terça-feira, 31 de março de 2015

spotify, meu grande amor

Há uma playlist no spotify para a tpm. 
Se eu ouvisse realmente aquilo durante os dias traumáticos em que eu oscilo entre os mood se-voltas-a-repirar-eu-juro-que-te-mato e o mood ai-jesus-que-eu-gosto-tanto-de-ti-dá-cá-um-beijinho-pelo-amor-de-deus, certamente já teria espetado uma caneta na carótida.

segunda-feira, 30 de março de 2015

sobre os (des)casamentos

Nunca fui capaz de me imaginar casada - não que não conceba um amor semi-eterno, forte e duradouro, porque sei que sou de nós fortes e difícieis de desfazer quando me ligo realmente a alguém. Mas morro de medo do dia em que só resta o amor. Do dia em que a paixão se foi.

Não me levem a mal; talvez o amor seja mais importante, mas eu não sei viver sem paixões arrebatadoras e assolapadas, sem a necessidade de contacto, sem os ímpetos descontrolados de quem quer tudo para ontem. Sou uma apaixonada nata e tenho medo de imaginar a vida sem o prazer do proibído, do incerto, do arriscado. Tenho medo da morte dos beijos de língua, da ansiedade de um abraço, da timidez despropositada. E do medo. Tenho medo da morte do medo de perder. Medo desse momento em que tomamos como certo e deixamos de tentar, deixamos de surpreender, deixamos de ser surpreendidos.

Acho que me assustam os amores calmos, os dias iguais, as certezas. A falta de dramas - não os do dia a dia, mas os dramas dos amores quentes que ainda não se sabem de cor, os dramas de nunca saber o que se segue. O prazer do desconhecido, o prazer de ir descobrindo dia após dia. Tenho medo de um dia descobrir tudo e não restar mais nenhum mistério; tenho medo, enfim, de me desapaixonar por alguém por o saber de cor, por saber demais, por não haver nada que me acalente o espírito eternamente curioso, eternamente ansioso, eternamente apaixonado.

Nunca fui capaz de me imaginar casada porque nunca soube se conseguiria apaixonar-me todos os dias pela mesma pessoa, eternamente. Mas talvez sim. Talvez sim.

os filmes e eu, parte 2

Why does it feel so impossible to let you go? It's an addiction, you know. That's all it is. It's a biochemical addiction. It's so stupid. 

oh, aquelas frases de filmes

I feel like i'm the wrong world cause i don't belong in a world where we don't end up together. I don't. There are parallel universes out there where this didn't happen, where i was with you, and you were with me. And whatever universe that is, that's the one where my heart lives in.

toda uma vida disto

Há quem colecione selos, moedas, isqueiros, pares de cornos, engates, porta-chaves, santinhas da loja dos chineses, sapatos, malas, meias usadas, telemóveis, canetas, charutos, enfim, toda uma panóplia de coisas colecionáveis.

E agora perguntam vocês: 

no meio disto tudo, o que é que tu colecionas, cinderela?

Stalkers. 
Depois de três anos de um, arranjei outro no comboio.
(pelo menos calham-me stalkers bonitinhos, vá lá, vá lá)

domingo, 29 de março de 2015

quando tudo o que é mau chega durante a tpm

O resumo dos últimos dias divide-se em duas partes:
acompanhada, estou normalíssima, continuo a gozar com tudo o que me passa pela cabeça, a rir-me como sempre e a sorrir e acenar.

sozinha, tenho ataques de choro compulsivos e mudo de ideias a cada trinta segundos. Pretty much sums it up.

crianças a ter crianças

Eu gostava que isto não mexesse comigo mas a realidade é que, no meio de tudo o que tenho na cabeça a chatear-me, volta e meia ainda me lembro daquelas duas criaturas que devem achar que ter um filho é fácil porque, por acaso, tiveram um tamagotchi e até correu tudo bem.

tables are turned

Both you and I have a lot of intensive presence. And an enormous ability to put ourselves in other people’s emotions. And especially each other’s. We also have an intensive ability to affect other people and make them experience what we experience. And we have an ability to affect each other. We make each other alive. It doesn’t make a difference if it hurts.

Quando conseguem o que querem e depois descobrem que afinal não era o que queriam. Quando chegam a um ponto em que sabem que não têm saída nem conseguem voltar atrás. Quando a única opção é não fazer nada. Quando encontram uma frase que agora vos faz todo o sentido e vocês se sentem estúpidos pelo tempo em que acharam que não, que não fazia. Quando percebem que era tudo sobre isso - we make each other alive. Quando percebem que estavam errados - it doesn't make a difference if it hurts. E agora vêem que era verdade, que não fazia mesmo. Mas já fizeram a vossa escolha.

sábado, 28 de março de 2015

bem feita para mim

O problema não está realmente naqueles dias em que temos dores tão fortes que não temos outro remédio senão aceitar ajuda e ir ao médico. O problema está em todos os outros dias que ignorámos sintomas porque, afinal, deviam ser normais. Porque é normal ter-se uma dorzita aqui e outra ali de vez em quando - a vizinha da prima da cunhada da minha avó também tinha e não era nada de mal. É normal.

E as dores juntam-se. Os problemas também.
Mas nunca é nada, nunca vale a pena ir ao médico.
(isto tudo porque a palavra cirurgia continua a martirizar-me. e a ideia da bomba relógio também. acho que só volto a dormir quando finalmente chegar a consulta)

algo me diz que não volto lá

Tínhamos combinado ir lanchar e decidimo-nos por uma pastelaria nova porque eu, de cada vez que por lá passava, ficava a babar a olhar lá para dentro porque, além de gira que só ela, tinha uma montra com bom aspeto.

Eu achei que o meu estado de deprimência aguda merecia uma facadinha na dieta que eu, só por acaso, só fiz durante umas duas horas, há muito tempo atrás. Tudo bem. 

Quando entrámos, foi ver-nos de olhos arremelgados para a quantidade infindável de boas maneiras de engordar como se não houvesse amanhã; quando me fartei de me sentir diabética a olhar para o expositor, pedi uma fatia de um bolo de chocolate que tinha ar de quem estava a implorar por mim, e assolapámos as reais peidas nos sofás.

Eu e o bolo começámos mal - era rijo pra caralho, mas eu perdoei-o e comi na mesma. O garfo cheirava-me a cão e aquilo estava a meter-me tanto nojo que eu tinha de ir olhando para a graciosidade da minha fatia de bolo para ir ganhando coragem para pescar bocadinhos. E fui comendo até me aperceber, quase a meio, de que não era só o garfo que parecia ter sido lambido por um bulldog; nada disso. O bolo, certamente feito com leite de uma contemporânea dos dinossauros, sabia a azedo. Desisti.

Mandei o bolo com os porcos, aka com a empregada da pastelaria, que afirmava que o dito bolo era fresquinho; não me pareceu valer a pena explicar-lhe que passar três anos no frigorífico não faz daquilo um bolo fresco, mas limitei-me a pensar para comigo que, assim como assim, acabei por não alimentar o banhedo residente e a dieta voltou ao eixo certo. Ámen.

sexta-feira, 27 de março de 2015

don't google it

Estava meio aborrecida, que estava, com aquela que eu descobri ser uma doença para juntar à minha interminável lista de anomalias - mas não estava preocupada por aí além, até porque só vou saber o veredito final na consulta.

Tive a infeliz ideia de pesquisar sobre isso. Okay. Péssima ideia.
Além de descobrir que sou uma bomba relógio, ainda descobri que, na maior parte dos casos, isto só lá vai com cirurgia. Certo. Outra. Mais uma. 


