terça-feira, 30 de setembro de 2014

por um triz

Sempre deixei muito a desejar enquanto exemplar feminino da espécie, daquelas que nunca sabe muito bem a quantas anda e só descobrem em que altura é que se vai dar uma explosão ao nível do útero e começar a jorrar sangue pelas partes baixas quando se apercebem de que o mau humor é um estado permanente e acabam a chorar com um anúncio ao papel higiénico.

Isto mudou quando instalei o woman log. Finalmente, tinha um sítio onde conseguia ver a quantas andavam os meus ovários e em que altura é que era provável eu engravidar. De um anjo. Chamado gabriel. Prosseguindo.

O que eu não me tinha dado conta é que a puta da aplicação deixa uma notificação a céu aberto, assim pró mundo ver, com um dia de antecedência para uma pessoa fazer um carregamento de pensos e tampões e a placa a dizer não se aproximem com tempo, antes que o holocausto se instale. Deve haver poucas coisas mais agradáveis do que emprestar o telemóvel a um amigo e aparecer escrito, em jeito de boas vindas, o seu ciclo menstrual deverá começar amanhã. Thank you. Thank you soooo much.

há umas semanas atrás

eu: estás com dores no ovário, é?
momento de silêncio
ele: deixaste-me confuso... eu tenho ovários?

Para que vejam o meu nível de sadomasoquismo, esta conversa foi tida há semanas com um rapazinho que agora me quer perfurar os orgãos vitais, com razão até, mas isto continua a fazer-me rir tanto que tive de garantir que não me esquecia nunca. Foi tão mas tão totó e tão queridinho ao mesmo tempo que... awwwn, que puta de saudades.

também é isto

Peter era simplesmente aquilo em que uma pessoa se tornava depois de se destilarem as emoções mais cruas, filtrando-as de qualquer contrato social. Se nos magoamos, choramos. Se nos enraivecemos, atacamos.

Jodi Picoult, 
dezanove minutos

isso

A palavra ficou suspensa entre eles. Nunca nada voltaria a ser normal, e ambos o sabiam. Podia colar-se aquilo que estava partido, mas se tivéssemos sido nós a fazê-lo, saberíamos sempre no nosso coração onde estavam as linhas de fratura.
Jodi Picoult,
dezanove minutos

apontamentos

Incumbi-me de tantas tarefas para tão pouco tempo livre que vai ser difícil não me desapontar - são duas da manhã e eu estou a morrer de sono, tenho poucas horas para dormir para amanhã repetir tudo de novo. Quero aterrar na cama mas ainda não posso - isso seria adiar, mais uma vez, a promessa que fiz a mim mesma, a minha vontade, a minha última oportunidade. Mas eu sei que neste momento já não me posso dar ao luxo de tirar mais um par de dias para alinhar as ideias, que estou a lidar com o agora ou nunca e não me restam folgas para deixar para depois. Tem de ser agora, já, como devia ter sido ontem. Não dá para adiar mais, não posso deixar que o cansaço me vença, mas está a ser difícil. E, mais uma vez, sinto-me demasiado insegura. Oh lord.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

e isto ainda não é nada ao lado do que será depois

Estava a ficar tão desesperada para ocupar os dias que comecei a temer pela minha sanidade mental e já só imaginava o dia em que acabava a fritar o meu próprio rim, só para me divertir.

Consegui, como já disse - agora, durante seis dias por semana, pertenço a outras terras, sou de outras pessoas, faço coisas pela vida. E, aquela que julguei ser a melhor parte, isso implica uma ida e vinda de comboio todos os dias, o que, a avaliar pelos textos deprimentes cujo cenário que lhes serve de palco é exatamente um comboio, já deve ter dado para perceber que eu adoro.

O que eu não pensei é que ele acabaria, inevitavelmente, cheio de pessoas que vão para onde eu queria ir - acho que, apesar de tudo, só hoje me deixei abater realmente por estar, mais uma vez, impedida de ir para a faculdade. Só hoje me apercebi de que estou mesmo triste por ainda não ter sido desta e que de pouco adianta fingir para mim mesma que estou feliz com a forma que arranjei para não pensar em nada.

Durante meia hora, estive rodeada de estudantes cujas conversas rondam à volta das praxes, dos professores, do dinheiro que se gasta e da latada que aí vem, e acho que só sobrevivi a outra viagem porque, quando estava a voltar para casa, sentei-me ao pé de uma velha barbuda e afundei-me num livro. Mas não consigo parar de pensar nisto. Acabei por aperceber-me de que, e apesar de isto ser quase considerado um crime para alguém da minha idade e que vive perto de coimbra, nunca meti os pés na latada e também ainda não vai ser este ano porque me estou a meter em tantas coisas ao mesmo tempo que me cheira que a pouca vida social que ainda tinha está à beira da morte e saídas só em tempo de férias e, ocasionalmente, em folgas. Isto assusta-me pra caralho porque sinto que é uma ilusão, que, de tanto me tentar manter distraída e seguir em frente, vou estagnar a minha vida e acabar por enlouquecer na mesma quando me aperceber de que todos os outros continuaram, menos eu. E tenho medo de perder os poucos que ainda tenho comigo, mas pareceu-me que me estava a perder a mim mesma e agora já não tenho a certeza de nada. Devia ter pensado nisto antes. Agora acho que mal me vai restar tempo para respirar. Pelo menos, até que eu tome uma decisão.

(e sim, eu sei que vocês não perceberam um caralho e que estou a fazer um mistério enorme à volta do que realmente se está a passar comigo mas paciência. é esta a desvantagem de não se ter um blog anónimo e haver imensa gente que me conhece a ler; se queremos falar sem deixar que os outros fiquem a saber tanto quanto nós porque, até agora, são pouquíssimos aqueles a quem contei, só nos resta expressarmo-nos por meias palavras. btw, não, não virei stripper nem prostituta.)

gajas

A insegurança é uma das mais poderosas armas auto-destrutivas - se pensarmos bem, conseguimos arranjar provas sustentáveis para o que que que seja que nos convençamos ser a verdade. Pior do que tudo: não trabalhamos com a hipótese de ser tudo mentira.

E é assim que se estraga tudo.

o mal da existência

Costumava rever o mr nobody sempre que precisava de tomar alguma decisão importante, mas depois percebi que isso acaba por ser absurdo e que não existem decisões importantes e outras insignificantes - todas, de alguma forma, fazem a diferença. E, na maior parte do tempo, nem nos apercebemos de que as tomámos e de que elas mudaram a nossa vida.

em jeito de confissão

Já tomei uma decisão e já voltei atrás outra vez; por qualquer motivo, não consigo organizar as ideias durante mais do que meia hora seguida sem que alguma coisa me volte a abalar as certezas, ainda demasiado frágeis, que vou tendo. O problema é que sei que não tenho muito mais tempo para hesitações, para estar armada em nem-fode-nem-sai-de-cima, e o que quer que eu decida fazer, tem de ser já. E, na dúvida, não o posso deixar ir sem voltar a tentar; sei que vou conhecer muitas mais pessoas e que algumas serão um milhão de vezes melhores do que ele mas, neste momento, é ele que me parece das melhores pessoas com quem algum dia me cruzei. É dele que eu quero ir atrás.

Posto isto, e porque neste momento o mail é mesmo das poucas formas que me restam para chegar até ele, acabei por ter uma ideia um bocado estranha, dois bocados pirosa e muiiito à filme; lembrei-me de uma amiga que disse que, se pudesse, se casava comigo só para eu lhe escrever cartas bonitas, e ocorreu-me que isso podia resultar. Ocorreu-me escrever-lhe sempre que os meus surtos de insanidade mental me atacassem e eu não conseguisse mais conter-me. Ocorreu-me ir-lhe contando como é que me estou a sentir da maneira que melhor me sei expressar. Ocorreu-me escrever-lhe tantas vezes quantas forem necessárias até que alguma coisa aconteça. Ocorreu-me tentar explicar-lhe, de mansinho, tudo o que ele nunca me deu oportunidade de explicar.

Sei que, provavelmente, ele não vai ligar e que fodi demasiado as coisas para ele ainda se deixar levar por meia dúzia de palavras bonitas, mas também sei que não sei ser de outra maneira. Que, se é para me mostrar exatamente como sou, como me sinto um peixe na água e dizer, palavra por palavra, como me sinto, só escrevendo - e se, mesmo assim, nada disto resultar, se ele continuar sem conseguir acreditar em mim, eu deixo o cansaço e o orgulho ganharem. Mas agora não - ainda não. Não desta vez.

domingo, 28 de setembro de 2014

isso que eu não contei

Quando descobri que tinha chumbado no exame de matemática e que, à conta disso, estava pendurada no secundário à conta de uma única disciplina, sabendo que entraria na boa no curso que queria se isso não dependesse de um exame escrito em russo, tentei não desesperar. Há sempre outras soluções, right? Pois há.

