domingo, 31 de agosto de 2014

reparei

Contrariamente ao que se possa pensar, o ponto de partida para se ser uma boa fashion blogger não passa por ter roupas giras - é crucial ter um iphone. Porque, com um iphone e capas giras, ninguém vai achar estúpido ter 92892702 selfies em frente ao espelho.

Não. O iphone faz parte do outfit. O iphone dá estilo. O iphone dá estatuto. ifoda-se.

antes de ir

Vou ter de passar o dia a engolir três toneladas de orgulho em pequenas doses para ver se me aguento logo à noite - há coisas que precisam de ser ditas e feitas, doa a quem doer. Há oportunidades que não podemos perder e pessoas de quem não podemos simplesmente abrir mão porque ir atrás delas dá trabalho. E implica darmos o braço a  torcer.

É legítimo termos opiniões diferentes sobre assuntos que fogem à razão - e todas as opiniões devem ser aceites e respeitadas, mesmo que nem sempre sejamos capazes de concordar. O mínimo que podemos fazer é ouvir. E perdoar o que não chega a ser motivo de perdão porque não há culpas.

Ou há. Meio minhas, por sinal, que sou feita de orgulho, de insegurança, de respostas tortas e de ciúmes. Rendo-me, mais uma vez; prometo a mim mesma que é a última, para me apaziguar um bocadinho, mas sei que é mentira. Há sítios onde vale a pena voltar e pessoas por quem vale a pena lutar. Especialmente quando, noutros tempos, elas fizeram tudo por nós. Talvez nunca chegue lá mas, either way, estou a caminho. E voltarei a estar, as vezes que forem precisas. Até que eu me canse.

ontem

Quando acabei o para a minha irmã, achei que estava pronta para cometer um homícidio múltiplo assim que encontrasse o primeiro aglomerado de pessoas - não. Na realidade, estava de lágrimas nos olhos e cabeça perdida; não esperava com aquela reviravolta final. Não esperava que o livro diferisse tanto do filme neste ponto; fui inocente, fui de uma inocência que só é permitida a quem não conhecer a jodi picoult, e dei por mim a exclamar um foda-se! quando me dei conta do que tinha acontecido. Afinal, a vida real também é assim. Troca-nos as voltas no último momento.

O que eu mais gosto nos livros é que não faz mal chorar. Não faz mal fazer daqueles dramas os meus dramas, não faz mal tratar cada personagem como se fosse da família. No fim, fecha-se o livro e o problema acaba. Pena não poder fazer o mesmo com os meus.

isso

Um dia perguntei-lhe se ele gostava de crianças, mas já sabia a resposta há muito tempo. Tinha encontrado uma foto de um almoço de família onde não podia ser mais evidente que ele adorava a miúda para quem estava a olhar; lembro-me de ter começado a derreter lentamente no dia em que a encontrei. Lembro-me de ter pensado que estava na hora de confiar um bocadinho mais no rapaz que não escondia o que sente e que, até numa fotografia, num momento congelado no tempo, ele tinha conseguido imprimir todo o carinho num só olhar.

Talvez me tenha apaixonado nesse dia, talvez tenha sido depois. Talvez nem sequer esteja apaixonada - mas agora não consigo perceber em que momento é que voltei a gelar por dentro. Quando é que nos perdemos um do outro?

sábado, 30 de agosto de 2014

apontamentos

De repente, apercebi-me de que já não era o orgulho que me move. Desenvolvi uma apatia tão grande que parece que já nada me chateia, que já não me dói. Mas dói - no fundo, dói, mas habituei-me a não reparar nisso e a fazer de conta que tanto me faz.
A ver vamos até quando.

das diferenças cruciais

Já deve ter passado mais de um ano desde que, num dia qualquer, a joana me disse relaxa que tudo se encaixa. É estranho - parece o conselho mais básico e mais vago que algum dia me deram mas, mesmo assim, continuo a pensar nele, tanto tempo depois. E continua a confortar-me.

Sempre fui dos dramas, do ai que eu não me aguento, mas aguentamos sempre. Que remédio temos nós! Há sempre uma maneira de resolver qualquer coisa. Há sempre uma forma de ultrapassar um obstáculo - e, de vez em quando, a vida conserta-se sozinha, como um prémio ou como uma prova de que há sempre a bonança a seguir à tempestade. Mas, quando tudo vai mal, em algum momento, tudo há de ficar bem. Mesmo que sejam só cinco minutos antes de começar tudo de novo - faz parte.

