Não sei se sempre fui assim ou se é coisa recente, mas tenho uma tendência desastrosa para a sinceridade excessiva, até que comecei a perceber que, segundo as pessoas, não era suposto eu admitir que tenho menos autoestima do que probabilidades de vir a ser presidente do paquistão, ou que tenho medos ridículos e traumas que eu mal sei justificar. Parece que é feio dizer-se estas coisas. Parece que não devia admitir os meus pontos fracos. Parece.
Parece aos outros, claro, porque para mim continua a parecer uma estupidez fazer de conta que me adoro e que não tenho medo de nada. Não há praticamente nada que goste em mim e não me imagino a fingir o contrário. Sei lá. Se eu já sou incapaz de aceitar elogios e, na maior parte das vezes, acreditar que as pessoas gostam genuinamente de mim, mesmo croma e estranha, provavelmente espetaria um garfo na garganta se soubesse que alguém me adorava por aquilo que não sou. Parece-me uma maneira muito triste de se desperdiçar a vida, essa de se fingir que se é feliz.
E no fim, eu percebo que não conheço realmente nenhuma dessas pessoas que se acham semi deuses por ninguém fazer ideia dos seus pontos fracos. Vão-se foder. É por isso que adoro gente simples.
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