[não sei deixar de me perguntar se também sentes a minha falta ou se já me substituíste - eu sei que é fácil, demasiado fácil, não precisar de mim. pergunto-me se sou só eu que sinto a falta de encerrar o dia em videochamada contigo ou se isso também te faz sentir que os dias não estão completos. se já apareceu alguém mais fácil e menos complicado do que eu para mostrar o quanto eu não passo de uma perda de tempo. e isso, como tudo o que eu não sei, faz-me sofrer um bocadinho.
quis dar-te tempo. quis que reconsiderasses as hipóteses para que esta não acabasse por ser uma decisão só minha. quis que tivesses a oportunidade de nos encontrar uma saída alternativa. quis que me surpreendesses - esperei por isso estes dias todos. e ainda espero. queremos sempre um final feliz, não é?
mas na vida também é preciso fechar portas, mesmo aquelas que queríamos deixar abertas de par em par para o resto da vida - a tua está entreaberta. está à espera de um desfecho, está à espera da ordem final. e, no fundo, eu começo a assumir qual será. estou a preparar-me para ela. estou a preparar-me para a trancar à chave e esquecer que algum dia vi o que estava do outro lado - porque dói, caramba. e eu não precisava disso.
estipulei um prazo limite na minha cabeça. atribuí uma data de validade a este impasse. decidi até quando estou disposta a ver as luzes através da fresta da porta sem saber se algum dia a voltarei a cruzar. escolhi o dia em que a fecharei de vez se não a escancarares entretanto - e, escolher o dia do adeus, pensar que ele existe sequer, custa-me demasiado. é preciso fechar portas, relembro-me. é preciso - mas fechar a tua é o que menos me apetece fazer agora.
estamos em contagem decrescente.]
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