Acho que me apercebi disso ontem, quando pousei a caneca de café no chão e me sentei a ler; há séculos que não o fazia. Tinha-me esquecido do quão feliz era nesses momentos, mesmo com todo o mal que a cafeína me fazia e, sobretudo, acho que me tinha esquecido de que merecia uma pausa, mesmo em alturas como esta em que está tudo do avesso outra vez. Por isso e porque, um dia destes, vai voltar a ficar tudo bem. Nem que, para isso, o cenário ainda tenha de piorar.

Sorri. Houve uma altura da minha vida em que bebia café porque me fazia mal. Agora bebo porque me sabe bem.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

sobre fugir

Há coisas que fazemos porque nos convencemos de que será melhor para todas as pessoas envolvidas. Dizemos a nós próprios que é o que deve ser feito, que é o mais altruísta. É muito mais fácil do que enfrentar a verdade.

Jodi Picoult,
para a minha irmã

nada acontece por acaso

Há anos que queria ler este livro - mas não mais do que queria ler qualquer um dos outros dois mas, por qualquer motivo, peguei no para a minha irmã em primeiro lugar.

Já vi o filme umas seis vezes e juro que chorei baba e ranho em todas elas - mas nada se assemelha ao momento em que conheci a julia, uma personagem que não aparece no filme e que parece ser o meu reflexo, e percebo que a história dela com o campbell podia, pelo menos parcialmente, ser escrita sobre mim e o rapaz. Não chorei quando me apercebi disto mas engoli em seco - porquê agora? Há um mês atrás, esta história não me faria metade do sentido. Agora parece ter sido talhada para mim.

Como é que, depois de anos a querer ler o livro, o fui ler num momento da minha vida em que parece que a jodi picoult tinha escrito sobre a minha vida? Epá.

à laia do shiuuu

Comecei a seguir um fashion blog só para me rir um bocado nos momentos de tédio. É que eu não consigo ententer - a criação de um destes antros do demónio come o cérebro automaticamente, é? É por isso que elas são todas tão pirosinhas a escrever?

Pois olhem, alforrecas, eu não vos escrevo com amor nem vos mando beijinhos. Não vos conheço de lado nenhum e, no geral, estou-me a cagar. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

pretty accurate

Deixem-me dizer-vos isto: se encontrarmos um solitário, independentemente daquilo que diga, não se trata de gostar da solidão. É porque tentou integrar-se no mundo antes, e as pessoas continuam a desiludi-lo.

Jodi Picoult,
para a minha irmã

divagações

Estava distraída, num desses momentos em que nos concentramos em algo absolutamente aleatório e, qualquer que seja a maneira como somos trazidos de volta à realidade, parecerá sempre um choque. Virei-me, nem sei bem porquê; tinha dois pares de olhos pousados em mim.

De alguma forma irracional, eu sabia que aquilo ia acontecer. Não especificamente naquele momento, mas estava mais ou menos certa de que os encontraria ali, por ser tão provável e por eu ser tão propensa a tudo quanto pareça tirado de um filme.

Reconheci-a imediatamente pelo cabelo preto e desgrenhado e não tive de procurar muito para encontrar, logo atrás e ainda mais baixo do que ela, o homem cujas feições parecem ter sido copiadas a papel químico das do rapazinho. Não fosse ele pai dele. 

De alguma maneira, eles reconheceram-me; tanto um como outro, sem trocarem uma palavra, seguiram-me com o olhar até eu lhes desaparecer da vista. E eu não pude evitar pensar na noite em que os vi pela primeira vez - foi obra do acaso e nunca eu teria desejado conhecê-los ali, mas não pude evitar. Quando ele me apresentou, limitou-se a dizer esta é a patrícia, mas foi mais ou menos claro, pelo olhar da mãe, que ela sabia o que se passava. Que o entendeu naquele momento. Isso assustou-me na altura porque eu não queria que as coisas avançassem tão depressa. Precisava de tempo. Agora, apercebo-me de que passou pouco mais de um mês mas essa foi a última vez em que tudo esteve bem. Em que os meus medos eram só meus e eu sabia que havia como contorná-los.

