Toda a gente fala das cabeleireiras comos se fossem uma invenção do demónio, só para nos foder o juízo, mas a minha é a melhor do mundo. Juro que é.
Entrei lá contrariada - tinha prometido a mim mesma que me ia portar bem e ia fazer o combinado: pintar o cabelo de castanho e deixá-lo ir voltando à cor natural, mas apetecia-me tanto abandonar o meu lado mais freak quanto comer o meu próprio rim.
Talvez porque deus não me curte, assim que assolapei a peida na cadeira, a rapariga, já habituada a ver-me de cabelo pintado comme il faut quase desde o útero, mostrou-me logo o catálogo com tudo o que é bom - todas as cores porque eu morro de amores ali, tantas opções, e eu a cismar num castanho. Fiz beicinho. Apetecia-me um vermelho intenso intenso como há séculos eu queria e, finalmente, estava ali, à distância de um pedido. Disse-lhe que não podia ser, que pintava de castanho e daqui a uns tempos ia pintar as pontas com aquele vermelho.
«E se saísses daqui assim hoje?»
Foi a voz de deus quem proferiu tais palavras, só pode. Mas assim foi.
E então, abandonei o modo sabes-aquela-tua-amiga-ruiva e voltei para o meu antigo ah-é-aquela-menina-do-cabelo-às-cores. Porque a minha cabeleireira é a melhor do mundo.
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