Desde aí, nunca mais parei de procurar alguma coisa que me desse uma nova oportunidade ou que, pelo menos, me ocupasse o tempo até junho do ano que vem. Acabei por perceber que, apesar de me apresentar como uma lontra sedentária, não tenho feitio para estar quieta, e estes meses serviram-me para me transformar numa fadinha do lar, mas já estou a chegar ao ponto em que aceito ir lavar escadas com uma escova de dentes, desde que isso seja um motivo para sair de casa todos os dias.

Et voilá - consegui. Não vou lavar escadas e, não sendo propriamente o que eu quero fazer para o resto da minha vida, não me posso queixar muito da sorte porque, verdade seja dita, até gosto. E vou estar em contacto com pessoas, com muitas pessoas, o que sempre dá para matar alguém ou para me apaixonar. Ou ambas. Em simultâneo.

Well, ça veut dire que o blog vai passar para segundo plano, pelo menos até que eu me acerte com isto, e vai haver posts agendados e cenas do género. Claro que isto tudo é uma questão de tempo até meter em prática o plano b que, mesmo assim, me agrada mais. Até lá, wish me luck. It's my first job.

sábado, 27 de setembro de 2014

nos dias cheios em que nos sentimos vazios

Há poucas coisas que me enervem mais do que as pessoas que se metem na minha vida - e é só nesses momentos que eu me apercebo do quão desinteressada na vida dos outros eu sou. Juro. Eu estou-me a cagar para as vidas dos outros; podiam fazer o mesmo comigo.

always

O principal motivo para isto não ser um desses blogs que mais parecem de auto-ajuda, cheios de bons conselhos e receitas para uma vida feliz, é que eu nem a mim mesma sei ajudar. Por exemplo, neste momento tenho passado os dias a tentar convencer-me de que estou a tentar decidir pelo melhor, mas sei que é mentira.

É preciso ter três coisas em consideração: o que eu quero fazer, o que eu devo fazer e o que eu posso fazer. Quanto a esta última, não levanto grandes dramas - posso fazer qualquer coisa que me apeteça porque sei que, em tempos de aflição, sou capaz de tudo. Mas entre o que eu quero e o que eu devo fazer, levanta-se um muro que eu sei que posso quebrar com um sopro mas ainda não me sinto preparada para o revelar.

O que eu devo fazer é esquecer isto tudo e seguir em frente. Deixar como está, mesmo com todas as coisas erradas que fiz e disse, mesmo com todas as possibilidades que se perdem - não somos bons um para o outro. Poderíamos até conseguir ser bons amigos, mas acabaríamos por nos matar um ao outro enquanto casal - somos demasiado complicados. Os dois.

O que eu quero fazer é esquecer-me destes dramas todos e começar do zero, como se não fizesse ideia de que, se não aprendermos a adaptar-nos, em menos de nada teremos cozinhado os orgãos vitais um do outro. Mas continuávamos vivos, só por teimosia - o que eu quero fazer, meus amores, é fazer de conta que não lhe disse coisas horríveis e ligar-lhe. Talvez não hoje, mas quando me sentir suficientemente calma para isso. O que eu quero fazer é ignorar o perigo eminente e tentar que corra bem. É pedir-lhe desculpa em praça pública, porque ele merece. É nem pensar que não seríamos bons juntos, porque quero tentar mais uma vez. Ou mil. E eu sei que isto é errado - é por isso que finjo que ainda estou a ponderar, mas sei que, mais tarde ou mais cedo, as saudades de o ouvir do outro lado vão falar mais alto, e eu lhe vou ligar. Sei que, como sempre, vou fazer o que quero, em vez do que é certo. Pode ser que acerte.

hoje

Estava à distância da chamada que preferi nem tentar fazer - ao invés, deixei que a minha cabeça cansada se convencesse de que seria suficiente voltar ao sítio onde o vi pela última vez, como se o simples facto de voltar a pisar os trilhos por onde um dia caminhámos, lado a lado, pudesse servir de uma espécie de chamamento telepático. E então, sentei-me, de olhar vazio e coração mais vazio ainda, à espera, sem esperar, que o saramago tivesse razão quando escreveu que sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.

Infelizmente, não é verdade. Ou talvez tenha sido eu quem não soube esperar o suficiente - um dia, engulo o orgulho e ligo mesmo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

engate 2.0

- o que é que eu tenho de fazer para arranjar uma namorada como a menina?

Não sabia se havia de ficar lisonjeada ou de lhe desejar, sinceramente, que nunca tivesse o azar de ter alguém como eu por perto. Na dúvida, sorri. Hoje foi o dia em que toda a gente decidiu assediar-me, geez.

dois desconhecidos

- a menina tem um sorriso tão bonito! conserve-o sempre.
- tem um sorriso bonito mas tem um coração duro. tem sempre de haver uma coisa má.

Quem me dera ter mesmo um coração duro, amigo. De certeza que era mais feliz.

era só ter mais calma

- é importante darmos um tempo antes de desistirmos de alguma coisa porque há dias em que tudo corre mal e parece não existir saída mas, no dia seguinte, acordamos com uma força renovada e percebemos que afinal até há solução. que nada é tão mau quanto parece e só a morte é que não tem remédio.

Quando uma perfeita desconhecida dirige estas palavras a mim e a mais umas quantas gajas, e eu dou por mim a levá-las para um sentido completamente diferente do suposto. Acertaram-me como flechas.

we could've had it all

Andava eu meio perdida nos meus pensamentos por uma rua qualquer quando me cruzei com um rapazinho, giro que só ele, com todo o ar de quem estava radiante ao carregar uma transportadora com um gatinho bebé, igualmente fofinho.

Dei por mim a sorrir ao rapaz e ao gato, sem saber muito bem porquê e, quando olhei para trás, ele estava a fazer o mesmo e a sorrir-me ainda. Podia ter sido amor, mas depois das minhas últimas experiências com gajos eu prefiro gatos mesmo.

se ainda aqui estiveres

(amanhã. amanhã eu estou lá - sei que, inevitavelmente, lá irei procurar por ti. por uma oportunidade para remendar o erro que cometi, por uma oportunidade de me explicar. devia ter-te avisado de que sou um quebra cabeças. um molho de problemas demasiado complicados. desculpa - devia ter-te dito que é sem mim que estás melhor, que não há diabo que me faça mudar e que eu sou demasiado difícil de entender. devia ter-te confessado que descodificar a minha mente seria o desafio mais estranho e complexo da tua vida - nem eu sei o que quero, nem eu sei onde vou. mas sei o que sinto, e sobre isso não minto. desculpa. estou lá amanhã; no mesmo sítio. e sei que lá voltarei na esperança de te voltar a ver; preciso disso. preciso de ti.)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

a puta da ironia

Fui almoçar com a prima a um café mesmo ao lado do hospital, onde se vende comida boa e super barata - comi como uma lontra, no auge da minha felicidade ao enterrar os dentes num bolo de bolacha bom que eu sei lá.

Senti-me culpada assim que abandonei o local e percebi que, mesmo ao lado, paredes meias com aquele antro de comida para lontras obesas, estava um ginásio com as portas abertas de par em par.
Fechei os olhos e rebolei. Escapei por pouco.

sobre as viagens ao ipo com a prima

Não é preciso ser-se um génio para perceber, através do relatório inicial, que o caso é grave - mas, entre consultas adiadas, exames adiados, reuniões onde não se chegou a conclusão nenhuma mas onde se descobriu que há grandes hipóteses de o cancro se ter já mestatisado, o que até era dito no tal relatório, passaram-se quase três meses e, com um bocado de sorte, a biópsia é hoje. E digo com sorte porque os enfermeiros estão em greve, e fazem eles senão bem porque não são os familiares deles que estão a morrer.

Como se não bastasse, o médico diz que o resultado demora e só depois decidem que tratamento adequado. Repito: caso grave. Três meses.
Mas dá para não desesperar?

sad but true

Segundo um estudo realizado por mim, após as últimas situações de assédio, descobri que a única maneira de alguém me achar bonita é:

- ser minha mãe;
- ser do tempo dos dinossauros;
- ter cataratas;
- ver-me apenas à noite;
- ter um atraso mental.

juro

Sinto que me passou um camião por cima esta noite e estou um milhão de vezes mais cansada do que quando me deitei. Eu nunca estou mais ou menos - ou tenho períodos muito bons ou muito maus. 