Hoje, voltar a vê-los foi esse banho de realidade para que eu não estava preparada. Tomei consciência de que tudo tinha mudado e de que já não fazia sentido eu preocupar-me com o olhar da mãe que, pela segunda vez, me escrutinou dos pés à cabeça. Talvez nenhum dos dois se lembrasse de mim - talvez eu não fosse mais do que um rosto que eles se recordam vagamente de ter visto por aí, e não façam ideia de que era a patrícia que um dia o filho levou pela mão ao encontro deles. Talvez eles não saibam quem eu sou, mas eu sei quem eles são e isso magoou-me de uma  forma absurda; não sei se era suposto eu cumprimentá-los, mas não o fiz. Mantive-me no meu lugar, longe. 

É o que eu preciso de fazer com a família deles. Ficar longe. Ir-me embora de uma vez por todas e meter trancas em todas as portas que ainda me tentem a voltar - não dá mais. Aqui nunca vou ser feliz. 

nunca lhe contaria isto

Encontrei as fotos do festival por onde o moço andou perdido - milhares de fotos de cinco dias. Pensei para mim mesma que não sou doente ao ponto de as ver todas, uma a uma, por achar que posso, enfim, encontrar alguma coisa que me sirva de prova para aquela que me convenci ser a verdade.

Depois lembrei-me de que este comportamento é aceitável quando se tem ovários et voilá. Pode ser que me arrependa.

ontem

Dona mommy pediu-me que fizesse o jantar - aqui a lontra obesa, armada em boa, lembra-se de ir fazer frango no forno com arroz de ervilhas, porque é daquelas coisas que me deixam a rebolar. O problema é que, para variar, me esqueci de que não bastava fazê-lo trinta segundos antes de os meus progenitores chegarem a casa e acabei por ficar atrasadíssima.

Começou a dança do frango. É exatamente quanto eu tenho mais pressa que pareço esquecer-me de onde estão as coisas que, normalmente, encontro instintivamente. Então, cortei uma cebola enquanto chorava ao telemóvel, peguei no bicho morto e espetei-o no tabuleiro. Revi, mentalmente, tudo o que a minha mãe costuma usar para temperar mas apercebi-me de que não encontrava umas coisas e para outras nem havia tempo. Espetei-lhe um bocado de azeite, um bocado de sal, um bocado de vinho tinto, alho em pó e polpa de tomate. Tinha a vaga noção de que a minha mãe se atiraria para o chão a implorar a deus que me atribuísse dotes culinários que não metessem em risco a vida da famelga se soubesse como é que eu tratei do desgraçado.

Afinal não. O frango estava bom e recomenda-se - até agora, não foram registados falecimentos nem indisposições. Anyway, pelo sim e pelo não, não contei a ninguém que tinha tentado um tempero freestyle. Não vá o diabo tecê-las.

mores

Se eu já antes detestava o d8, agora fico com vontade de pegar numa faca e ir matar koalas bebés de cada vez que passa a merda da publicidade onde o moço aparece. Quem é que lhe disse que aquilo é rap? A avó que é completamente surda?

são duas da manhã

Estamos à beira de mais uma discussão provocada por mim - maldita mania de não confiar. Maldito orgulho. Maldito mau feitio.

Nestes momentos, respiro fundo e digo algo parecido com hey, eu gosto muito de ti. De vez em quando, peço desculpa, mas nem é sempre porque estou cansada e sei que voltamos sempre ao mesmo. Andamos em círculos mas eu não consigo sair - viciei-me nele de tal forma que me parece preferível andar às voltas em vez de parar. E então voltamos ao i can't fight you anymore, it's you i'm fighting for. Posso dizer mil vezes que vou desistir mas sei que nunca conseguiria. Nem que quisesse.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

metaforicamente.

Se nos concentrarmos em colocar sacos de areia no paredão, conseguimos ignorar o maremoto que se aproxima. 
Ao tentar agir de outra forma iremos enlouquecer.