Nem sei se rezo para que seja uma partida do google ou se vou ali enrolar-me ao cantinho e chorar baba e ranho até que alguém me diga que um dia destes as coisas me começam a correr bem. E que os hospitais me vão barrar a entrada.

esses dias em que sinto ainda mais a falta

Vai chegar um momento em que isto já não me vai doer, em que o medo de que te esqueças de mim deixará de me consumir por dentro a cada momento que passa mas, até lá, a certeza de que tenho os dias contados em ti quase não me deixa respirar. Sabe-me a fim definitivo. Sabe-me ao ponto final a negrito que eu não consigo meter.

Tenho sentido a tua falta todos os dias - tenho saudades das tuas gargalhadas entrecortas, do teu sotaque, dos teus momentos pirosos, de que me chames ticas e até de quando ralhavas comigo pela minha teimosia interminável. Tenho saudades da tua voz e da forma como ela me acalmava tanto que eu era capaz de esperar um dia inteiro por um minuto a ouvi-la. E, mesmo assim, conseguia ser o melhor minuto do meu dia e conseguia servir-me de combustível para mais um dia mau - vivo entre tempestades e tu tornaste-te na minha bonança. O lado certo da minha vida errada.

Tenho sentido tanto a tua falta que preciso de me relembrar constantemente de que não faz sentido nenhum ficar com as lágrimas nos olhos de cada vez que me lembro de ti; há momentos em que quase cedo, em que quase volto atrás. Em que me apetece de facto voltar para esse aconchego bom que era ter-te comigo - mas não pode ser. Mas não me posso esquecer do que nos trouxe aqui. Não me posso esquecer de que é o melhor para os dois e de que me iria magoar muito mais se permitisse continuar. Lamento ter demorado tanto tempo a perceber que não estávamos no mesmo barco. 

Quis libertar-nos e, sem querer, prendi-me ainda mais; só agora me dei conta da dimensão do que sentia e do quanto a minha vida fica vazia quando não estás. Mas sei que não te posso ir buscar - digo que a decisão foi minha mas isso é só a presunção e a prepotência inerente às mulheres a falar mais alto. Se a decisão fosse minha, construía uma ponte sobre este abismo e ai de quem me tentasse impedir de a atravessar. Mas, sempre disse, ou se cortam os laços ou se apertam os nós. E a decisão não foi minha. 

oh snap

Ai que não devemos falar mal dos nossos profissionais, ai que os nossos médicos são tão bons - mas depois acontecem casos como o meu, que descobri hoje um problema que me deveria ter sido diagnosticado há um ano atrás, durante uma crise que durou dias, quando o normal são umas horas.

No entanto, a médica limitou-se a usar a técnica não-sei-o-que-tens-mas-toma-isto-e-isto-que-deve-passar e lá anda dona lontra feliz e contente sem fazer ideia de que ainda há de ter mais crises iguais. Boa, boa.

robin and stubb

És, definitivamente, um idiota. Não só por hoje, e também não só por ontem. E para falar a verdade, não vai ser só por amanhã também. Mas é por tudo, Stubb. Tu tens-me nas tuas mãos, para fazeres o que quiseres. E entre todas as opções do mundo, sempre preferes perder-me. Preferes fingir que te esqueceste e agir como se não te importasses. E tu és tão teimoso quanto eu. Retorces todas as situações, complicas tudo que é fácil. Tu consegues desarrumar tudo aquilo que eu arrumei. E eu sempre teimo em gostar dessa desarrumação. Tu és a pessoa mais idiota do mundo. E ainda assim, és tu quem eu sempre procuro. É do teu colo que eu preciso sempre. É a tua desarrumação que eu quero. Ainda que me complique, que me afaste, que me desarrume totalmente e que me vire do avesso.

Melhor do que um espelho.

são precisos dois para dançar o tango

[ainda há momentos em que não consigo respirar. dói-me ter de reaprender a viver num mundo de onde te excluí à força - era a última coisa que me apetecia ter feito, mas sabia que tinha de o fazer o quanto antes. não sei nem nunca soube ser pela metade; nem quero. recuso a anular-me, a não ser por inteiro. e foi por isso que tive de desistir de ser tua; não queria ser tua meia amiga e teu meio amor. mas quando me apercebi disto, já estava demasiado mergulhada em ti e na imensidão de sensações para que conseguisse abandonar tudo de ânimo leve. mesmo assim, abandonei. fugi definitivamente, como te disse tantas vezes antes. antes completa em fuga, nessa fuga eterna de mim mesma, do que meia quieta, meia feliz. meia eternamente meia, sem nunca chegar a saber quem sou e o que posso ser. magooei-me antes que me pudesses magoar - era já meia tua e só podia fazer uma de duas coisas: ou dar-te a metade que te faltava, ou roubar-te a que tinhas. só tive uma hipótese; lamento-a. lamento-a profundamente, mas foi a única que me deste. agora estou inteira outra vez e não sei o que fazer com isso. mas um dia descubro.]

quinta-feira, 26 de março de 2015

questões existênciais

Desde que comecei a andar de comboio diariamente que a existência ou não de vida noutros planetas deixou de ser o maior mistério que me assola a mente de vez em quando - nada disso.

Agora, o que realmente me deixa perplexa é o facto de duas mocinhas, mais novas do que eu, se enfiarem as duas na casa de banho, todos os dias, assim que entram até que chegamos ao destino, e sairem de lá maquilhadas. Pior: bem maquilhadas, tipo vim-para-a-escola-mas-nunca-se-sabe-quando-é-que-não-sou-chamada-para-ir-a-um-casamento-a-meio-do-dia.

Se eu, sozinha, na solidão do meu lar, tenho a capacidade de quase acabar com baton na testa, como é que alguém consegue maquilhar-se no comboio e não sair a parecer o joker?

breathe in, breathe out

Dona mommy cá de casa sempre achou que devia haver algo de muito errado comigo por eu dizer que queria trabalhar num hospital, nem que fosse a fazer limpezas - e sim, as minhas opções nunca foram uma combinação fácil de entender: jornalismo ou enfermagem, que é mais ou menos o equivalente a um camionista dizer que gostava de dançar ballet. Mas, prosseguindo, a minha mãe sempre me perguntou como que raio é que eu ainda não vomitava hospital pelos olhos. Ainda não entendeu que é só uma maneira de eu poder faltar menos ao trabalho.

E porquê? Porque tive uma folga que durou meses - sério, aguentei-me 5 incríveis meses sem meter os pés num hospital. Agora parece que estão todos com saudades minhas; tive uma na semana passada e lembrava-me de que tinha exames, muiiiitos exames, marcados para amanhã. Fui mexer na papelada; descobri um bloco de folhas com a designação do que me vão fazer, que só por si só já é de meter medo ao susto. Pelo caminho encontrei uma carta com outra consulta marcada para abril.

Não contente, caiu-me um dos meus não-sei-quantos cartõezinhos de marcação de consulta; tenho outra dentro de duas semanas, e nem me lembrava. Geez. 

Agora vou ali deprimir para o cantinho.

that's how we roll

A principal vantagem de já quase ser uma doente profissional é que, mesmo estando a ter um dia de merda com ataques de choro compulsivo sempre que ninguém está a ver, quando chego ao pé de alguém, a única coisa que me dizem é

continuas constipada?! tu tens mesmo de ir ver disso. estás mesmo com ar de doente, até estás amarela! 

É sorrir e acenar.

quarta-feira, 25 de março de 2015

sometimes goodbye is the only way

Noutras circunstâncias, gozar-me-ias por a única coisa que me vem à cabeça ser uma frase do harry potter - às vezes temos de escolher entre o que é certo e o que é fácil. E eu escolhi; escolhi o que mais me dói mas, ainda assim, aquela que eu julgo ser a opção mais correta. E urgente.