Acho que não preciso de dizer em qual estou agora. Foda-se.

esses momentos

Há alturas em que pedir desculpa já não adianta, porque dizer que lamentamos já não apaga nada do que foi dito e feito e é preciso, acima de tudo, aprender a pensar antes de falar. Mas, neste momento, não há retorno. Não há volta a dar.

Eu sei que vou voltar lá. Sei que me vou voltar a sentar num qualquer banco daquele jardim, dizendo a mim própria que só quero ficar sossegada a ler como fazia no tempo em que aquele lugar não me trazia nada em específico à memória. Ninguém. E sei que vou dar por mim a passear ao longo do paredão, a espreitar por cima do ombro de três em três segundos, na esperança de que o acaso o arraste até lá só para eu poder dizer, olhos nos olhos, em que ponto exatamente é que eu estava a falar a sério e quando é que foi a raiva a falar por mim. A culpa não é dele - entendo-o agora. Sou eu quem não está preparada para qualquer tipo de relação; estou escaldada, demasiado ferida, e não sei confiar. Sou um barril de pólvora e lamento por todo o mal que as minhas explosões causaram. Lamento por tudo o que disse, mas não posso voltar atrás. Não posso. E, por mais que me custe, é assim que estamos bem: longe.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

obrigada?

Cruzei-me com duas velhas e elas ficaram a olhar para mim - de repente, uma diz aaah, tu emagreceste tanto! como é que fizeste para perder a barriga toda?

Comecei-me a rir. Emagreci, sim, é um facto, mas nem eu sei explicar esse fenómeno porque a) o meu exercício físico não vai muito além de rebolar para um lado e para o outro e b) eu adoro comer. Respondi-lhes olhe que ela ainda aqui está toda!

Calam-se as duas por um momento. Do nada, vira-se uma para a outra:

- já se come!


nunca dar um capítulo por encerrado

Seria bom que conseguíssemos apagar as pessoas da nossa vida tão depressa quanto apagamos um número de telemóvel - mas isso não acontece. E, depois de tudo, depois de ter andado por outras paragens, nem ousei confessar a ninguém que ver fotos recentes me deixou com saudades, porque sei que não posso voltar atrás no tempo e retirar tudo o que disse. Nem valia a pena.

na margem

Dizer sempre o que pensamos pode não ser bonito mas ajuda a evitar muitos enganos - aprendi-o por mim mesma ao longo dos anos. Agora o complicado é calar-me; se me puxam por um fio da verdade, eu desenrolo o novelo todo. Digo o que devo e o que não devo, à bruta, sem dó nem piedade. Se isso faz de mim uma melhor pessoa? Talvez não, porque as pessoas não estão habituadas a lidar com a verdade, mas pelo menos posso deitar a cabeça na almofada e dormir descansada.

Entre agradar a todos e ser sincera, eu preferi ser a cabra que diz o que ninguém sabe como dizer.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

orgulho ferido

Depois de dias a deprimir pelos cantos da casa, acabei por me decidir a cortar o mal pela raíz e tratar disto como deve ser - puff puff, acabou. Recuso voltar a humilhar-me para tentar que percebam que estou a ser sincerta, como sempre estive - e então saio por cima, com tudo dito e tudo feito. Mas eu sou orgulhosa para caralho e está a custar-me, muito mais do que gostaria de admitir, lidar com a vitória do anormal que só descansou quando me teve completamente fora do caminho.

Ou ele é gay e está desesperado para tentar meter a unha no rapazinho ou tem só problemas graves do foro psiquiátrico. Seja de que maneira for, ganhou. E nós deixámos. Ou ele, vá. Enfim.
Agora é fazer de conta que nem me cruzei com nenhum deles. Estou cansada e farta de ser posta em causa. Ah pá, tchau aí que eu tenho consulta às cinco.

trying not to cry

When you leave, i'm begging you not to go
call your name two or three times in a row.

É mesmo preciso saber desistir.

bom dia bom dia bom dia

Estou dividida entre a alegria de ter recebido, finalmente, uma boa notícia e o pânico por saber que isto pode significar outro plot twist, enquanto eu ainda estou a recuperar dos últimos, sei lá, cinco, seis, ocorridos nos últimos meses. 

Posso queixar-me de tudo menos de ter uma vida chata - já estou é cansada de viver num corropio sem ser capaz de assentar. Preciso de paz.

a malvadez alheia

Quando achamos que já vimos um bocado de tudo, percebemos que há sempre algo pior para acontecer - e eu estou estupefacta com a maldade humana. Estou em estado de choque desde que percebi a que ponto é que alguém consegue chegar para garantir que faz alguém mais infeliz do que a ele próprio.

Eu estava bem. Estava mesmo muito, muito bem - conheci uma pessoa absolutamente incrível. Alguém por quem não estava apaixonada mas sabia que era uma questão de tempo; sabemos sempre quando estamos em perigo nestas coisas, e sabia que tinha ativado o alerta vermelho poucos dias depois de o ter conhecido.

Isto veio dar razão àquela ideia de que o melhor é nunca contarmos a ninguém quando estamos felizes - um suposto amigo do rapazinho conseguiu meter veneno a torto e a direito. Conseguiu convencê-lo de que eu estava a mentir quando dizia que não havia ninguém, que a minha pseudo-relação ainda não tinha acabado. Que eu era, basicamente, uma puta. Pois, eu. Claro claro. 

Não contente, decidiu envenenar-me a mim também e, confesso, mesmo já estando à espera de que ele o fizesse, ele conseguiu abalar as minhas certezas. Conseguiu levar-me. É mesmo bom no que faz, perfeito para jogos psicológicos. Em menos de nada, era eu quem já acreditava que tudo aquilo tivesse sido uma invenção do rapazinho para se livrar de mim - como é que alguém que não me conhece pode ser tão bom a acertar onde mais me dói? Não sei. Mas estou parva com tamanha maldade. Passo a vida a dizer que sou uma cabra mas, entendo-o agora, sou uma santa - sou má como as cobras quando me pisam os calos, mas sou incapaz de fazer mal a alguém deliberadamente. Só porque estou infeliz e quero que todos o sejam. Só porque me apetece.

E pensar eu que cheguei a defender o gajo - de uma cajadada só, ele destruiu tudo com o rapazinho e ainda podia ter arruinado a minha amizade com a patrícia. Como é que alguém consegue ser tão mau, tão mesquinho? 

Enviei há pouco a última mensagem ao rapaz. A última de todas - apaguei o número dele, disposta a fazer o que ele me pediu; deixei-o em paz. Definitivamente. Para sempre - porque, creio, mesmo depois de ter enviado o maior email que algum dia escrevi que, além de um texto aqui publicado na íntegra, continha outros pormenores que não interessam para aqui e que me custou não sei quantas lágrimas a escrever, com a verdade mais nua e crua que consegui meter em palavras, ele continuou sem acreditar em mim. E eu mereço melhor do que isso - foda-se, acusem-me de tudo menos de ser pouco sincera! Isso eu não admito a ninguém.

Agora é recompor-me e seguir em frente. Não tenho muito mais a fazer - juro que já imaginei mil e uma maneiras diferentes de partir os dentes ao gajo, mas eu sou meio metro mais pequena do que ele e, apesar de gorda, a minha força esqueceu-se de aparecer. Resta-me desejar-lhe um futuro cheio de hemorróidas e unhas encravadas. E, claro, muita solidão - porque há pessoas que não merecem poder chamar alguém de amigo, e ele é uma delas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

again and again

Às vezes a verdade parece ter oito mil frentes diferentes e torna-se imperativo decidir se vamos tentar escrutiná-las a todas até descobrir o que precisamos ou se nos limitamos a virar as costas e a correr na direção oposta.

Fugir é mais fácil mas nunca vai ser solução. É por isso que eu sou aquela chata que move montanhas para chegar onde for preciso ir. Alguém está a mentir - sei em quem quero acreditar mas não sei em quem posso fazê-lo. E agora? Estou cansada, tão cansada, e longe, tão longe, do fim disto.

saiam-me da frente, caralho

Não sou pela violência nem tenho tendência para ir à procura de problemas - mas tenho uma língua afiada e é realmente difícil alguém me conseguir calar.

Ora, eu estou chateada, entediada e triste para caralho, e o amiguinho adorável do rapaz, que decidiu inventar a teoria brilhante de que a minha pseudo-relação ainda não acabou, dizendo que estas eram palavras da minha rica bichinha, decidiu meter conversa para saber como vão as coisas entre mim e o moço. Está-se mesmo a ver que alguém vai sair desancado, num é? Pois. 

domingo, 21 de setembro de 2014

a cinderela foi à disneyland paris

Pois parece que sô dona R* está numa de nos deixar a todos com raivinha dos dentes e quer ir dar umas voltas ali à disneyland, e pediu conselhos. Ora, eu para aconselhar sou péssima, mas posso contar a minha experiência por lá que serve para a R* e para todas as alminhas que queiram saber mais acerca do assunto.

