Tínhamos combinado ir lanchar e decidimo-nos por uma pastelaria nova porque eu, de cada vez que por lá passava, ficava a babar a olhar lá para dentro porque, além de gira que só ela, tinha uma montra com bom aspeto.
Eu achei que o meu estado de deprimência aguda merecia uma facadinha na dieta que eu, só por acaso, só fiz durante umas duas horas, há muito tempo atrás. Tudo bem.
Quando entrámos, foi ver-nos de olhos arremelgados para a quantidade infindável de boas maneiras de engordar como se não houvesse amanhã; quando me fartei de me sentir diabética a olhar para o expositor, pedi uma fatia de um bolo de chocolate que tinha ar de quem estava a implorar por mim, e assolapámos as reais peidas nos sofás.
Eu e o bolo começámos mal - era rijo pra caralho, mas eu perdoei-o e comi na mesma. O garfo cheirava-me a cão e aquilo estava a meter-me tanto nojo que eu tinha de ir olhando para a graciosidade da minha fatia de bolo para ir ganhando coragem para pescar bocadinhos. E fui comendo até me aperceber, quase a meio, de que não era só o garfo que parecia ter sido lambido por um bulldog; nada disso. O bolo, certamente feito com leite de uma contemporânea dos dinossauros, sabia a azedo. Desisti.
Mandei o bolo com os porcos, aka com a empregada da pastelaria, que afirmava que o dito bolo era fresquinho; não me pareceu valer a pena explicar-lhe que passar três anos no frigorífico não faz daquilo um bolo fresco, mas limitei-me a pensar para comigo que, assim como assim, acabei por não alimentar o banhedo residente e a dieta voltou ao eixo certo. Ámen.
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