[não têm havido dois dias iguais, mas também não lhes consigo encontrar diferenças. o tempo, esse passa-me lento e doloroso, quase me mata de tédio, quase me mata de susto, não sei. é quase tão instável quanto eu e o meu humor intragável. a ver vamos no que dá. esta é outra das mentiras que conto a mim mesma - a ver se me convenço de que estou descansada, de que nada me abala, de que as coisas se resolvem. conheço-lhe já a resposta - o acaso não resolve nada por mim. é deixar-me ir, ou deixar de ir, ir. somam-se horas, somam-se dias, somam-se dúvidas. nada sei de mim, nada sei dele, o nós não existe. somos dois estranhos. somos os dois estranhos. onde vamos? onde nos levarem. onde a estrada for ter. tenho tentado não me desviar da rota, mas às vezes o pé falha-lhe, escorrego, quase quase que caio, equilibro-me no último momento e continuo a andar, ainda a pensar que foi por pouco desta vez. ainda a perguntar-me se não seria melhor cair de vez para ganhar coragem para voltar atrás. depois lá me convenço de que voltar atrás é demasiado fácil, é preciso coragem é para seguir em frente. não fosse a teimosia e talvez ficasse aqui para sempre porque os caminhos me parecem sinuosos em qualquer das hipóteses. este não é um vale encantado, o sítio onde estou agora. tenho medo muitas vezes, odeio-me quase sempre. quero sair disto. párem lá o carrocel agora que eu quero sair um bocadinho - depois volto porque não sei fugir assim. preciso de ir até ao fim, dê no que der. mesmo que seja fatal.]
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