É, no mínimo, irónico que, depois de te ter ameaçado tantas vezes com uma partida atribulada, dê por mim a entrar em desespero pela eminência de te perder - sinto-te por um fio e já nos sinto a falta.
Parte de mim quer cortar esse fio - fazer o que sempre fiz com toda a gente, mata-se o bicho e morre a peçanha, e eu sabia desde o início que éramos um caso perdido e que mais valia libertar-te das minhas garras antes que as ferrasse mesmo. Mas nunca fui capaz de o cortar, nem quero.
Fui percebendo que, no meio de toda a nossa similaridade, também somos opostos. Tu és dos dias calmos e eu das noites loucas. És do mundo controlado e da existência contida, enquanto eu estou sempre em conflito comigo mesma e sou apaixonada pelo descontrolo. Queres o mundo às direitas enquanto que eu prefiro que ele me seja servido ao contrário. Sem regras. Não sei de mim na maior parte do tempo, e tu encontras-me sempre.
É, no mínimo, irónico que agora tenha medo de te deixar ir, ou medo de te fazer ficar mas de nos desencontrarmos; encaixávamos bem mas fazemos menos sentido a cada dia que passa. Resta-nos um fio para cortar ou uma corda para atirarmos e nos salvarmos a nós mesmos. Só mais uma vez.
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