Sempre te disse que gostava de ti mas que não estava apaixonada porque a situação não o permitia - desculpa, mas menti-te. Isto foi só uma manobra da minha eterna mania de economizar nas palavras que descrevem sentimentos; ainda não me habituei a deixá-los a descoberto. Não havia como não me apaixonar; mesmo sem querer, mesmo sem saber como, apesar de tudo. Mas, um dia, isto deixou de me chegar.

Conheces tão bem quanto eu a minha paixão assolapada pelas palavras - mas há uma altura em que elas carecem de atos que as sustentem, ou então não são mais do que uma brisa leve que roça a pele e nem faz frio nem ameniza o calor; são só palavras, curtas, longas, tanto faz. Não chegam de maneira nenhuma. E, então, chega-se o tempo de partir antes que faça mais estrago.

Não te deixo de ânimo leve - tanto não deixo que resolvi não te enviar isto. Sei que o lerás na mesma e assim sempre nos poupei a mais uma discussão interminável e da qual nunca tiramos conclusão nenhuma; também sei que vais continuar sem entender, que vai custar a aceitar, mas espero que compreendas o meu lado. Eu não sou como tu.

Nunca soube habituar-me a esse ter-te sem te ter. Nunca consegui ter uma convivência pacífica com a ideia de que, a qualquer momento, tudo pode mudar; somos livres, dizes tu, e temos de ir vivendo - nunca soube como explicar-te que, neste momento, a simples ideia de ir vivendo sem que tu faças parte, dói. Eu não quero mais ninguém que não sejas tu e sei que não vou ser capaz de olhar para alguém dessa forma enquanto estiveres aí, enquanto for a tua voz que me acalma sempre que o fim do dia chega, enquanto eu sentir essa necessidade de te contar o que se passa na minha vida. Posso até ter casos de uma noite mas, quando o sol nasce, já é em ti que eu estou a pensar outra vez e na forma ridícula como não consigo deixar de sentir que te traí. Mesmo que tenhamos decidido que o melhor seria mantermos essa liberdade; não estou livre, estou contigo.

Também deves saber que eu não gosto de nada que me estagne a vida - quero tudo para ontem, quero a inconsequência de ser, quero ir andando sem que nada me páre, mas dei por mim a parar-me de propósito. Quando dei conta, estava aqui, à espera de que algum dia alguma coisa mudasse e que fosse possível não ser assim. Acho que esperei, sem esperar, que um dia fizesse sentido; uma palavra e eu era tua. A palavra nunca chegou e eu sou-o na mesma, sem querer, sem me aperceber, sem controlar - queria desligar-me de ti, queria ter essa tua capacidade de lidar com o facto de nós nunca irmos passar disto. Mas não tenho. A simples ideia de sermos inconcretizáveis rouba-me o ar; a cada dia que passa, é mais difícil para mim.

Nunca pensei que fosse possivel gostar tanto de ti, mas é. É, mas neste momento eu sei que só estamos a massacrar-nos, quais condenados no corredor da morte. Estamos conscientes de que o que temos tem um fim à vista, mas insistimos sempre porque não sabemos estar separados. Porque o dia, sem ti, já não me sabe ao mesmo. Porque o mundo sem ti já não me sabe ao mesmo, por muito exagerado que pareça. Sou estupidamente mais feliz desde que te tenho na minha vida, mas sei que é temporário. Que, a qualquer momento, isto me vai magoar mais do que tudo o resto. Que estou a prender-me a algo que não tem pernas para andar - lutaria por isto até ao fim, juro-te que sim. Mas nunca o poderia fazer sozinha. E então, é tempo de partida.

Outra das frases que me vem sempre à memória quando preciso de tomar alguma decisão, pertence ao mr nobody - até ao momento em que escolhes, tudo é possível. Gosto de acreditar nela e na falta de limites. Na estrada interminável que tem qualquer que seja o destino que eu queira; apetecia-me acreditar que ainda era possível não ser esta a única situação viável.

Quero que saibas que já te sinto a falta em adiantado e que me dói a certeza de que não vou esbarrar contigo numa rua qualquer e dar por nós a falarmos sobre tudo o que poderíamos ter sido. Ou a sê-lo, realmente. Dói-me a efemeridade das saudades; dentro de pouco tempo, esta será só mais uma história falhada e já não vai significar nada para ti, porque estás conformado; temos de viver, como dizes. E isto significa que eu tinha toda a razão quando te dizia que precisava de me afastar antes que fosse tarde demais; sabia que ia chegar a um ponto sem retorno e que eu ia ser, como sempre, a que se magoa. Quem me dera não estar certa.

Encontrar-te foi talvez uma das maiores sortes da minha vida - desejo-te o melhor, e o melhor ainda é pouco. Não lamento o tempo que gastei contigo. Só lamento que tenha de acabar assim e que, no final das contas não tenha valido de muito. E espero que saibas que já invejo em adiantado todas aquelas que tenham a sorte de te conseguir ter - nunca vão entender realmente a sorte que têm. Azar o meu. Resta-me esperar que não te esqueças, que me guardes num cantinho qualquer, tal como eu farei contigo. Obrigada por tudo.

Adeus.

nice job, satan

Instalei a big bunda no comboio quase uns vinte minutos antes da partida - pode parecer prazer de pobre, mas eu estava feliz da vida porque ao menos estava quentinho e está um vento horrível desde ontem.

Olhei para o lado e encontrei um exemplar que podia muito bem estar no hot dudes reading, a ler o hobbit, e então retomei a minha queda de um anjo na paz de nosso senhor jesus cristo porque, afinal das contas, contavam-se pelos dedos de uma mão os bancos que estavam ocupados naquela carruagem.

Nisto, entra uma velha e senta-se ao meu lado. Friso: a maioria dos bancos estavam desocupados, e a senhora decidiu sentar-se entre mim e o mocinho. Não contente, cheirava mal que se fartava.

Eu mereço?

segunda-feira, 23 de março de 2015

again and again

Por mais que eu tente confiar, por mais que tente acreditar nas pessoas, ultimamente todas acabam por me desiludir - já devia ser à prova de mentiras mas, curiosamente, continua a ser o que mais me magoa neste mundo.

Não sei que mal fiz eu mas acho sinceramente que não merecia isto. Não mesmo.

seriously

Agora a sério: as monocelhas estão na moda, não estão?

blinding ends.

Nunca gostei de despedidas - disse-te um milhão de vezes que me iria embora mas acho que, bem lá no fundo, sempre soube que não iria a lado nenhum; não queria. Queria ficar, queria acreditar que valia a pena continuar a tentar e, no final de tudo, não sei se valeu. Não sei.

Não tens de te preocupar com os dias em que eu faço uma birra, amuo, choro e digo que não volto. Queira ou não, volto sempre e essa é uma ameaça que faço mais para mim mesma do que para ti. Preocupa-te sim quando eu não digo nada, quando eu desisto de tentar dizer alguma coisa, quando eu deixo de tentar. Não gosto de despedidas e não o vou fazer aquando da derradeira partida - preciso, mais do que das palavras que a ditam, do estado de espírito que a causa. E então vou, sem avisar.

Não há muito mais a fazer aqui. Tentei avisar um milhão de vezes que seria sempre este quebra cabeças, que nunca ias entender o que se estava a passar, que nunca me irias compreender. Tentei, em vão, que percebesses sozinho que valia mais seres tu a abandonar-me e a deixar-me culpar-te eternamente por não teres sequer tentado; foi o que eu fiz a vida toda, bem vistas as coisas. Sempre obriguei as pessoas a irem-se embora só para não me sentir culpada por o erro ser meu. E para usar só mais isso contra mim mesma - coleciono histórias com finais atribulados. Este não será diferente, porque continuo a ser eu.

