Vai chegar um momento em que isto já não me vai doer, em que o medo de que te esqueças de mim deixará de me consumir por dentro a cada momento que passa mas, até lá, a certeza de que tenho os dias contados em ti quase não me deixa respirar. Sabe-me a fim definitivo. Sabe-me ao ponto final a negrito que eu não consigo meter.
Tenho sentido a tua falta todos os dias - tenho saudades das tuas gargalhadas entrecortas, do teu sotaque, dos teus momentos pirosos, de que me chames ticas e até de quando ralhavas comigo pela minha teimosia interminável. Tenho saudades da tua voz e da forma como ela me acalmava tanto que eu era capaz de esperar um dia inteiro por um minuto a ouvi-la. E, mesmo assim, conseguia ser o melhor minuto do meu dia e conseguia servir-me de combustível para mais um dia mau - vivo entre tempestades e tu tornaste-te na minha bonança. O lado certo da minha vida errada.
Tenho sentido tanto a tua falta que preciso de me relembrar constantemente de que não faz sentido nenhum ficar com as lágrimas nos olhos de cada vez que me lembro de ti; há momentos em que quase cedo, em que quase volto atrás. Em que me apetece de facto voltar para esse aconchego bom que era ter-te comigo - mas não pode ser. Mas não me posso esquecer do que nos trouxe aqui. Não me posso esquecer de que é o melhor para os dois e de que me iria magoar muito mais se permitisse continuar. Lamento ter demorado tanto tempo a perceber que não estávamos no mesmo barco.
Quis libertar-nos e, sem querer, prendi-me ainda mais; só agora me dei conta da dimensão do que sentia e do quanto a minha vida fica vazia quando não estás. Mas sei que não te posso ir buscar - digo que a decisão foi minha mas isso é só a presunção e a prepotência inerente às mulheres a falar mais alto. Se a decisão fosse minha, construía uma ponte sobre este abismo e ai de quem me tentasse impedir de a atravessar. Mas, sempre disse, ou se cortam os laços ou se apertam os nós. E a decisão não foi minha.
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