Nunca pensei que ia chegar o dia em que eu ia gostar do saramago, mas já vou no terceiro livro do bicho. Estou ainda no início do livro, quando toda a gente começa a cegar inexplicavelmente, mas o médico e a mulher chamaram-me a atenção; casados há vários anos, salta à vista o carinho que têm um pelo outro. Juro. Eu não sou propriamente romântica nem tão pouco tenho grande paciência para aquele lamechismo clichê - a não ser que se refira à criaturinha, mas isso são outros problemas -, mas aqueles dois deixam-me a derreter exatamente por isso: não são lamechas.
Não sei qual será o desfecho daqueles dois, se não virá a acontecer alguma coisa que destrua por completo esta imagem apaixonada que tenho deles os dois, mas por agora, dei por mim a desejar alguém que cuidasse de mim da mesma forma que aquela mulher cuida do médico. Que alguém sentisse todo aquele carinho por mim, mesmo passados tantos anos. Talvez, no fundo, seja alguém assim que todos queremos - porque, se o amor existir, deve ser mais ou menos isto.
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