Decorria tranquilamente o ano de 1283 quando, num verão passado lá pelos reinos da frança, fui passar dois dias ao paraíso. Fui para lá meio com a ideia de que aquilo era para crianças e ia acabar por ser chato - em parte, estava certa. Só me enganei na parte do ser chato; é para crianças, sim, mas quem ousar sentir-se adulto dentro de qualquer um dos parques, aconselho a sair e a ir inscrever-se no lar de idosos mais próximo. Há gente de todas as idades - desde putos pequeninos e enrugados a velhos daqueles que ainda tiraram selfies com os dinossauros.

Quanto às diversões, shame on me, não tive coragem para tentar o famoso space mountain porque à entrada aquilo só me parecia uma sala de partos e eu lido muito mal com essas coisas, mas dizem que é awesome. De resto, volto a dizer, façam tudo ou, pelo menos, o máximo que conseguirem - mas, fordalobeógod, passem pelo pirates of the caribbean e pelo big thunder mountain se quiserem passar um bom bocado, sem emoções muito fortes.

No caso de serem uns sortudos como eu fui e puderem ir aos dois parques, as paragens obrigatórias são no crush's coaster e, claro, o hollywood tower hotel que é o elevador mais louco de sempre - saí de lá a tremer dos pés à cabeça, espetei as unhas no braço do gajo que teve o azar de ficar ao meu lado, mas juro-vos que hei de lá voltar um dia. É das melhores sensações de sempre.

O principal conselho que posso dar é que vão com espírito para serem putos outra vez e sintam-se livres para experimentar até mesmo as diversões que parecem já não ser para a vossa idade. Acreditem, é. E, se se permitirem a isso, vão ser muito felizes ali, como só as crianças sabem ser. Outra coisa: é tudo caríssimo dentro dos parques e, no nosso caso, preferimos levar uma mochila com comida. As malas são revistadas à entrada mas, à parte de bebidas álcoolicas, podem entrar na santa paz de nosso senhor com o farnel às costas e encontrarão diversos sítios onde é possível enfardar.

Aviso já que vão sentir na pele o significado da frustração quando se derem conta de que podem passar horas na fila para depois o bem bom durar dois minutos. Tentem não esbofetear ninguém e aproveitem as diversões que têm fast pass, que é uma espécie de bilhetes gratuitos, que podem tirar à entrada de algumas das diversões, onde vos é dada uma margem de meia hora ou uma hora mesmo, não me lembro bem, em que vocês podem passar à frente na fila e acabam por poupar muito tempo. Claro que podem tirar um fast pass para daqui a meia hora ou para daqui a três. Outro conselho útil é irem o mais cedo possível, preferencialmente logo após a abertura, para conseguirem aproveitar o máximo possível antes de começar a chover gente de todo o lado, e os parques são enormes. Torna-se complicado ver tudo tudo tudo num só dia e com tanta criatura à volta.

Já agora, eu não sei como funciona com os outros hotéis da disney mas eu fiquei no santa fé - de onde saí a rebolar depois do pequeno almoço, nossa senhoooora! -, mas, graças à nossa estadia lá, foi-nos permitido entrar duas horas antes da abertura oficial do parque e sair duas horas depois do fecho. Claro que, a essas horas, nem todas as diversões se encontram abertas mas, anyway, vale muito a pena para ir explorando e aproveitando o que já se pode fazer.

Basicamente é isto. E, mais uma vez vos digo, tenham a idade que tiverem, não percam uma oportunidade para lá ir. Agradeçam-me depois.
Have a nice trip!

siga

Eu sou essa pessoa terrível que vai pedir conselhos a oito mil pessoas diferentes, vai escutar cada um deles atentamente e, por fim, vai acabar por fazer exatamente o que lhe apetece fazer desde o início. Mesmo que isso vá contra tudo e contra todos. Não quero saber disso para nada - pelo menos até vir aquele filho da puta com o típico eu bem te avisei!, porque isso deixa-me fora de mim.

Estou-me a cagar para os avisos quando sinto que quero arriscar. Mesmo que isso seja o pior para mim - quando não se sabe o que é melhor, faz-se o que se quer e acabou. Se correr mal, paciência. Contrariar-me a mim mesma é que não.

drunk cinderella

Por causa de um problema com as mensagens, fiz um backup ao telemóvel e acabei por perder vários contactos - senti-me tão aliviada quando me apercebi de que um dos números que tinha ido com o caralho foi o do gajo com quem tive uma-relação-inominável-que-nunca-chegou-a-ser-namoro, que me pergunto como que raio nunca me ocorreu apagá-lo.

Pelo menos agora sei que não vou voltar a sair à noite, beber demais e acabar a ligar-lhe às cinco da manhã a dizer que sei de tudo e a mandá-lo foder porque, trust me, sóbria é difícil demoverem-me quando eu decido fazer alguma coisa... mas bêbeda é absolutamente impossível. E já estava na hora de me livrar de tudo o que ainda me ligasse a ele; done. Sinceramente, não podia estar melhor com isso.

sábado, 20 de setembro de 2014

a.

Sabes quando estás na prancha mais alta, cheio de vontade de saltar para piscina, mas tens medo de que alguma coisa corra mal e te fira mortalmente? Foi mais ou menos isso que senti. Desculpa - sou muito mais fraca do que quero fazer parecer que sou. Ou que quero acreditar ser.

Tu és o tipo de pessoa incrível a quem dá vontade de perguntar por onde andou a minha vida toda e reclamar uma compensação pelo tempo que perdemos até nos encontrarmos. A combinação de tudo o que eu podia pedir em alguém, e um bocadinho mais - ou dois bocadinhos. Três. Mil. Não sei.

A verdade é que nunca conheci ninguém tão genuíno e muito menos alguém que fosse capaz de me desarmar em menos de nada. A pessoa que não conheceste, a patrícia que eu era antes de ti, nunca se teria rendido em menos de nada. Nunca teria sido capaz de confiar em ti em tão pouco tempo. Mas tu soubeste domar esse lado eternamente fugitivo sem sequer te dares conta - é mesmo muito fácil gostar de ti. Demasiado fácil.

Confesso - entrei em pânico quando me apercebi de que me ia apaixonar por ti num abrir e fechar de olhos. Sabia que, por mais que tentasse oferecer resistência e obrigar-me a reparar nas cicatrizes sulcadas que ganhei de todas as outras vezes, eu conseguia aprender a gostar de ti antes sequer de ter tempo para organizar as ideias e descobrir porquê. Na realidade, os porquês das paixões são sempre o que menos importa, porque são lugares perigosos. E tu eras o perigo perfeito - nunca tinha conhecido ninguém tão sensível, tão puro, tão querido, tão simples, tão sensato. E bonito. Acho que nunca te cheguei a agradecer pela forma como lidaste comigo naquela noite - podias ter feito o que quisesses, e escolheste fazer a coisa certa. Talvez tenha sido exatamente essa a atitude que te empurrou para o pedestal mais alto onde algum dia te teria conseguido meter.

Senti-me sempre louca pela forma como me sentia em relação a ti, até ao dia em que disseste que te tinha acontecido exatamente o mesmo; parecia impossível. E, naquele dia, sentados frente a frente, eu não conseguia dizer nada porque teimo em tropeçar nas palavras quando não escritas - mas menti-te. Não era só a vergonha que me impedia de falar; estava completamente absorta nos meus pensamentos. Algum dia olhaste para alguém e sentiste-te realmente com sorte por estares ali, à distância de um braço, dela? Foi isso que eu senti naquele dia. Queria ter sabido dizer-to, mas não fui capaz - não sou boa a lidar com sentimentos. Desculpa-me outra vez mas, acredita, se eu tivesse dito exatamente o que pensava, até a cusca da mulher que não tirava os olhos de cima de nós teria saído de lá a chorar. Mas sou cobarde.