Não há muito mais a fazer aqui mas eu não queria ter de me ir embora; mas vou. Continuar aqui deve ser mais ou menos o equivalente a ser apanhada por uma ratoeira; morrer pelo prazer de nunca desistir. E eu não nos quero matar assim; sou a que sai de manhã, antes de acordares, antes de me poderes impedir. Mas também vou ser aquela que faz questão de deixar um pouco de si mesma para trás, que vai querer que te lembres. E que vai querer que te doa - no final das contas, é um preço justo, troca por troca. Nunca gostei de despedidas e não tenciono despedir-me de ti; no final de tudo, sobram-me os últimos versos de um dos meus poemas preferidos:

o passado é inútil como um trapo, 
e já te disse: as palavras estão gastas.
adeus.

a continuação desses dias mesmo-mesmo-mesmo maus

Lembro-me do tempo em que escrevia histórias sobre suicídios, sobre a felicidade de se acabar com a dor - nunca me quis suicidar realmente. Queria matar apenas algumas partes de mim, as partes de que não gostava, as partes que me prejudicavam. Mas, para isso, não sobraria nada.

Lembro-me desse tempo em que andava desesperada à procura de uma saída; nunca a cheguei a encontrar e há dias em que nem me lembro do quanto preciso dela. Mas há outros, como hoje, em que os fantasmas voltam, em que os pesadelos voltam, e volto a ser só eu e essa voz que vive dentro de mim e me relembra constantemente de que não valho nada.

Nunca a soube calar; tenho sido feliz de vez em quando. Há dias em que quase me sinto grata pela vida que tenho e que não faz mal fugir um bocadinho ao convencional, ser diferente, talvez estranha - não o somos todos? Há dias em que não quero saber, mas há outros em que sei tudo outra vez, em que me odeio mais um bocadinho porque não há nada, absolutamente nada, que eu consiga gostar em mim. Nem por cinco minutos. Nem por cinco segundos.

Vivo em sombras. Na sombra das pessoas mais bonitas, mais magras, mais inteligentes. Vivo à espera que as pessoas que me rodeiam descubram que existe sempre alguém que valha mais a pena. Vivo à espera de que qualquer rapaz por quem me interesso me diga isto mesmo. E tenho o poder de me magoar sozinha só por pensar nisto mesmo, que continuo a ser descartável, que continuo a pertencer àquela classe inferior que não tem direito de achar que é alguém. Que só sirvo para ser do resto, do que ninguém quer, do que só serve para entreter, porque, afinal, nem o vosso deus quis que eu fosse normal.

domingo, 22 de março de 2015

cinderela e os dias mesmo-mesmo-mesmo maus

A relação entre mim e a minha autoestima explicada em linguagem de potterheads:

...um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver.

O lado bom é que eu ganhei. O lado mau é que ela me faz muita falta. 

incontestável


Não é bem comos se eu tivesse namorado mas apeteceu-me fazer aquele quizz para ver qual casal da disney seria. E pronto, born to be a cinderella.

guilty pleasures

Eu não tenho um número embaraçoso de sapatos ou de malas; nada disso. O que eu tenho é uma quantidade de que não me orgulho de livros velhos. Sim, livros velhos - se me querem ver a ter orgasmos cerebrais múltiplos é só levarem-me àquelas feiras de antiguidades cheias de livros amarelados e com as páginas a ameaçar soltarem-se, com aquele cheiro a velho inconfundível. É verem-me a ralhar com os vendedores porque ninguém, no seu perfeito juízo, vende preciosidades destas a preços tão baixos.

Tenho um bocado de tudo - desde josé régio, aquele eterno amor desde que li o cântico negro, até camilo castelo branco. Português, inglês, francês; tudo me serve e é sempre amor.

sábado, 21 de março de 2015

sobre o passado

Hoje, lembrei-me do joão - ainda me custa crer que cheguei a um ponto em que, de facto, me lembro dele esporadicamente, em intervalos cada vez mais longos, e ele deixou de fazer parte dos meus pensamentos constantes. Deixou de ser o que sempre foi: o meu joão.

Demorou anos; o joão foi a grande paixão platónica dos meus dezasseis anos. Continuou a sê-lo até aos dezoito e, de alguma forma, eu acreditei que ele o seria sempre. Nunca o defini como o grande amor da minha vida, como é hábito entre a maioria das miúdas dessa faixa etária, mas estava mais ou menos convencida de que, passasse o tempo que passasse, ele ia ser sempre aquele se na minha vida. Aquela pessoa que, por mais que eu conseguisse ser feliz com qualquer outra, conseguiria fazer-me ainda mais feliz, ainda mais completa. E nunca nada seria igual com qualquer outra pessoa.

O joão era obcecado por mim e eu era obcecada pelo mistério que o envolvia; queria compreender o que lhe passava pela cabeça, queria sabê-lo de cor e salteado. Queria decifrar o que acontecia por trás daquele que, ainda hoje, sou capaz de jurar que foi o olhar mais intenso que eu algum dia vi; e eu adorava isso, como sempre. Adorava porque me complicava a vida, porque me roubava a monotonia, porque me ia doseando a alegria e a tristeza em partes desiguais mas, ainda assim, era o que eu queria. O joão era o inferno que eu queria para mim e eu estava disposta a ser uma tormenta tão má ou pior ainda do que ele; mas ele nunca valeu o esforço.

Devo-lhe aquele ataque de vinte segundos de coragem louca; foi a primeira vez que eu fiz realmente alguma coisa por mim própria, que investi no que sentia em vez de me esconder em sombras por me achar pouco merecedora de todo e qualquer sentimento. Foi a primeira vez que meti o medo de lado e decidi ir atrás do que eu queria. Fazer, enfim, também na parte sentimental aquilo que fazia com tudo o resto: o que me apetecia.

Não correu bem e o mistério aumentou. Em tempos, achei que o joão tinha sido a minha primeira ferida profunda, mas agora, à luz do tempo, percebo que foi só um arranhão que não chegou sequer a sangrar; foi um primeiro passo na luta por mim mesma e pela perda do medo. E ele continuou a ser o meu joão e continuou a fazer-me sentir inferior, pouco merecedora da atenção dele, pouco pessoa para um deus daqueles. Ele tão bonito e eu sempre a feia gorda. Sempre a burra. Sempre a que não valia nada. Sempre. E então eu recuava porque não valia a pena e voltava a avançar porque ele mostrava que sim.

Passei três anos da minha vida nisto e a acreditar que um dia ainda havia de dar certo. Mas, entretanto, cresci e percebi que afinal não sou pior do que ele só porque ele é mais bonito. Descobri que a personalidade não assenta bem naquele corpo. E vivi outras histórias, conheci outras pessoas; passou pouco mais de um ano desde que o meu joão começo a deixar de o ser, mas já vivi mais e melhor do que em todos os outros anos da minha vida.

E, enfim, o joão transformou-se exatamente no que sempre foi: uma paixão platónica que me fez crescer e que, apesar de guardar com carinho, está mais do que encerrada. Hoje, lembrei-me do meu joão - mas, afinal, já não importa. Passou muito tempo desde a última vez em que ele me conseguiu acelerar o coração.

sexta-feira, 20 de março de 2015

se eu fosse a pólo norte dividia o mundo em três

Ontem dava para ter dividido o mundo entre aquela gente que, por uma vez no ano, se lembrou de que ama muito o paizinho e ai jesus que é o meu herói, os paizinhos que, carentes, publicaram uma foto dos filhos em jeito te tázaber? este tem o meu espermatozóide na constituição primitiva e por isso hoje é o meu dia e os outros que, como eu, também amam o pai durante o resto do ano e não sentem necessidade de o escrever no mural.

quinta-feira, 19 de março de 2015

sou uma pessoa que se enerva com os nervos

Eu não sou sempre correta - faço asneiras, tenho atitudes mais ou menos infantis de vez em quando. Perco-me num mundo cujas dimensões ainda são coisa para me assustar quando me meto a pensar que estou a começar a caminhar pelo meu próprio pé. Ainda tenho muito que crescer e, creio, ainda tenho um longo caminho a percorrer no que toca a aprender a lidar com as pessoas.

