quinta-feira, 10 de abril de 2014

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Sinto-me estranha, como se visse agora o mundo pela primeira vez; de certa forma, acredito nisso. Acredito nesses momentos de transição entre uma realidade e outra, acredito nestas pequenas mortes que vamos sofrendo ao longo da vida, e acredito que cada despertar depois de cada uma delas seja como renascer. Não estou certa de que alguém me consiga entender - não estou certa sequer de conseguir compreender isto quando, daqui a umas horas, o voltar a ler, mas é importante que escreva o que sinto para não me perder outra vez. 

Sinto-me estranha e sinto-me perdida, sem saber muito bem o que fazer a seguir. Cansada, também. Cansada por todas estas noites em que não consegui dormir, por todas as vezes que olho o relógio e acendo a luz do telemóvel, só para ter a certeza de que não há novidades. Cansada de fechar os olhos e inspirar com força de cada vez que o telemóvel toca e, de alguma forma, me encho de esperança de que seja a voz dele que eu vou ouvir do outro lado. Ainda que eu esteja cansada de que hoje, amanhã ou depois, ele não irá ligar. E ainda que isso me faça encher de raiva e ter vontade de engolir o orgulho - sei que não o vou fazer. Da mesma forma que sei que lhe vou fugir de cada vez que ele tentar falar comigo - porque é mesmo isso que se passa na minha cabeça: quero que ele venha falar comigo, mas não quero falar com ele. Quero acabar com isto, mas tenho medo que isto acabe. E eu sei o que tenho a perder.

Sinto-me estranha, perdida, cansada. Sinto-me mal, mas sei que passa - houve um bocadinho de mim que morreu hoje, mas amanhã renasce. Talvez mais forte, talvez mais assustado, mas renasce sempre. 

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