Jodi Picoult,
para a minha irmã

ontem

Entreguei-me ao consumismo próprio dos dias da deprimência - só ia comprar um perfume, mas voltei para casa com um perfume, com maquilhagem (!), com uma daquelas embalagens com nove pares de brincos da primark, feitas a pensar nos pobres, e com mais três livros da jodi picoult que ando a namorar há séculos. Com isto, voltou-me a vontade de ler e, nem tendo feito direta e não tendo dormido mais do que cinco minutos no sofá, antes de jantar, deixei de ficar mergulhada no para a minha irmã até beeeeem tarde. 

Está tudo fodido para os meus lados mas, felizmente, estou de volta ao meu mundo. Agora eu fico (quase) bem. Deixem-me estar.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

o cair do pano

Então e aquele momento em que uma pessoa descobre que, se as coisas estão como estão, é graças a uma ex ressabiada que faz a vida negra ao rapazinho ao ponto de ele ter sentido necessidade de se afastar de toda a gente? E tentar o suicídio não apetece, miúda? Ah pá.

vida madrasta

Como é que eu posso acreditar na existência de um deus qualquer quando, de repente, me apercebi de que o agora não me toca resume, na perfeição, a minha situação atual com o moço?

no momento certo

O meu pai, um astrónomo de trazer por casa, tentou explicar-me os buracos negros, como são tão pesados que absorvem tudo, até a luz, atraindo-a para o seu centro. Momentos como este são do mesmo tipo do vácuo; não importa ao que nos agarramos, acabamos sempre por ser sugados.

Jodi Picoult,
para a minha irmã

na semana passada

A monstinha, ao ver três escovas de dentes no copo, na casa de banho cá de casa:

- uma é da tua mãe, a outra é do teu pai e a outra é para lavar a banheira.

Pormenores sobre mim: não lavo os dentes. Okay.

a culpa é de quem a apanhar

As palavras são uma das armas mais perigosas e, admito, são a minha praia. Consigo ferir de morte em poucas frases, consigo usá-las como quero - mas lamento nem sempre me controlar. Lamento que o meu medo fale mais alto e eu acabe por me defender antes do ataque - mas não consigo confiar. Por mais que insista, por mais que sinta a falta dele, sei que isto nunca poderia resultar - talvez agora a culpa seja meio minha mas recuso a render-me. Nunca teria reagido assim se não tivesse havido uma ação a motivá-lo. E foi assim que vivemos mais um dos nossos já milhares de finais - pode ser que seja definitivo.

bati no fundo, mas é isto

Yeah, I forget about the consequences
For a minute there I lose my senses
And in the heat of the moment
My mouth's starts going
The words start flowing

But I never meant to hurt you


Vendi a alma ao diabo e dei por mim a chorar com uma música da jessie j. Adeus mundo.

still wide awake

Era suposto eu acordar daqui a 15 minutos mas a verdade é que nem sequer cheguei a adormecer. Sinto-me mal - física e psicologicamente. Se me perguntarem o porquê de ter passado a noite em claro, terei de responder que foi porque o jantar me caíu mal - é verdade, sim, mas não é toda a verdade.

Preciso de respostas. Acho que passo os meus dias à procura de respostas para tudo e mais alguma coisa - mas, foda-se, preciso mesmo delas. Preciso de entender o que aconteceu e, de uma vez por todas, decidir manter-me firme na decisão de o afastar ou parar de lhe dar motivos para que o faça. Ontem foi só mais uma das muitas discussões que temos tido - mas ficou em suspenso. Está incompleta. Falta a sentença final, essa que ele não revela nem à lei nem à bala. Foi isto que me tirou o sono porque com as outras dores até que se dorme bem.

refletindo

Há uns dias, alguém me perguntou se a minha vida era sempre assim tão hilariante - na altura, não dei grande importância mas agora isso não me sai da cabeça. Não entendia como é que, bem vistas as coisas, eu via um circo montado em cada desgraça da minha vida.

Acho que já entendi o sistema - os meus dias não são mais divertidos do que os vossos, mas o meu atraso mental faz com que o pareçam. Está tudo na forma como olhamos para as coisas. Com um bocadinho de imaginação, somos capazes de encontrar (quase) sempre um motivo para rir no meio do holocausto. E vale a pena, sim senhora. É assim que se é feliz no meio de todas as adversidades.