Ainda não fui capaz de me habituar à ideia de que tenho de lidar com todo o tipo de gente, mesmo àquela a quem me apetece prender uma bola de chumbo à perna e atirá-la ao rio. Com crocodilos, de preferência. Por mais que tente, sou incapaz de sorrir e acenar a alguém que eu saiba que mente com a mesma frequência que respira e, mesmo assim, ainda consegue achar-se dona da razão e apontar o dedo ao próximo.

Já conheci um pouco de tudo; se eu atraísse dinheiro com a mesma facilidade com que atraio gentinha merdosa, a esta hora eu estaria a escrever-vos de paris, do meu apartamento com vista para a torre eiffel. Por via das dúvidas, não me atrevo a dizer que isto vai ficar por aqui e que nunca mais vou conhecer alguém cuja mania de respirar me enerve solenemente, mas quero acreditar que nunca mais me vou cruzar com uma criatura que, além de brincar com a vida, ainda é capaz de brincar com a morte de uma criança. Que é capaz de toda e qualquer coisa para que as pessoas não descubram que é uma pelintra neste mundo. Que quer à força toda que as pessoas pensem que todos a adoram quando, no fundo, não tem ninguém. Que, de tanto mentir, perdeu as verdades.

Juro, juro mesmo, que há momentos em que eu espero que a miúda tenha uma qualquer patologia psiquiátrica gravíssima capaz de justicar a quantidade e a dimensão das mentiras que ela conta, porque é a única forma de eu não perder toda a esperança que ainda tenho no mundo; custa-me ainda mais acreditar que, estúpida e inocentemente, já a tratei por e como amiga. Hoje em dia, custa-me ter lidar com ela diariamente. Custa-me ter sequer de olhar para ela; este é um indicador claro e evidente de que me falta crescer um bocadinho de forma a abstrair-me deste ou daquele traço da personalidade de cada um porque, no final das contas, é natural e provável que eu também ocupe o topo da lista dos ódiozinhos de estimação de alguém.

Contudo, escrevi isto, mais até do que para acalmar a raiva, para avisar de que o cinderela poderá estar comprometido; enquanto não cresço o suficiente para ignorar a gaja, sou bem capaz de me descuidar e de lhe acertar com uma cadeira na cabeça. Várias vezes seguidas. A continuação deste blog estará dependente da existência, ou não, de internet na prisão. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

cinderella goes to the gym

Tinha-se passado quase uma semana - entre o dia em que me baldei para ir para a rambóia e todos os outros em que andava mais para lá do que para cá, passei quase uma semana na engorda e sem mexer o cu. E então, hoje, teimosa e vagamente consciente de que, apesar de já conseguir dar mais de dois passos sem ficar com a respiração de uma idosa com 300kg, ainda não estava pronta para me meter em aventuras, resolvi ir abanar a peida para o ginásio. 

E fui, que fui, mas tinha prometido a mim mesma que ia fazer um treino levezinho só para não estar quieta; entretanto entusiasmei-me com a cena que, parecendo que não, acabei por começar a gostar mesmo daquilo, e consegui fazer um treino ainda mais pesado do que o que consta no plano. Priceless - essencialmente porque, e note-se que apesar de ser uma lontra de alimento, ainda não como como comia e estava a sentir-me estupidamente fraca ao início.

Basicamente, se não morro do mal, morro da cura, mas ao menos mostro que sou moça de raça. Ou teimosa

terça-feira, 17 de março de 2015

isto

Experimentei o verdadeiro sentimento de culpa nos últimos dois dias: não tenho ido ao ginásio e só me apetece comer. Mas, se estão já a planear atirar-me com um bolo à cara em jeito de once gorda, always gorda, desistam; não desisti.

O que acontece é que aqui a florzinha de estufa continua empenhada em transformar-se numa profissional da constipação e já deve ir no 2933203902º estágio. Em suma: para variar, estou doente. Arrasto-me por aí com cara de morta viva, assoo-me a cada trinta segundos, choro sem querer, quase adormeço em pé ando tonta que eu sei lá e pareço uma sexagenária obesa a andar; basicamente, fico ofegante de cada vez que dou dois passos. Estou, como é óbvio, pronta para correr a meia maratona, portanto, e nem escrever me apetece. Aliás, nem respirar.

quando achava que o dia não podia piorar


O diabo enviou um velho para o meu lado que decidiu meter-se a fazer aquele barulhinho irritante de dar estalinhos algures com língua na placa, a pontos de me deixar à beira da loucura.


A minha vida não é justa.

segunda-feira, 16 de março de 2015

ninguém pensa

Ter uma fotografia em cada contacto consegue revelar-se uma ideia tão genial quanto absurda - então e se eu tiver guardado o número do homem do talho? Devo pedir-lhe que se mantenha quieto e me deixe tirar-lhe uma foto entre duas vacas mortas?

está bonito

Estou estupidamente constipada - confesso que não foi uma atitude inteligente da minha parte sair à noite já doente mas não me apeteceu adiar os planos. E ainda bem que o fiz, porque estou a adorar isto; assoo-me a cada trinta segundos e tenho o nariz todo vermelho. Se não meto creme, pareço o hitler. Se meto creme, pareço a amy whinehouse com farinha no nariz. Enfim.

domingo, 15 de março de 2015

the last shot

É, no mínimo, irónico que, depois de te ter ameaçado tantas vezes com uma partida atribulada, dê por mim a entrar em desespero pela eminência de te perder - sinto-te por um fio e já nos sinto a falta. 

Parte de mim quer cortar esse fio - fazer o que sempre fiz com toda a gente, mata-se o bicho e morre a peçanha, e eu sabia desde o início que éramos um caso perdido e que mais valia libertar-te das minhas garras antes que as ferrasse mesmo. Mas nunca fui capaz de o cortar, nem quero.

Fui percebendo que, no meio de toda a nossa similaridade, também somos opostos. Tu és dos dias calmos e eu das noites loucas. És do mundo controlado e da existência contida, enquanto eu estou sempre em conflito comigo mesma e sou apaixonada pelo descontrolo. Queres o mundo às direitas enquanto que eu prefiro que ele me seja servido ao contrário. Sem regras. Não sei de mim na maior parte do tempo, e tu encontras-me sempre.

É, no mínimo, irónico que agora tenha medo de te deixar ir, ou medo de te fazer ficar mas de nos desencontrarmos; encaixávamos bem mas fazemos menos sentido a cada dia que passa. Resta-nos um fio para cortar ou uma corda para atirarmos e nos salvarmos a nós mesmos. Só mais uma vez.

até à próxima vez

Piores do que aquelas noites em que uma pessoa se apega a todos os anjinhos para que nunca ninguém descubra o que andou a fazer quando o álcool o possuíu, são aquelas noites em que uma pessoa está capaz de se virar para tudo quanto tenha um valor equivalente a um deus todo poderoso para nem sequer lhe virem à memória imagens do que andou a fazer.

Nunca mais bebo, geez.

tirei um peso das unhas

Andava espantada com este lado girly surgido do nada; qualquer pessoa que me conheça bem sabe que eu sou tão menina quanto o zezé camarinha e eu ainda não tinha percebido que raio de surto psicótico teria desencadeado a minha vontade súbita de fazer unhas de gel, há uns meses atrás.

