terça-feira, 14 de abril de 2015

uma gota no oceano

Tenho para mim que quem teve a excelente ideia de implementar uma lei que restringe a venda de álcool a menores de idade foi, certamente, alguém que vive isolado numa ilha deserta há, no mínimo, sessenta anos. Não é que me afete demasiado - na casa dos 19, quase no roça-roça aos 20,  para mim tanto faz porque, de qualquer forma, já sou maior e vacinada. Mas é de gente que não pensa.

Façam o que fizerem, os miúdos vão continuar a ter acesso ao álcool com a mesma facilidade com que têm acesso a pastilhas e chupa-chupas - na maior parte das vezes, os estabelecimentos querem é vender e que se foda a idade. Ou, mesmo naqueles raros casos em que, de facto, se preocupam com isso, há sempre um amigo mais velho, um primo ou mesmo aquele tio porreiro que acredita que o puto só vira homem depois de ter estado em coma alcoólico três vezes. Há sempre maneira.

Se virmos isto pelo lado das saídas à noite, então isto é quase caso para virar anedota - ninguém quer saber disso. Ninguém pergunta a idade à pessoa que está a servir num bar ou numa discoteca, por exemplo - neste ponto talvez seja por pressuporem que ninguém começa a sair tão cedo que quase seja necessário um fraldário na casa de banho, mas na prática todos sabemos que a noite é dos putos e devia haver um parque de estacionamento para carrinhos da chicco à porta de cada discoteca.

Proibirem o álcool a menores só aumenta a vontade de o consumirem; dê por onde der, o fruto proibido é, realmente, o mais apetecido e, mesmo inconscientemente, vão partir do princípio que devem beber para parecerem fixes. Para quebrarem regras. Para parecerem do mal. E estas leis não servem para mais do que isso mesmo: para dar aquele guilty pleasure de saber que estamos a fazer algo proibido. Mas não vai parar nada. Nunca vão conseguir.

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