Já não é a primeira vez que estou distraída e, quando o vejo, ele está a olhar para mim e a sorrir - mas o pico da fofísse, foi hoje; depois de ter estado uns 10 minutos a fingir ignorar a minha existência enquanto, muito mal disfarçadamente, observou cada gesto meu pelo canto do olho (sério, o moço dá um bocado nas vistas porque faz sempre a mesma coisa; brinca às estátuas, fixo num ponto perto de mim), e depois, apesar de estar de costas, ficou a espreitar o meu autocarro a ir-se embora até ele lhe desaparecer de vista.
Se não fosse comigo, sei que não demoraria mais do que trinta segundos a fazer o diagnóstico ao rapaz - mas ele é giro que dói e eu sou só a totó dos livros, feia, gorda e com mau gosto para se vestir. E, espantem-se, apesar de isto durar há praticamente três anos, na minha cabeça ainda faz sentido que ele só faça estas coisas para gozar com a minha cara, mesmo tendo de reconhecer que, a não ser que ele seja um psicopata, isso é praticamente impossível.
E é assim que vocês ficam a saber que há três anos que eu estou apaixonada por um gajo que não tem coragem para me falar - da última vez, ficou tão aflito que até teve de fingir uma chamada para ir respirar a uns metros de mim. Depois voltou. Depois fugiu. Sinceramente, acho que estou a ficar maluca.
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