domingo, 13 de abril de 2014

late

De todas as coisas que te queria dizer neste momento, julgo que escolheria simplificar e pedir-te desculpa. Desculpa - é a palavra que mereces ouvir. A palavra que tantas vezes me saiu da boca, mas nunca pelas razões certas. Eu devia ter percebido antes. Devia ter compreendido.

Passei meses a admirar-te em segredo, num segredo profundo que não ousava contar a mim mesma, incapaz de assumir que tu és realmente incrível, que és a melhor pessoa que alguém pode querer ter por perto. Continuei a dizer a toda a gente que eras um excelente amigo mas que não passavas disso, que eras como um amigo gay. Juro que ainda não sei como consegui passar meses a ignorá-lo, como consegui ignorar cada batida mais forte, cada momento de ansiedade quando sabia que ia estar contigo. Passei meses a fazer de conta que não sentia nada, só por achar que não era natural sentir algo tão forte por outra pessoa que não o joão. E deixei-te ir por isso. Não, fiz pior do que isso - obriguei-te a ir.

Ainda me custa acreditar no que te fiz. Ainda me custa crer que, inconscientemente, tudo isto tenha sido causado por mim. Nunca te quis afastar - soube-o no dia em que te começaste a afastar. No dia em que soube que fui eu quem te afastei com o tempo - achei que não querias saber, achei que não era importante para ti, mesmo com todas as provas em contrário. E era tudo tão fácil, tão natural, quando eu estava contigo, que nunca me vou perdoar por te ter largado a mão enquanto o abismo se formava entre nós. Eu devia ter-te puxado. Devia ter sabido dizer-te que te queria ao meu lado. Não disse; deixei-te ir, e agora não voltas mais.

Desculpa. Desculpa se não te soube ouvir com a atenção necessária para perceber o que estavas a dizer, por não ter percebido na altura o que se estava a passar. E, sobretudo, desculpa por me ter obrigado a passar-te para segundo plano, a fazer de conta que o que sentia por ti era só admiração por aquilo que és. Desculpa por nunca te ter sabido mostrar o quão importante és para mim - mas eu tenho sentido a tua falta todos os dias. E, mesmo agora que o que restava da nossa amizade parece querer morrer, posso dizer-te que me fizeste bem como nunca ninguém me tinha feito sentir antes. Obrigada por isso. Obrigada por teres entrado na minha vida, e desculpa por eu não ter sabido manter-te nela.

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