De qualquer forma, acho que já não vou a tempo de perceber - hoje, tirei-as sem dó nem piedade. Sou demasiado inconstante para me aguentar um mês com as unhacas da mesma cor, com os mesmos desenhos, sem começar a evitar olhar para elas, ou a fazê-lo com desdém, porque não tenho dinheiro para as fazer duas ou três vezes num mês nem concebo ir vender o cu para andar com as garras bonitas.

E bateu aquela saudade das minhas unhas pretas, de verniz sempre estalado, e peles à volta; é uma imagem muito pouco bonita e ainda menos feminina, mas é a minha própria imagem; nunca fui de perfeição extrema nem de partes intactas. Sou um todo estranho e absolutamente desarranjado mas já não quero saber. Prefiro essa maneira aleatória de ser, sem planos, sem regras e, sobretudo, sem pretensão de parecer imaculada. Não sou, nem quero ser.

ouve-se aqui de vez em quando

my spirit is free but i'll keep loving you.

E podia muito bem ser a banda sonora de um fim de semana complicado.

oh last friday night

Deus existe e é porteiro de uma discoteca - percebo isto de cada vez que ouço algum a dizer que o preço da entrada é consumível.

sexta-feira, 13 de março de 2015

opá

É só uma noite fora mas eu sinto que fiz a mala para duas semanas - sério, eu sou aquele tipo de gaja que vê três formigas, duas aranhas e um unicórnio, e leva-os na mala para o caso de serem precisos. Não há condições.

quinta-feira, 12 de março de 2015

aquelas coisas que eu achei que nunca ia entender

agora sou um astro no arrasto,
 para muitos é currículo, para mim é cadastro.

 Mas, de repente, fez-me sentido. Ah pá. As pessoas mudam mesmo.

sempre fofos

Acho adoravelmente inocentes todas aquelas pessoas que acham que pintar o cabelo de preto azulado é a aventura de uma vida - não é. Digo mais: é só a pior merda quando se quer voltar a cores claras mais tarde porque o preto não vai de modas e nada de sair quando nos apetece.

Além de que preto azulado é preto. Os reflexos azuis notam-se uma vez na vida e outra na morte - e, acreditem, já tive uma experiência com um preto arroxeado e o roxo, praticamente, só se fez notar quando me aplicaram a tinta e eu demorei umas três lavagens a deixar de parecer uma beringela. Depois disso, preto, pretinho, pretão, e os reflexos duravam ainda menos do que os meus momentos de produtividade.

quarta-feira, 11 de março de 2015

ambiguidades

Se, por um lado, eu sou aquela chata que, nos trabalhos de grupo, acaba a parte dela a tempo e a horas e passa o resto do tempo a apertar o cu aos preguiçosos, por outro lado, podem apostar, qualquer trabalho individual é feito na noite antes da entrega. Podia ter-me dado para pior, enfim.

esses momentos felizes

Nada se equipara à felicidade de encontrar o post de determinada blogger - daquelas bem nojentinhas - a gabar-se de ter perdido 6,5cm de cintura em 16 semanas de treino com, supostamente, o melhor pt do mundo, quando eu, lontra gorda profissional, perdi 7cm em 4 semanas. 


terça-feira, 10 de março de 2015

letters

Trouxeste-me a felicidade dos tolos apaixonados embrulhada num pano velho; está tudo tão errado à nossa volta que me parece que só nós fazemos sentido, e deixamos de o fazer assim que tocamos a realidade. Somos nada mas entregaste-me um sorriso e eu levo-o para todo o lado - percebi que não era como eu pensava, que vale a pena entregar-me ao descontrolo e gostar como se gosta sem se provar o amor em pequenos travos; se é para gostar, que se traga a travessa cheia e que se sorva antes que arrefeça; nunca adianta guardar para depois. 

Não sei se vou ter tempo de te amar - pelo menos, não como eu sempre acreditei que se amaria, com o para sempre na ponta da língua e no topo do coração, com os sonhos entrelaçados e as mãos a guardarem o calor uma da outra, dia após dia, mesmo quando desenlaçadas, mesmo quando distantes, desde que decidimos caminhar lado a lado, até darmos por nós, de cabelo grisalho a pensar na nossa vida. Até darmos por nós e já ser a altura da partida e, mesmo assim, pedirmos, por mera compaixão, mais cinco minutos para esgostarmos o amor porque uma vida inteira não bastou. Não sei se vou ter tempo de te amar e então amo-te antes do tempo, amo-te em adiantado mesmo não te amando, porque é isso que se faz o que não se pode fazer: faz-se na mesma. 

Assusta-me a falta de amanhãs - não sei o que seremos ou se seremos. De nós, não sei mais do que aquilo que fomos ontem e o que somos hoje que, na falta de melhor, invento à pressa para não me perder. Há dias em que nos vejo como um saco roto que continuamos a tentar encher de farinha - outras vezes vejo-nos já remendados e quase prontos para o que der e vier - também não sei qual dos dois somos ou se isto fará sequer algum sentido. Sei que tenho medo de ficar e medo de te deixar ir - tornámo-nos veneno e antídoto e não há maneira de largar este ciclo. Quero acreditar que há sempre uma maneira de sairmos vivos - e, se morrermos um no outro, que seja velhos. Que seja de amor.

ups

Eu tenho uma deficiência grave ao nível da socialização - não é por mal mas eu não nunca sei o que dizer nos momentos em que devia dizer alguma coisa de jeito. E então, quando meu amigo gay me contou que perdeu a virgindade, a única coisa que me ocorreu dizer foi:

e que tal? já te sentas?

Eu vou arder no inferno.

enerbei-me cus nerbos

Por muito que tentemos ser boas pessoas, é inevitável desejar uma caganeira descomunal, que a deixe comcu em ferida e a parecer um bacalhau seco, à gaja que parece ter decicido pagar as contas de, no mínimo, oito anos seguidos no multibanco à nossa frente.

E eu chateio-me, pois chateio.

segunda-feira, 9 de março de 2015

cinderella goes to the gym

No topo da lista dos sítios onde eu, claramente, nunca vou arranjar um namorado que não seja ceguinho das duas - ou das três -  vistas é no ginásio.

Sério, senhores, eu devo ter feito muito mal a alguém noutra vida porque parece que não andam lá gordos e que mais ninguém começa a jorrar suor por tudo quanto é poro; e então, eu hoje esqueci-me de comer. Não me perguntem como aconteceu, mas esqueci-me de lanchar e fui para o ginásio. Os vinte minutos de anda-corre-rebola da passadeira foram pacíficos, mas, quando parei, ia desmaiando.

Foi assim que eu acabei de pernas para o ar, assim em jeito de prece invertida, na sala ao lado. E foi assim que o gajo mais gostoso, tipo aqueles ai-jesus-que-eu-ia-lá-e-não-voltava aka juro-que-se-olhas-para-mim-a-minha-roupa-popica-tipo-poing-poing-poing, me encontrou. Riu-se e perguntou-me se se estava bem; podia ter-me queixado mas estava francamente melhor naquela altura. Ri-me também.

Então, teimosa, atestei o bucho com água com açúcar e vai de cumprir o plano até ao fim porque eu sou moça de raça e não sou de me ficar à primeira indisposição; havia de acabar aquilo nem que fosse a rastejar. E acabei. Acabei mas, a dada altura, era só eu e três mocinhos - o gostoso e outros dois que também se comem bem sem pão - naquela sala. E o único exercício que me faltava era aquele em que eu tinha de virar o cu para o céu, também em forma de prece do nalguedo residente, e levantar os pesos com as pernas.