Se te estiveres a perguntar isso, sim, estou mesmo muito arrependida por tudo o que disse. E pela falta de confiança em ti que me levou a ir confirmar se era ou não verdade o que me tinhas dito - lamento ter-me intrometido nas tuas coisas. Lamento, mas a culpa não é tua - é daquela voz que vive dentro da minha cabeça e passa a vida a relembrar-me do quão feia, gorda e inútil sou. Do quanto eu não valia nada ao teu lado e do quão provável seria acabares por te cansar de mim e descobrires alguém mil vezes melhor. Também tenho os meus fantasmas - já to disse. Assim que te senti a distanciar, percebi que tinha de fazer o que sei fazer de melhor; fugir. Fugir antes que me fujam. Rejeitar antes que me rejeitem. E, sobretudo, desconfiar de todos os que digam sentir alguma coisa por mim - especialmente se forem como tu. Desculpa - já pedi desculpa? A culpa é minha, mas eu deixo-me envenenar com pouco e tudo confirmava as minhas suspeitas. Tudo me serviu como prova perfeita e eu não sei controlar o que penso. Tenho de o dizer. Sempre.

Não estou certa de que algum dia chegues a ler isto mas, se chegares aqui, quero agradecer-te. Quero agradecer-te por tudo o que, mesmo sem saberes, fizeste por mim. E, pela milionésima vez, quero pedir-te desculpa por não saber confiar. Acredita que serás a sorte da vida de quem ficar contigo - e lamento por todas as que te perderam. Incluindo-me.

Disse-te que ter-te conhecido foi um erro, mas estava a mentir - ou, se o tiver sido, acredita que foi o erro mais certo da minha vida. E eu voltaria a cometê-lo todos os dias, até ao fim. 

o que dói mais

A pior coisa que alguém pode fazer-vos é convencer-vos de que fazem diferença na vida dele, para depois vos trocar em menos de nada. Não digam não me magoes se são vocês quem vão magoar. Não digam não desapareças se são vocês que vão desaparecer.

Não digam nada, vá. Se não tiverem a certeza, calem-se. E se tiverem, também.
Ninguém merece ser levado do céu ao inferno em menos de nada.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

pois.

Tenho saudades dessa altura da minha vida em que eu não chorava todos os dias - mas sinto-me tão mal. Tão enganada, tão usada, tão iludida. Tão humilhada. É mesmo preciso fazerem-me isto?

dessa gente que não vale a pena

As pessoas dizem que vos querem ver felizes, mas nunca mais felizes do que elas próprias - e eu juro que estou pasma com o nível de mesquinhez a que alguém consegue chegar para garantir que, se ele não tem sorte, outros também não a terão.

É mais ou menos por isto que eu confio em tão pouca gente - as pessoas, no geral, não valem nada. E, meus amigos, se estiverem felizes, não contem nada a ninguém. Deixem-se ficar caladinhos e nem se mexam muito - há gente para tudo.

Se eu não fosse capaz de meter as mãos no fogo pela minha rica bichinha, provavelmente a esta hora já lhe teria arrancado o fígado e dado aos porcos. Temam pelo desgraçado que nos meteu em causa.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

antes de ir

Sou do inverno. Lembro-me disso todos os anos mas esqueço-me durante a felicidade dos dias de sol em cada verão. Sou da chuva a fustigar as janelas e do vento a fazer-se ouvir como um assobio; sou dos relâmpagos a entrecortarem os céus e a fazerem-me lembrar do quão pequenos e inúteis somos num mundo que julgamos dominar, e do som do trovão, ao longe, como uma promessa de que tudo vai passar. Sou dos lábios gretados e das pontas dos dedos insensíveis de tão frios que estão - e de um coração que, de tão gelado estar, se vai podendo enganar aos poucos e convencê-lo de que está feliz.

Sou das labaredas a beijarem os tijolos da lareira e do crepitar de um fogo que me leva sempre para uma infância inocente e feliz, antes de ter sido capaz de compreender o que se passava comigo e de que forma isso me iria perseguir a vida toda. Sou do mau tempo assim como sou um furacão em pessoa - ou tento ser, pelo menos. E é em dias destes que me lembro disso e percebo que há coisas piores no mundo e que, o que para a maioria das pessoas é um dia horrível, para mim é um dia mais bonito e reconfortante do que qualquer outro ensolarado de agosto. As coisas não vão bem, é certo - mas eu sou por este mundo, sou por estes dias, e aconteça o que acontecer - já tive dias mais tristes.

deu-me para rir

Há os que colecionam moedas, os que colecionam iqueiros, os que colecionam borboletas, os que colecionam selos.

E tu, patrícia, o que é que colecionas?

Os cartões de marcação de consultas dos hospitais.
Só me falta um nesta zona.

em surdina

A música, o livro, os embalos do comboio e a tempestade a instalar-se do lado de lá da janela. Meia hora a sós com os meus pensamentos e a esperança de que não seja só a tempestade lá de fora a resolver-se; neste momento, esperança é tudo o que me resta.

E é pouco mas, na falta de melhor, quase que me serve para ser feliz.

i dare you, freud!

Estou mais ou menos certa de que os meus sonhos fazem o amigo freud esbofetear-se a ele mesmo lá na tumba, só por ter sido parvo e achado que os sonhos tinham sempre explicações lógicas.

Numa única noite, consegui ter os sonhos mais absurdos de sempre - que foram desde o sonho dentro do sonho em que me estava a sentir mal, mais o pássaro em forma de espanta espíritos e o momento em que dou por mim, sentada à mesa de um restaurante qualquer a comer bolo de bolacha, de pijama e com uma mama de fora.

Eu sou atrasada.

dando a mão à palmatória

So i sit and i realise
With these tears falling from my eyes
I gotta change if i wanna
Keep you forever
I promise that i'm gonna try

Nunca pensei que um dia me ia render a uma música da jessie j, mas esta é tão bonita e diz tanta coisa. Oh hell.

isso

Na maior parte do tempo, eu estou-me a cagar para o que os outros pensam de mim e tanto me faz que gostem ou não - mas, de repente, dei por mim completamente desesperada para que alguém acreditasse na minha palavra. E descobri que me magoava que ousassem sequer desconfiar.

Admito que me apontem todos os defeitos e mais alguns, menos que me acusem de ser pouco sincera. Isso eu tenho a certeza absoluta de que não sou - aliás, na maior parte do tempo, sou-o em demasia e nem sempre isso joga a meu favor. E se há coisa sobre a qual eu não mentiria é em relação ao que sinto - sabe deus as doses industriais de orgulho e de insegurança que eu tenho de engolir só para assumir que alguém mexe comigo, quanto mais dizê-lo da boca para fora, só porque sim. Pois sim, claro.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

a espiral de auto-destruição

De cada vez que me apego a alguém acabo por me relembrar exatamente do porquê de não gostar de me apegar - invariavelmente, sou eu a que se fode. Sou eu a que tenta sempre ser brutalmente sincera e, mesmo assim, sou eu quem acaba a chorar - acho que ainda espero que algum dia as coisas me corram bem e não acabe por me aperceber, tarde demais, que estão outra vez só a brincar com os meus sentimentos.

Os últimos meses têm sido uma loucura - as últimas semanas, ainda mais. A não ser que eu seja a reencarnação do hitler e esteja a pagar por uma vida passada cheia de pecado, não mereço metade do que me tem acontecido. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

desses dias

Sinto-me a cair num poço sem fundo. Um poço que eu própria escavei, durante meses e meses, sem me aperceber de que as coisas boas ainda me pesavam mais nas costas e ainda me afundavam mais depressa. E aqui estou eu; para variar, sem chão.

Talvez isto aconteça a todos, de vez em quando. Ou talvez tenha sido só de mim e tenha sido precisa muita presunção da minha parte para achar que havia uma maneira de acabar com este ciclo vicioso. Para que as coisas fossem diferentes, seria necessário eu ser diferente, mas não sou. Nem há grande esperança de mudar. E de nada me adianta tentar dizer a mim mesma que não merecia isto e que a culpa não é minha; se-lo-á sempre, para sempre. É em mim que o mal começa e, inevitavelmente, acaba. 

Neste momento, preciso de fazer aquilo que sempre fiz de melhor - fugir de toda a gente. Ausentar-me de todos os lugares. Não ocupar espaço na vida de ninguém. Ser só e unicamente por mim mesma. Talvez isto signifique mais uma pausa no blog, ou talvez acabe por voltar aqui mais tarde quando já não souber o que mais fazer com os meus pensamentos. Agora não. Agora é um até já, antes que sufoque. 

num desses dias em que aprendi a odiar-me mais.

Gostava mesmo de conseguir ser tão feliz quanto tento convencer os outros de que sou. Ou tento convencer-me a mim mesma - mas é verdade; a minha vida é só uma sucessão de dias onde acontece tudo e mais alguma coisa para que no fim, invariavelmente, eu saia magoada. 

