Não era. Percebi com o tempo que morria de ciúmes da miúda de quem ele se aproximou, daquele banco de esperma ambulante, e senti-me obrigada a assumir; tenho saudades dele. Tenho saudades das conversas intermináveis sobre nada, das inside jokes, da forma como lhe dava a mão com a maior das naturalidades enquanto falávamos. Dos planos que íamos fazendo para depois, para o verão, para a faculdade, para a vida. E eu queria-o realmente perto para sempre, mas nunca lho soube dizer.

Agora, não o reconheço. Talvez esteja certo quem diz que, em parte, a culpa é minha - podia ter resultado entre nós, se eu não tivesse passado metade do tempo a tentar criar uma barreira, mesmo quando o meu coração acelerava de cada vez que a cara dele estava perto, demasiado perto, da minha. Diz-se que nem parece o mesmo, que nunca ninguém o viu assim - e eu quero-o de volta.

O joão ocupa o espaço de três elefantes na minha vida, e talvez ocupe sempre - mas ele? Ele ocupa o espaço de sete elefantes, quatro orcas e dois tubarões. Estou a morrer de medo de lhe contar a verdade que para mim demorou séculos a assumir - mas vou fazê-lo amanhã. Decisão mais do que tomada, mensagem enviada. E agora rezem.

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