Uma pessoa nunca dá valor ao que tem até que se vê no meio do deserto e se lembra daquela gota de água que nunca aproveitou - e neste momento tenho saudades, sobretudo minhas. Tenho saudades do tempo em que escrevia com paixão, em que devorava livros, em que me sentia útil e chegava ao fim do dia com a sensação de que tinha valido a pena.
Agora sou só horas vazias de dias que se arrastam - não mudo, não lhe consigo escapar. Cansam-me as pessoas, cansa-me a falta delas. E entendo, finalmente, o mal que fiz a mim mesma durante todo aquele tempo em que afastei toda a gente.
Estou só e sei que a culpa é toda minha. Fui eu quem escolheu isto e há dias em que não me importo, mas há outros, como o de hoje, em que precisava de um desses abraços que apertam, que sufocam, que dizem sem dizer que nem estes males hão de durar para sempre.
E quem é que eu quero que me dê esse abraço?
Quem não está. E quem acredito cada vez mais que não há de estar nunca.
Mas um dia habituo-me; foi sempre assim.
É só mais uma volta no carrocel - embora doa. Muito.
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