Parecendo ou não, há uma diferença abismal entre resolver um problema e optar por ignorá-lo, ainda que, na prática, quem opta por qualquer uma das hipóteses acabe por ter exatamente a mesma atitude: seguir em frente.
Cortar o mal pela raiz não é fácil, mas creio que vale a pena. Acredito piamente que será sempre muito mais fácil do que deixar que o mal se arraste no tempo, atrás de nós, à espera de que algum dia, por obra de uma qualquer divindade, se nos dê a pachorra de o resolver. É preciso coragem, é certo, mas é sempre o melhor a fazer antes de, e aí sim, com toda a dignidade, esquecer o que quer que tenha acontecido.
Varrer o lixo para baixo do tapete é desesperante, especialmente para o lixo que, incapaz de fazer o que quer que seja, terá mesmo de se contentar com a posição onde o deixaram, mas acredito que também o seja para quem o varreu. Se querem que vos diga, estou mesmo a rezar para que seja - é o mínimo preço a pagar pela cobardia de fazer de conta que, escondendo o que não se quer ver, ele desaparece.
Às vezes, o monte de lixo é demasiado grande para ficar coberto por um tapete, de maneira a ser espezinhado até que, reduzido a grãos de pó cada vez mais finos, deixe de ter importância. Não. Às vezes, a ponta enrola-se e a poeira espalha-se. Outras vezes, graças ao esquecimento disfarçado, tropeça-se no tapete, vezes e vezes sem conta, até que alguém se decida a ir buscar a merda do aspirador. Se nunca se decidirem a fazê-lo, tudo bem, é convosco - mas não culpem o lixo pelas vossas quedas. Nem o culpem por ficar contente de vos ver ficar sem dentes. Vocês merecê-lo-ão.
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