Se querem que vos diga, nem sei quando é que criei o cinderela - creio que o arranque oficial foi em julho, apesar de o ter criado antes, há uns três anos, mas não tenho a certeza - e também ainda não fui capaz de entender o que raio tinha eu na cabeça para lhe dar este nome. E repensei-o há uns tempos; mudar o nome e o link do blog de maneira a afastar de vez tudo quanto sejam visitas indesejadas e ir repescar, unicamente, quem me interessa era uma ideia que me aprazia. Mas iria perder o sentido.
Afinal acho que sei porque é que dei este nome ao blog; queria algo que mostrasse irreverência e pouca paciência para convenções. Queria, enfim, algo que eu soubesse que era só meu, absolutamente original e absurdamente sincero - e consegui-o.
Em tempos, quis ser anónima, quis ser pouco conhecida, mas falhei redondamente - graças a uma amiga, que teve um orgasmo cibernético quando descobriu que era eu quem escrevia o blog que ela lia há séculos e o publicou, isto ficou mais conhecido do que uma casa de putas; quem vê o cinderela de fora, não imagina o corropio que cá anda nas visitas. Nem conta que eu tenha maneiras práticas de perceber quem cá anda e a fazer o quê - e, digo-vos, não aconselho ninguém a ter disto! A não ser que queiram continuar a ver as pessoas da mesma maneira.
Desde os primórdios que tenho visitas indesejáveis, mas com as quais nunca me importei muito - o caso só mudou de figura quando me comecei a aperceber de que era gente que passava a vida a criticar-me e se dizia de muito ocupada mas que não saía de cá. Digo-vos - ainda hoje não sei como é que há tanta gente desocupada no mundo e como que raio é que o meu tempo também não estica a este ponto, para eu também me poder dar ao luxo de perseguir esta e aquela. Sério, parece doença mesmo.
E quis apagar o cinderela. Quis tentar moderar-me, deixar de expor tanto o que sinto realmente - mas qual quê? Uma pessoa cria um blog de raíz aqui a mostrar a essência desde o início e ia lá agora negá-la? Sempre usei a escrita como uma escapatória e este blog conta muitas mais histórias do que a minha caixinha de recordações - serve-me de guilty pleasure saber que, por mais que o leiam de uma ponta à outra, nunca hão de saber nada sobre mim. Ninguém faz ideia do que se passou, do que se continua a passar, nos bastidores deste blog, e é assim mesmo que eu gosto dele. O melhor, é um segredo meu. E o que se lê aqui são histórias reais ou divagações. Ou textos inventados, como que excertos do livro que eu nunca escrevi. Mas, ao fim ao cabo, apercebo-me agora, cresci para caralho com este blog. E, finalmente, percebi que tenho motivos para me orgulhar do que construí - digo-o sem ponta de modéstia nem réstia de culpa. Se cometo erros? Ah, se cometo. E alguns até repito, só para ter a certeza de que estão bem cometidos. Mas fazem parte e, no final das contas, olhando para trás, apercebi-me, pela primeira vez, de que tenho bons motivos para me orgulhar da pessoa em que me transformei.
Hoje isto serve-me de post de reflexão, de comemoração de um aniversário em dia errado, de um brinde aos valores e àquele pedaço de autoestima merecido que descobri que tinha porque mo tentaram roubar - é a primeira vez que me sinto realmente superior, mas digo-o com a maior das sinceridades e, mais uma vez, sem uma única grama de modéstia: sei que o sou. E dá-me um prazer que nem queiram saber.
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