Há pessoas que nascem condenadas, quer queiram quer não. Há pessoas que, por muito que tentem achar-se a última bolacha do pacote, vão ser sempre a mesma merda descartável e insignificante. Há pessoas que, por muito que tentem vincar uma personalidade, são tão burras quanto as outras e deixam-se iludir com pouco. Há pessoas que, por mais que tentem, não valem nada. E eu sou uma delas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

les miserábles

A prova de que os deuses se uniram contra mim é que, ultimamente, me lixam sempre. Ou saio de calças e está um calor infernal, ou saio com roupa fresca e acabo enregelada até aos ossos. 

Hoje decidi ir de vestido e de sandálias e um um casaco fino - estava eu sentada à beira da praia, há mais de uma hora num estado de deprimência sem precedentes, a chorar baba e ranho sem um motivo em concreto - ou, mais uma vez, com mil motivos mas todos eles fora do tempo -, quando começou a chover. Primeiro, meia dúzia de gotas perdidas. Depois, um dilúvio. E lá estava a patrícia, de novo em marcha em direção a algo indeterminado, ainda de lágrimas nos olhos e a tomar o banho público de forma involuntária, mas demasiado estúpida para se meter a correr em direção a um abrigo que, só por acaso, ficava longe.

E foi assim que eu acabei a protagonizar uma cena que podia ser de um desses filmes lamechas em que tudo corre mal e uma pessoa fica ali a amaldiçoar a vida, avançando pela avenida com ar de prostituta drogada e infeliz, debaixo de uma chuva intensa, mas na maior das calmas como quem diz gosto mesmo disto e o meu maior sonho é apanhar uma pneumonia. Sinceramente, só me apercebi do que estava a fazer quando vi um carro abrandar ao meu lado e, lá dentro, um polícia a observar-me com todo o ar de quem se disponibiliza para me arranjar um bom psiquiatra.

parecendo que não

[não importa quantas vezes eu diga que sou fria e insensível - a minha vulnerabilidade começa no mesmo momento em que alguém consegue mexer com os meus sentimentos. transformo-me noutra pessoa, nem sempre melhor, e perco-me por aí. perco-me num mar de sonhos e noutro de medos, e volto a ser a menina desajeitada que tropeça nas palavras e nunca sabe bem o que fazer a seguir. de tanto medo de falhar, falho sempre. falho mais. e lamento isso - quero tanto aprender a fazer as coisas certas. quero tanto acertar-me. e sinto as entranhas a contorcerem-se numa dança frenética de cada vez que me imagino a ter, finalmente, a oportunidade de o abraçar. mesmo sabendo que o mais provável é eu estar demasiado nervosa para o fazer. mesmo sabendo que teria medo de sequer lhe tocar sem ter a certeza de que podia. mesmo estando certa de que nesse momento nem do meu nome me conseguisse lembrar - eu tenho tanta, mas tanta vontade de abraçar aquele rapaz que o mais provável é cumprimentá-lo e fugir a seguir. nunca soube lidar com um coração acelerado.]

domingo, 14 de setembro de 2014

lil snake

Eu gostava de ser normal nalguma coisa, mas nem a minha temperatura corporal consegue disfarçar - sentia-me como se tivesse febre. Tinha 35,3.

isto sou eu

Eu aguento-me a rir e a fazer piadas sádicas no meio do holocausto, quando há gritos e dramas e horror everywhere, como se a minha vida fosse a melhor de sempre. E aguento-me assim até ao dia em que estou tão esgotada de fingir que estou bem, que acabo a chorar compulsivamente pelo motivo mais absurdo que possam imaginar.

Foi o que aconteceu hoje.

normalidade vs patrícia

Estão a ver aqueles bocados de lima no fundo de um copo de caipiblack?
Eu como-os.

sábado, 13 de setembro de 2014

faço disto vida

Quem ficar mais vezes doente durante o ano, ganha!, disse o diabo. Pelo menos, deduzo que tenha dito. Assim como deduzo que vá na frente da corrida. 

Nem sei se me meto a dormir para ver se me passa a dor de cabeça ou se me mantenho acordada antes que comece a vomitar tipo a miúda do exorcista. Balhamedeus.

o problema é mais ou menos este

Há momentos em que me apetece mesmo testar aquilo de desligar o telemóvel durante uns tempos e não dar sinais de vida a quem quer fosse, de forma alguma, para ver se alguém se preocupa. O único problema é que eu podia ter o telemóvel desligado durante três semanas e, quando o ligasse, provavelmente teria uma única mensagem da vodafone a dizer-me que fiquei sem mensagens grátis.

Mais vale nem tentar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

shhhh

[sinto-me uma estranha em mim mesma, como um novo eu acabado de chegar aqui, ao corpo onde algo se perdeu - e foi a melhor perda da minha vida, posso jurar-te. não me reconheço, já nem sei bem quem sou, e essa é a melhor sensação de sempre. o imprevisível. o depois logo se vê. o eu não quero saber. teremos enlouquecido? provavelmente - que sentido faz isto? que sentido fazemos nós? mas vale a pena continuar a construir castelos de areia. de areia não, de ar - amanhã passamo-los para o papel e depois construímo-los de cimento, com os alicerces necessários para que não ruam como o chão que agora pisamos. havemos de conseguir. tijolo a tijolo. passo a passo; não tenhas medo, eu também não sei para onde estamos a ir, mas sei que quero arriscar. vale a pena ir devagar se nos estivermos a dirigir para onde podemos ser felizes, não é? e, se ao invés disso, estivermos a encaminhar-nos para o inferno, também podemos dar um jeito de o tornar numa espécie de paraíso privado. podemos, não podemos? podemos tentar? não paramos aqui. não fugimos, não nos desviamos. eu não me quero ir embora daqui sem ti. não me largues a mão, por favor. fica comigo. amanhã podemos já estar longe ou podemos estar no mesmo lugar - mas isso não importa. juro- e isto é uma loucura - que não me importo realmente do sítio onde estaremos, desde estejas ao meu lado. e se tudo ruir debaixo dos nossos pés outra vez, saltamos. mas saltamos juntos.]

crónica da inocência perdida

Eu também fui dessas pitas que ficaram viciadas na dialetos de ternura e, no pico dos meus dez, onze anos, eu achava que ouvir essa música no máximo, com os fones mas de forma a que todos ouvissem, era fixe.

O problema é que só há uns meses é que percebi que a cantei mal o tempo todo. Era só eu que percebia ela passa o dedo na racha e diz "queres que a lave?"

só para apontar

Por ter conhecido de perto casais que chegavam a níveis mórbidos de ciumeira, prometi a mim mesma que nunca nesta vida me havia de deixar envolver com alguém em quem não fosse capaz de confiar completamente, ou acabaria por ter de engolir cada merda que disse acerca das obsessões e cenas. 

Isto funcionou parcialmente - mas dei o benefício da dúvida. Deixei-me levar por essa ideia de que fosse verdade, que talvez a confiança tivesse de ser construída pecinha por pecinha, como se a tivesse roubado no ikea e tivesse perdido o manual de instruções. 

Em menos de nada, eu tornei-me a gaja mais stalker que vocês possam imaginar. Já era - shame on me, uma pessoa tem de fazer pela vida - mas, em menos de nada, só me faltava mesmo descobrir qual era o tom da base que a mocinha de quem eu desconfiava usa. E percebi nessa altura que não estava minimamente feliz com aquilo que estava a construir. Ou a tentar.

A minha mãe diz que desde pequena que é difícil fazerem-me voltar atrás; ou é ou não é. Se não gostar, se não confiar, se não me apetecer, à primeira, é muito difícil que algum dia o venha a fazer. E foi exatamente isso que aconteceu; não era de mim, percebi-o mais tarde. Há realmente pessoas em quem eu consigo confiar facilmente, mas ele nunca foi uma delas e nunca seria.

Alforrecas, passou-se uma semana desde que, literalmente, eu o mandei foder e juro-vos que foi um dos melhores presentes que dei a mim própria. Por muito que até  possa estar a ser injusta com ele, por muito que a intuição me tenha falhado desta vez e tudo isto seja um disparate, nunca resultaria durante muito mais do que um par de horas seguidas e, sinceramente, há gente muito melhor neste mundo. Às vezes nem é preciso procurar muito.

o copo cheio e o início da tempestade

Cinco minutos de felicidade e três mil de insegurança. Não dá. Sou demasiado merdosa para isto, por mais que queira acreditar que não. Por mais que tente acreditar que também me foi reservada uma percentagem de coisas boas a acontecer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

reconstituindo a noite de sexta, fragmento a fragmento*

- sou o joão.
- odeio joões! são todos uma merda. 

*também responde à pergunta porque é que não tens amigos, patrícia?

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

então e agora?

