Todos precisamos de alguma coisa que nos mantenha vivos. Um motivo para nos levantarmos da cama de manhã, para enfrentar a chuva e o nevoeiro, para encarar o trânsito com um sorriso. Todos precisamos de algo que nos mostre que não somos tão maus quanto achamos que somos. Precisamos, enfim, de razões para viver.
Estou acordada há quase dez horas - o que significa que estou a chorar há quase dez horas também. Domino o crying suta; se antes só conseguia chorar sozinha, agora sou uma chorona todo o terreno. Hoje chorei na rua. Depois no jardim - e noutra rua. Sentada noutro banco, com vista para o mar. No comboio. No carro. Em casa.
Chorei de desespero, essencialmente. O desespero dos que olham à volta e não encontram nada onde se agarrar - ultimamente, parece que nada faz sentido. As coisas que me fazem feliz são só uma transição para momentos mais infelizes ainda. Os poucos momentos em que me sinto bem têm como única função fazer-me sentir ainda mais abandonada quando acabam. Este é um desses momentos.
Não me perdoo pelo mal que faço a mim mesma. Não sou capaz de me perdoar pelas pessoas que perco e por ter chegado a esta fase da minha vida completamente sozinha - os últimos dias têm sido particularmente difíceis e os que se avizinham não têm muito por onde melhorar. Sinto-me mal, quer física quer psicologicamente, e tenho pouco mais a dizer ao mundo do que isto: sinto-me vazia. Nada me faz sentido.
Perdi o pouco ânimo que me restava porque perdi os únicos momentos bons que ainda tinha - faltam-me motivos para acordar de manhã. Falta-me coisas que me tragam alguma alegria e vontade de continuar. Por isso, e salvo uma ou outra exceção, este blog vai de férias outra vez - e, se as coisas não melhorarem entretanto, é possível que seja para sempre.
Obrigada aos que estiveram por aí.
8 comentários:
A vida é uma montanha russa. Sei que ninguém se acalma por lhe dizerem que tenha calma, mas temos que tentar serenar o espírito e procurar as coisas boas. Elas existem e virão até ti, não duvides. Quanto mais não seja porque conheces A Day to Remember e todas as pessoas que conhecem ADTR merecem o mundo de coisas boas!
Beijinhos
Não vá de férias, continue a escrever aqui. A escrita serve para afastar a tristeza. E lembre-se que não há mal que dure para sempre. Força!
Nunca comentei aqui, mas hoje resolvi fazê-lo para lhe dar apoio. :-)
Até logo! :)
J.B., vejo que percebeste o título do post :) obrigada. E um beijinho só por estares atento!
Anónimo, obrigada :) espero que sim!
no one, demasiados anos de mim para acreditar que consigo ir-me embora? ahah eu às vezes acredito que sou capaz, mas é provável que não :)
A dor de quem perdeu algo que faz parte de si é tão grade que a faz questionar se o que lhe resta tem força para continuar... por vezes perdemos o rumo, queremos desaparecer, e a vontade de chorar é tão grande que mesmo quando não choramos por fora choramos por dentro. Mas se existe algo que não desaparece somos nós, os nossos pensamentos, a nossa maneirá unica de ser, a nossa marca... Tudo o que fazemos é único, mesmo que só tenha importância para nós, escrever um texto, conhecer uma pessoa, correr na praia no meio da chuva a noite, algo que simplesmente nos apetessa, pois o mais importe é sentirmos bem a fazer o que nos apetece...
Mas não é por dizerem que um dia isto tudo não passará de uma fotografia no teu álbum de memórias que te vai ajudar a ultrapassar... o que mais ajuda é teres alguem que te ouça e que embora não te consiga fazer sorrir te ceda o seu ombro para tu chorares... alguém que embora não faça nada tu saibas que se precisares ela vai atender o telefone e vai ouvir-te...
Beijo
Obrigada pelo teu comentário, Herberto :)
sim, passa por aí. de momento parece tudo demasiado negro. mas há de passar :)
Não te estou a lançar um desafio. Só não quero que te vás embora. "Prontes" :)
Um bocadinho de mim mora aqui. Já são alguns anos :)
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