Isto foi tão ou mais desconfortável que ter três ginecologistas a olhar para sítios que geralmente não veem a luz do dia. É só.

dramas de uma vida

É do conhecimento geral que a minha autoestima ficou no útero e eu nunca cheguei a conhecê-la - é também certo e sabido que, qualquer que seja o elogio que me façam, eu sei contorná-lo com oito defeitos porque, em suma, eu detesto-me quase tanto quanto detesto a maioria das pessoas.

Por qualquer motivo, nos últimos tempos toda a gente parece ter-se lembrado de elogiar o meu sorriso; que tenho os dentes perfeitinhos, que tenho um sorriso bonito, que isto e que aquilo. Eu rio-me sempre com ar de quem sabe que este é aquele tipo de elogio à laia do és-feia-mas-és-boa-menina, e respondo que não é bem assim, que tenho os dentes um bocado tortos e um dente anão, vá. um bocado mais pequeno do que os outros, fruto da minha pequena particularidade  (dente esse que, supostamente, nem iria nascer e assim ao jeito de vingança até me nasceram dois, mas não há que temer porque a situação já está normalizada). Claro que este é só mais um dos mil e um motivos que eu arranjo para não gostar de mim mas ainda me deixa espantada que haja gente que diga que nem reparou. 

Como assim, não reparam? Como assim, dizem que tenho um sorriso bonito sem repararem exatamente na primeira coisa para onde eu olho quando o vejo? Como assim não veem que sou horrível? E então eu não entendo. Eu nunca entendo.

domingo, 8 de março de 2015

o veneno

Confesso que, a uns meses de completar vinte anos, ainda não me habituei à ideia de falar de mim mesma como mulher, de me considerar mulher, de me ver mulher. Talvez seja mimo, mas ainda me apetecia ser menina mais uns tempos, ainda preferia comemorar o dia da criança e voltar para o colo da minha mãe. A dor de sair de lá e enfrentar o mundo pelo próprio pé deve ser mais ou menos a mesma que os bebés sentem quando respiram pela primeira vez - mas não há nada a fazer. Agora, o mundo é nosso.

Mesmo assim, não marquei presença em nenhuma das inúmeras comemorações, de norte a sul do país, do dia da mulher. Para vos ser franca, acho que lhe tenho uma espécie de alergia semelhante à que sinto pelo amo-te; está tudo tão banalizado que deixa de fazer sentido. Não é isto. Não é assim.

O dia de hoje foi, sobretudo, sobre mulheres e mais mulheres a publicarem imagens em tudo quanto é rede social, a identificar irmãs, primas, tias, amigas e aquela vizinha mesmo chata do 3º esquerdo, só porque, hoje, todas nós que levamos uma vagina para todo o lado, somos amigas, somos farinha do mesmo saco, camaradas de uma batalha qualquer. Salienta-se aquela propensão para a generalidade de nós jorrar sangue pelas partes baixas durante vários dias, todos os meses, bem como a capacidade de cuspir monstrinhos de berço por essas mesmas partes, coisa que eles, os otários dos homens, parasitas da sociedade, não podem. Porque hoje, só hoje, é suposto fazermo-nos de superiores, olhá-los de cima porque sofremos mais, porque a genética nos tortura, porque a nossa vida é difícil.

O dia das mulheres é sobre um bando de mulherzinhas enfiadas num salão com música ambiente a jurarem a pés juntos que não precisamos deles para nada enquanto apalpam o cu a todos os empregados de mesa que passam por elas e lhes dão a entender que era só eles quererem e lhes saltavam em cima. É sobre um grupo de mulheres que acham que não é preciso haver um casamento para se organizar uma despedida de solteira e lá andam as piadas ordinárias, o strip masculino e as bandoletes com a pila a dar a dar no alto da mona. É, essencialmente, sobre um grupo de mulheres que acha que é preciso ser-se uma aluada para se divertir e que é isso que nos dá a nossa condição de fêmeas.

Não ouvi ninguém a falar da igualdade de direitos. Não vejo ninguém a tentar mudar o nosso mundo durante os restantes 364 dias do ano. Ninguém pensou nisso; só se quer comemorar porque hoje é o nosso dia e pouco importa o que isso significa; importarmo-nos para quê? Não muda nada. Não faz mal que nos pisem, que nos inferiorizem, que nos metam todas no mesmo saco e que nos achem umas putas - até porque, no nosso dia, é exatamente a  isso que gostamos de brincar. Pelo menos, a maioria.

feliz natal a todos, alforrecas!

É só para quebrar a monotonia do feliz dia da mulheeeeeer! como se não fôssemos mulheres durante todos os dias do ano. Como se não fosse suposto sermos felizes em qualquer outro dia. Como se.

Hoje para mim é natal outra vez. E para vocês também. 
Porque eu quero.

e eu sou uma pessoa que se enerva com os nervos

A principal desvantagem de ter uma família gigante e não gostar de metade é que, sim, é possível ir-se dar uma volta ao caralho mais velho e, mesmo assim, encontrar lá as tias e as primas como se fosse uma concentração oficial da real famelga.

E normalmente é sempre na parte chata e labrega da família que esbarramos. Oh vidas.

sábado, 7 de março de 2015

pânico

Dona mommy comprou uma caixinha para cuidar dos pezunhos - fiquei descansada enquanto a abri e só vi uma pedra pomes e uma superfície tipo lima, que deduzi que servisse para cuidar dos calcanhares. Só me assustei quando descobri que, tirando essa parte áspera, encontrava-se uma cena tipo ralador.

Tive medo, fechei a caixa e fugi.

sexta-feira, 6 de março de 2015

vidas tristes

Nutro um sentimento algures entre a admiração e a inveja por aquelas pessoas que, de cada vez que ouvem o típico «vai querer o número de contribuinte na fatura?», o começam a debitar orgulhosa e fluentemente como se o fizessem desde o útero.

Seriously. 
Eu ainda tenho de ficar a pensar até acertar no meu número de telemóvel. Eu ainda fico perdida a olhar para o meu cc até me lembrar de qual daqueles números é o meu número de contribuinte. (Eu ainda não distingo a direita da esquerda.)

cinderella goes to the gym

A minha pt juntou-se à lista interminável de pessoas que dedicam a vida a tentar matar-me - pelo menos foi o que eu pensei quando vi as alterações no meu plano.

Não é que eu seja fraca ou coisa que o valha, porque eu sou uma camionista machona que já levanta pesos desde os três meses, mas foi particularmente humilhante ela mandar-me levantar 25 kg com as pernas quando eu mal conseguia pegar no peso de 20kg para levar até à máquina. Achei que ia cair para o lado a meio e quinar mesmo ali, mas aguentei-me firme e, surpreendentemente, hoje consegui sair de casa sem andarilho. 

quinta-feira, 5 de março de 2015

rituais

Quando dei por mim, tinha os pés na areia e as lágrimas nos olhos - fujo sempre para a praia quando as coisas em terra me parecem mais tempestuosas do que o mar revolto; há um prazer secreto em não saber ao certo qual de nós é o mais descontrolado.

Não me cheguei a sentar; há muito tempo que deixei de ser o tipo de pessoa  que não consegue virar as páginas do calendário por ter medo de deixar de olhar para as datas importantes circundadas a amarelo, mas continuo com elas bem presentes na minha memória. Não sei esquecer-me. Não sei deixar de me lembrar. Por mais que tente despegar-me desse lado eternamente saudosista inerente aos portugueses, não sei deixar de  o ser.