Sente a música, deixa-te levar, disse ele. E eu deixei. Não é bem como se eu me lembrasse, mas ele diz que eu dancei mesmo mesmo bem. O problema é que eu continuo dividida entre o choque e o pânico - nunca gostei de kizomba e nunca tive jeito nenhum para danças a dois. Aliás, nunca tive jeito nenhum para dançar, no geral, mas na zumba sempre é na paz porque a probabilidade de eu pisar alguém provocar o esmagamento é relativamente pequena e não se nota que sou uma lontra obesa e desajeitada. Mas kizomba? Lord, nunca nesta bida eu achei que um dia me apanhariam nessa.

O problema é que ele gostava de repetir e, mea culpa, não nego que eu também - não vale pela música, vale pelo par -, mas estou no maior dos dilemas de sempre; se a única vez que eu dancei kizomba tiver sido durante a pior bebedeira que apanhei até agora, há alguma probabilidade de eu saber dançar sóbria?

XY, please

Por mim, virava uma mulher das cavernas e nunca mais nesta puta desta vida eu sofria com depilações - o problema é que não tenho feitio para me transformar num chewbacca confortavelmente mas ainda não encontrei uma maneira de me desfazer da pelagem sem ficar a amaldiçoar a porcaria do cromossoma x que o meu pai me deu.

Portanto, para esta tarde temos um filme de terror chamado tenho a cera a aquecer, seguido pelo filme vou andar uma semana a limpar o chão do quarto. Balhamedeus.

thank you.

Há momentos em que parece que somos salvos pelo gongo. Em que, no último momento, na última passada em direção ao abismo, há alguém que nos dá a mão e nos mostra um caminho diferente. E talvez, mais tarde ou mais cedo, essa pessoa nos magoe como todas as outras, mas vale a pena arriscar - pelo menos por um bocadinho, serviu-nos de anjo da guarda.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

less is more

Por mais que tente, nunca vou conseguir perceber como é que alguém é capaz de sair à noite com uns saltos altos gigantes e uma daquelas malinhas conas que têm de andar na mão, mais um trilião de acessórios e cenas. Pode ser muito bonitinho, muito fofinho, muito ai jesus que eu sou tão chique, mas eu quando saio à noite é para, literalmente, dançar até de manhã sem parecer uma árvore de natal ao vento e a única coisa que não me importo de ter na mão é um copo. De preferência, cheio.

O resto logo se vê.

ser eu é isto

- sofiaaaaaa!
- ohhh, olha a minha francesa!
- então perdeste-te cá por portugal?
- olha a mana mais nova está cá!

Foi mais ou menos assim que decidi começar a usar uma plaquinha com a minha identificação em todos os sítios onde possa encontrar gente conhecida, assim naquela de, pelo menos, conseguirem fazer de conta que já sabiam da minha existência. Afinal, 19 anos são um piscar de olhos e é mais ou menos normal que ninguém saiba que existe uma patrícia e passem a vida a confundir-me com a minha tia. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

over and over again

Não dizia que se avizinhava o milésimo plot twist do ano? Et voilá. Depois anda aqui a patrícia toda desorientada e sem saber para onde se virar. O que é que eu ando a fazer à vida?

domingo, 7 de setembro de 2014

na sexta

Acabei a noite com a bicha e mais três rapazinhos mas, como um estava a arrastar a pata para a bicha, fiquei até às seis e meia a falar ininterruptamente com os outros dois. Tenho a sensação de que me repeti mil vezes e de que eles se aperceberam do meu atraso mental - não me lembro de metade, mas sei que lhes disse que me chamava ernesto e era trolha.

Não me lembro de, em algum momento, lhes ter dito o meu nome verdadeiro.

agora eu fiquei doce

Achei que ia ficar toda ressabiada hoje, quando começasse a avalanche de estados sobre as faculdades onde entraram e eu a ter de me candidatar a stripper porque sou demasiado burra para a faculdade. Mas a verdade é que não estou chateada - estou super feliz pelos meus meninos que entraram onde queriam. 

Eu posso não saber ao certo o que vai ser de mim por enquanto, mas sei que tenho um plano e, nesta altura, resta rezar para que corra tudo bem. A ver vamos.

sábado, 6 de setembro de 2014

num bebas auga

Confesso - quando a música acabou e o rapazinho me pediu o número, eu estava tão atordoada lho dei sem oferecer grande resistência. Actually, eu queria voltar a vê-lo; ele era giro e foi super simpático. Porque não?
Para facilitar, pedi-lhe que me mandasse um toque. E ele mandou. Gravei o número com o nome.

Em menos de nada, tinha começado a avalanche de mensagens mas, talvez devido ao meu estado, só horas depois é que eu reparei que o número com que ele me enviava sms não era o tal que eu guardei com o nome dele.

Foi mais ou menos nessa altura que eu me apercebi de que não faço ideia de quem é o número que adicionei aos contactos com o nome dele, ou se terei trocado o nome em algum contacto já existente. Só sei que, quando liguei, quem atendeu foi uma mulher.
Se tudo correr bem, não se chama alexandre.

welcome to the jungle

Eu acho que vou encerrar este verão com uma inscrição nos álcoolicos anónimos - juro que nunca fui dessa gente que bebe para esquecer, mas sabe deus o quão fodido é sair à noite deprimida, a música ser uma merda e uma gaja poderar cortar os pulsos no meio daquilo. E então, iniciam-se as excursões ao bar, o que tem acabado sempre mal para o meu lado.

Acabei agarrada ao telemóvel, claro está, a ser eu própria e a dizer tudo o que tenho calado de enxurrada, bruta que só eu, com três mil chamadas pelo meio e oito mil vai-te foder. Ia chorando, senhores, ia chorando com o encerramento oficial de um capítulo que nunca devia ter existido. 

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

sozinha é que eu não fico

Ou corre bem e eu acabo agarrada ao gajo, ou corre mal e eu acabo agarrada ao copo. Tanto me faz. Haja álcool e a ver se eu não danço, até ao som da desfolhada!

sobre a intuição

Está tudo incrivelmente errado outra vez - depois de um par de horas de calmaria, a tempestade voltou em força. Que é como quem diz: mais uma discussão. Outro final atabalhoadamente definitivo, tal como todos os outro mil finais definitivos que tivémos antes.

Estou a ficar perita nisto! Posso não saber fazer mais nada nesta puta desta vida, mas juro-vos que este verão tive mais discussões do que no resto da minha vida toda até esta parte e sou realmente boa a acertar onde dói mais. Não, não estou a falar do parzinho lá de baixo porque ainda não me deu para a violência; estou a falar de todos os tipos de coisas que não se devem dizer e que a patrícia usa como flechas. É uma gaja fodida, essa.

Hoje não foi diferente. Ou foi porque, ao contrário de todas as outras vezes e apesar de ter sido, talvez, muito pior do que tudo o resto, eu não consigo estar minimamente nervosa ou chateada. É um ciclo vicioso e eu sei o que se segue. Mesmo sem querer, sei - assim como sabia que faltava uma discussão bem feia para completar a volta.

Andamos em círculos e esta merda é meio assustadora. E reconfortante, ao mesmo tempo. Geez.

um dia vamos ter saudades disto.

Chegámos a casa já de manhã, devia passar das seis, meio surdas, com muito álcool à mistura e completamente atordoadas depois de uma noite que não se poderia ter revelado mais surpreendente, para as duas. 

Deitámo-nos, com os cobertores por cima das cabeças, e obriguei-nos a sussurrar durante mais de uma hora sobre todos os acontecimentos das últimas horas, só naquela de evitar que os meus pais ouvissem os relatos da noite porque, oh hell, há coisas que só se contam a quem lá esteve para ver, num é?

Depois de quase termos sufocado, fui à casa de banho e acabei por descobrir que estávamos sozinhas em casa.

Passaram-se quase 3 meses e ela continua a ter vontade de me matar sempre que se lembra.

dessas verdades inconvenientes

Sabia que há uma diferença entre algo que nos faz felizes e algo que não nos faz infelizes. O truque era convencermo-nos a nós próprios de que ambas eram a mesma coisa.

Jodi Picoult,
dezanove minutos

boa questão.

Sentiu-se desvanecer e interrogou-se se seria possível transformarmo-nos em fantasmas sem morrer; se essa parte seria apenas um pormenor técnico.

Jodi Picoult,
dezanove minutos

old days

Ele derreteu-se quando ouviu a voz dela; os velhos hábitos são difíceis de deixar.

Jodi Picoult, 
dezanove minutos

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

a triste realidade

Não importa quem vocês sejam ou, mais do que tudo, quem vocês pensam que são - mais de metade dos vossos high scores em jogos no telemóvel, foram feitos enquanto cagavam. 

sempre normal

Não sei se isto acontece com o resto do mundo, mas eu juro-vos que sou capaz de pressentir quando alguma coisa está para acontecer; é estranho e eu não o sei explicar. Sei que sei, só não sei como. E, trust me, é muito raro enganar-me. 

Às vezes, são coisas simples. Outras, essa sensação arrasta-se durante vários dias e então eu sei que está para chegar um desses plot twist de que, ultimamente, faço vida. Isto para dizer que alguma coisa vai mudar radicalmente em breve. Não sei o quê, não sei porquê, não sei como - só sei que vai.

vou cortar os pulsos


Acabei de ver o resumo dos dois melhores dias do verão. Só isso. Aiiiii ó tempo, volta para trááááás!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

pelo menos, parece

Não posso dizer que seja uma expert em conselhos e cenas, tanto mais que sou horrível a segui-los, mas gostava de deixar uma sugestão para os moços que, eventualmente, andem por aqui:

se forem à praia com a namorada e vos apetecer tirar uma daquelas fotos sem jeito onde ainda aparecem da cintura para baixo, pra botá nu feicibuqui, certifiquem-se de que não deixam, no primeiro plano, uma tenda armada. 

A gerência agradece.

recomedações da mãe

Se alguém ligar, atende com voz grossa!

Pois mãe... acho que temos um problema.

na alegria e na tristeza...

A patrícia adora crianças mas não tenciona parir tão cedo. Eu... bem, eu vivo bem longe de monstrinhos de berço a arrotar a leite azedo e tenho para mim que daria uma péssima mãe, uma vez que nem para um tamagotchi tenho paciência. Fico-me pelos gatos.

Na segunda, demos por nós a observar uma mulher com a filha bebé na praia e, quando ela voltou para a toalha com a miúda, descobrimos que havia mais de onde aquela tinha saído. Havia mais uma progenitora e respetiva cria, portadora de fralda e baba a trambolhão.

Nisto, a bicha comenta: ohhh, olha uma congregação de mães! Era um facto. Aquilo parecia uma reunião da tupperware em versão biberon. Sinto-me inspirada, durante 30 segundos, e digo nós depois também vamos ser assim! pegamos nas crias e vimos juntas para a praia. Faz-se uma pausa. Real puta remata sim, e depois afogamo-las no mar.

... até que a morte nos separe.

a vida dá vodkas

Odiava quando ele me chamava bebé. Nomes foficoisos nunca foram para mim e esse em específico dava-me cabo dos nervos - mas um dia acabei por perceber que não podia levar a mal. Era a maneira dele de ser fofinho e eu não o podia culpar por não conseguir chamar-lhe nada mais carinhoso do que deficiente.

Mas a prova de que a vida dá voltas estranhas é que agora eu dava o cu e oito tostões para ele me voltar a chamar bebé. Ou mor. Ou xuxuzinho. Ou qualquer outra merda ainda mais pirosa, se possível. Quero que isto passe, boa? Boa.

isso isso

Não podíamos lutar contra a injustiça do destino; podíamos apenas submeter-nos a ela e ter esperança de que um dia tudo possa ser diferente.

Jodi Picoult,
dezanove minutos 

propositadamente,

Estávamos a falar sobre a possibilidade de as lésbicas combinarem a cor do verniz, quando eu me dei conta de que, dado o meu longo historial de paixões assolapadas por gajos mais conas do que eu, também me deve ser possível fazê-lo.

E então acabei por imaginar um deles, que, confesso, ocupa um lugar de destaque por ser o mais conas deles todos e o que mais macho se julga, com as unhas dos pés pintadas. Talvez seja da hora e do acumular de noites mal dormidas mas ri-me muito mais do que gostaria de admitir. 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

that awkward moment

Assim que entrei no centro de emprego, vi que o rececionista era um pequeno com uns dois metros de altura e quatro de largura, com o ar austero de quem preferia estar a tirar cera dos ouvidos da sogra com a lígua a estar ali. 

A imagem que eu tive do homem não melhorou quando o ouvi falar com uma mulher. Era, declaradamente, um brutamontes. Mas eu estava sozinha, meio desorientada, sem saber o que é que era suposto fazer e onde é que era suposto ir; fui-lhe pedir informações.

O homem foi super simpático e eu acabei por me sentar na sala de espera a pensar como às vezes as pessoas nos surpreendem. Passado um bocado, inclinei a cabeça de encontro ao pilar que ficava ao lado da minha cadeira, porque me sentia capaz de adormecer a qualquer momento. Mais ou menos nessa altura, reparei que o homem estava a olhar para mim e até inclinou a cabeça, enquanto me sorria. E eu continuei a vê-lo ser bruto pra caralho e a olhar para mim de vez em quando.

Okay. Podia ter sido impressão minha, num é? Não foi. Não foi, porque ele se cruzou comigo assim que eu saí do gabinete onde fui atendida e voltou a desfazer-se em sorrisos. Já está? Já, já estava a postos de me meter a fugir dali a sete pés, já. 

Das duas uma: ou sou tão boa que ando por aí a partir corações, ou o homem apercebeu-se de que eu tenho um atraso mental. Pequena pista: sou uma lontra obesa e anormal. Fim.

depois digam que sou má

Acho que por esta altura já é do conhecimento geral que o meu amor por fashion bloggers e afins é mais ou menos equivalente à minha vontade de espetar um garfo no olho mas, doravante, há um - um único, não se metam com ideias! - que passou a ser tolerado pelo cinderela, sem provocar o aparecimento de urticária e cenas assim.

E isso porque, muito mais do que detestar esse tipo de blogs, gosto da criatura em questão. E este blá blá blá todo é para vos apresentar o gonçalo. Prontes, agora, como bem sabeis, é favor de tratar bem do menino, que é um doce, e segui-lo e dizerem que o adoram and so on. Ele merece.

branca de neve

Triste é olhar-me ao espelho e ver que continuo branca.Muito triste é observar as marcas do bikini e perceber que isto já sou eu MUITO bronzeada.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

sad life is sad, take 2

Eu tenho o amigo perfeito - desculpem, tenho mesmo. É giro que só ele, tem daqueles sorrisos que fazem a roupa de uma gaja popicar, sotaque do norte, sentido de humor aguçado e parecido comigo em praticamente tudo.

Tínhamos tudo para resultar mas depois dou por nós a ter a conversa mais deprimente de sempre.
Quem me dera gostar de pita. Ia para coimbra e estava feito.

Yup. 
Tinha-me esquecido de que as nossas semelhanças também atingem este nível. Gostamos os dois de pila.

ouch

Por qualquer motivo, comecei a receber algumas mensagens do rapazinho em duplicado. A segunda chegava depois de eu responder à primeira - ok, não há nada que possa correr mal, pois não? Aparentemente, não. O problema é que eu só me apercebi realmente disto há bocado e, à tarde, fiquei capaz de arrancar a pele ao gajo, sem dó nem piedade. Porquê? Porque aconteceu isto:

- vou para o inferno pá
- ainda bem

Sério, isto só pode ser conspiração.

planos para depois

Eu juro que tenho feito tudo e mais alguma coisa para tentar manter a paciência e não desistir, mas é difícil - eu digo que tenho o meu quê de gajo mas se calhar nem é bem assim. Pelo menos, tenho colhões suficientes para enfrentar os problemas, para dizer o que quero, para falar. Já os reais portadores de genitália masculina fogem de conversas sérias como o diabo foge da cruz, e dizer-vos que estou cansada é muito pouco. 

A minha última esperança é que, não sendo propriamente uma femme fatale, para aquele macho em específico, acho que sei como não o deixar resistir. Ou tenho uma vaga ideia, vá. Agora é só esperar que corra bem. Se correr mal, well, we'll always have vodka.

por ser dia um

Tentei apanhar o expresso para hogwarts mas enganei-me na plataforma e acabei na praia. Que vida chataaaaa!

rituais

Quase todas as noites, quando todos se foram deitar e o silêncio é a palavra de ordem nesta casa, esgueiro-me até à cozinha. Não é por mal, mas gosto dessa clandestinidade inocente, desse segredo só meu, desses momentos de paz. O que faço por lá, bem, depende dos dias. Em tempos, era onde passava horas em chamada com ele. Ultimamente, é o meu canto das deprimências; tem sido lá que afogo as mágoas dos dias em que tudo vai mal. E também deve ser por lá que recupero a esperança quando, de fones nos ouvidos, dou por mim a deslizar pelo chão sem qualquer controlo no movimento. Sem qualquer preocupação.

Se os vizinhos virem a minha silhueta a dançar ao ritmo de uma música que mais ninguém ouve, certamente pensarão que eu sou louca. Eu tenho a certeza disso, mas não conto a ninguém.