Quando dei por mim, tinha os pés na areia e as lágrimas nos olhos - não era o mundo a desabar, eram os meus muros a ruir, um a um, vencidos pelo cansaço. E depois eram as recordações a assolarem-me a memória; não sei separar sítios de pessoas nem sei deixar de sentir saudades nos sítios onde já fui feliz. Acho que foi isso que senti hoje - saudades. Não dele, mas do que eu sentia antes de os meus muros se terem tornado inúteis, antes de me arrastar pelos dias com um pesar cada vez maior e que eu não sei justificar. Por não saber de mim.
E então sim, o mundo desabou.

terça-feira, 3 de março de 2015

cinderella goes to the gym

Fiquei orgulhosíssima de, num mês, ter conseguido de passar de três pranchas de 35 segundos (aldrabadas, nos primeiros tempos, cheguei a fazer uma só de 19, shhh) para uma de 60 e duas de 70 segundos - sério, pareceu bom. O problema é que durante o resto do treino, eu parecia uma sexagenária com reumatismo e juro que nem no primeiro treino eu me senti tão não-é-suposto-andar-na-passadeira-com-um-andarilho-pois-não?

E depois ocorreu-me de que de facto uma pessoa não pode esperar estar na melhor das formas quando tem as entranhas contorcidas e a esvairem-se em sangue e se esquece de dormir há dois dias. Doem-me músculos que eu nem sabia que tinha.

aguentem-se

Já sei que se vão queixar, que música nos blogs é estúpido e o diabo a quatro, mas o blog é meu e apetece-me que tenha música - lidem com isso.

Por agora ficam com isto. Se quiserem fazer estas músicas acompanharem o vosso suicídio, experimentem abrir o rainy mood no google noutro separador e sintam-se à vontade para chorar este mundo e o outro. Comigo resulta sempre. Aliás, acho que é exatamente para isso que me meto a ouvir destas músicas.

Dias melhores virão. Espero.

segunda-feira, 2 de março de 2015

pretty much sums it up

Se se estão a perguntar se eu terei sobrevivido ao resto do dia com um início tão mau, a resposta é sim - mas acreditem que só por ser muito teimosa e insistir em não espetar um qualquer objeto pontiagudo na carótida.

Estava à espera de que o meu humor melhorasse, mas não melhorou - ao invés, ficou só mais instável e fiquei a oscilar entre o vou-só-ali-chorar-para-o-cantinho e o se-voltas-a-respirar-num-raio-de-3-km-eu-juro-que-te-mato-sem-dó-nem-piedade. Isto só para deixar um pequeno conselho: se algum dia vos derem a escolher entre lidar comigo cansada, deprimida e com o período ou entrar na jaula dos leões e vocês tencionarem viver mais uns tempos, escolham os leões. Pela vossa saúde!

E então eu tinha marcado a minha segunda avaliação no ginásio para hoje, inocentemente e sem fazer ideia de que ia ser presenteada com um despertar especial e não deu para a desmarcar; ou seja, long story short, é sempre bom ter de fazer o teste de cooper (a ideia é percorrer a maior distância possível em 12 minutos e 10 segundos, o que implica correr) enquanto tenho partes de mim que nunca viram o sol a chorar lágrimas de sangue e a implorarem-me que páre, porque sabe deus - ou vá, deus não sabe porque supostamente é um gajo, mas como é um gajo especial já deve ter ouvido falar - a dificuldade que é andar nestas vidas em dias difícieis, tal como o explicou a Me (actually, eu não costumo ler o blog dela, só li este post graças ao fb, desculpem qualquer coisinha se não for este o nome que ela usa mas desconfio de que é). E pronto, posto isto vou fazer os possíveis para não cometer o suicídio durante a próxima hora e meia só para me poder orgulhar de ter sobrevivido, de pé e quase sem dormir, a um desses dias em que mais valia não acordar.

coerência

Sou pouco dada às marcas - são-me um tanto ou quanto indiferentes e nunca fui das massas. Menos com a minha eastpak que sempre me deixou capaz de jurar que não tem fundo; é mala de guerra, aguentou livros, cadernos durante anos e anos. E, quando chega o verão, leva tudo e mais alguma coisa para a praia, só não lhe enfio um chapéu de praia e um corta vento porque não calho. Por alturas do sunset, sabe deus o que é que lá andou dentro porque, a dada altura, toda a gente tinha alguma coisa para atirar lá para dentro; desde água (parece impossível mas eu descobri uma maneira de entrar com água), carteiras, roupa, chinelos, and so on. 

Nisto tudo, o que é que não me cabe lá dentro é um dossier. Okay.

fiquei preocupada

Nunca liguei a tendências nem perdi o meu tempo em sites de moda e afins assim naquela de ver o que é que podia e devia usar para andar muito in - normalmente, ia olhando à volta para ver o que se usava e o que me apetecia usar disso que as pessoas achavam muito féshón.

Deixei-me disso quando reparei que agora a grande moda é ter três queixos, toda uma sexyness à moda do alberto joão jardim.

rescaldo do primeiro dia deste calor primaveril e da minha felicidade ao recebê-lo

Depois de uma crise existencial que se arrastou durante todo o fim de semana e que acabou comigo a chorar baba e ranho ontem à noite, devo ter adormecido por volta das quatro e passei o pouco tempo que dormi em puro sobressalto; consegui acordar pelo meio, dar mais um milhão de voltas na cama e voltar a adormecer. Para acordar oficialmente às seis.
Acordei a pensar que, do mal o menos, ia estar um dia bonito.
Não está. Está a chover e o meu cabelo, esticado às três da manhã na pura da loucura, molhou-se e encolheu. O meu rímel que, estupidamente não é à prova de água e agora pareço um panda. O meu casaco está encharcado, a gola idem, e as calças o mesmo. Dói-me a garganta e tenho o nariz a jorrar ranho como se não houvesse amanhã. Ok, talvez seja só aquele pinguito chato, mas estou triste, chateada e imensamente cansada. 

Isto sim, é uma segunda feira má.

domingo, 1 de março de 2015

portuguesíssima

Uma pessoa já anda tão farta de andar com oito camadas de roupa que, mal ouve falar em temperaturas a rondar os 20 graus, faz a festa, começa logo a pensar ir comprar um biquíni e tirar a semana para estender o cu .

atrasada mas forte, claro

Há dias em que eu acho que tenho problemas sérios, mas há outros em que eu tenho a certeza disso. Esta noite, por exemplo, sonhei que tinha ido dar uma volta com a minha avó, sabe deus onde, de carro, e tinha-o estacionado num terreno de terra batida em frente a uma casa.

Quando voltei, estava cercada; tinha carros por todo o lado e, a não ser que o dito desenvolvesse asinhas, era impossível sair de lá. A não ser, claro, que um deles saísse. E foi então que eu decidi pegar no smart e ir metê-lo na varanda da dita casa, cheia de orquídeas, assim, como se aquilo não pesasse nada e fosse comum as pessoas andarem com um debaixo do braço. Mas pior - não era um smart qualquer; aquilo encolheu tipo o autocarro cavaleiro e ficou só com um lugar. 

Pelo que me lembro das teorias maradas do freud sobre os sonhos, creio que tenho um atraso mental profundo.

ponto da situação

Estou revoltada - ler o the fault in our stars e o looking for alaska fez-me meter o john green num pedestal e achei que o papper towns ia ser qualquer coisa; ou então sou eu que preciso de finais trágicos que me levem a ter todos os sintomas de uma depressão de uma só vez. Não sei. Sei que o livro me viciou mas depois cheguei a um certo ponto em que já só queria que acontecesse alguma coisa que o fizesse valer a pena ou que acabasse de uma vez, porque estava a perder o interesse a cada página.

E pronto, eu não sou uma expert em crítica literária mas apeteceu-me vir aqui despejar veneno, essencialmente  porque tinha metido na cabeça que era desta que ia dar uma oportunidade à triologia fifty shades mas afinal acho que me apetece assim uma coisa mais trágica, daquelas de fazer chorar as pedras da calçada, e acho que me vou atirar ao wuthering heights.