E isto relembrou-me a eva, quando me disse que eu bloqueio demasiado todas as tristezas de forma a parecer louca e feliz todos os dias. Tenho de lhe dar razão - apercebi-me disso agora. É raro eu entregar-me aos sentimentos negativos. Mal me chegam as lágrimas aos olhos e já eu me estou a rir descontroladamente por causa de outra coisa qualquer - e é por isso que, de vez em quando, me desfaço a chorar. Sempre disse que nunca fui feliz mas, verdade seja dita, nunca tive jeito para infeliz também.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

o meu puto

O meu monstrinho é daqueles putos que se vai poder orgulhar de ter aproveitado ao máximo todos os benefícios da infância. Apalpa as mamas a todas as gajas que apanha distraídas e elas ainda se riem - esperem só até o meu  pussy magnet crescer.

é velha, é velha

Alors on sort pour oublier tous les problèmes
Alors on danse?

Já não ouvia isto há séculos e só ouvi, na semana passada, dada a paixão assolapada do meu monstrinho pelo stromae, mas ficou-me no ouvido - é mesmo isto que me está a apetecer fazer. Não vale a pena perder tempo a deprimir - o importante é respirar fundo and never stop de fucking rave.

ouch

Passei cinco dias em contagem decrescente para que acabasse o festival e o moço deixasse aquele harém de gajas oferecidas e mamas saltitantes mas agora, a escassas horas ter a resposta à minha pergunta, queria voltar atrás um ou dois dias, deixar tudo sossegadito e manter-me com aquela réstia de esperança de que as coisas ainda se vão resolver. É que ela parece ter-se escapulido que nem um peido ao vento.

alforrecas, i need ya!

Estão a ver aquelas melgas dos call center que passam a vida a ligar-vos em privado só para vos perguntar se as nabiças estão boas? Preciso que me esclareçam uma coisa: normalmente, ligam aos sábados? E até que horas é que, normalmente, costumam ligar?

Perguntei de uma forma mais geral mas se alguém me conseguir responder a isto especificamente sobre a oney, that'd be great. E sim, eu tenho consciência de que pareço ter perdido o juízo de vez mas preciso MESMO de saber.

domingo, 24 de agosto de 2014

até depois

Já me cruzei com tanta gente, já me apaixonei um milhão de vezes, mas é a ti que volto - não que sejas o melhor, entenda-se. Na realidade, gostar de ti só é equiparável a estar abandonada num barco podre, em mar alto, a meio de uma tempestade. Não te iludas; não vales nada e o teu único feito é virares a minha vida do avesso - mas transformas a minha vida nesse tal inferno em que vale a pena viver. Esse inferno viciante de onde se sai com a certeza de que um dia se há de voltar.

Não senti a tua falta, inicialmente. E mesmo agora, confesso, não são saudades que me tiram o sono à noite, porque sei que não me adianta muito ficar a pensar em ti, onde estarás, como estarás. Com quem estarás. Deixei-te ir porque sei que temos tempo e que se tempo não houvesse ainda havíamos de o inventar - hei de te voltar a pertencer, sim, e cagaremos de alto nesse gajo que diz que ninguém é de ninguém. Hei de ser tua, nem que seja quando tiver de te espreitar a barriga de cerveja por trás dos meus óculos fundo de garrafa e dos meus cabelos brancos. 

Mais tarde ou mais cedo, vou acabar por te encontrar. Vai parecer um acidente mas não acredites muito nisso - é provável que eu acabe por andar louca à tua procura. Começa a desconfiar da gaja que encontras todos os dias na tua rua, enconstada à parede, a fumar com o olhar vago de quem não está realmente ali - mas tem cuidado! Se me confundires com uma prostituta é mais ou menos provável que eu esteja do outro lado da rua e acabes com uma pochette entalada no cu. Meu amigo, eu vou estar em todo o lado. Vou dar por mim sentada na estação do metro que apanhas todos os dias para o teu emprego chato, tão chato quanto tu, à espera que em algum desses dias possamos viver um reencontro como os outros tolos apaixonados. Ou então vou aparecer à tua porta, despenteada e de pijama, com o ar de quem acabou de sair da casa ao lado, e usar a desculpa do punhado de sal para fazer o almoço.

Ou talvez não. Talvez tome coragem e te toque à campainha e te responda, quando a tua voz rouca soar no intercomunicador a perguntar quem é, que sou eu. Só assim. Sou eu, e espero que esse laço inquebrável, imutável e, definitivamente, inexplicável, te conte quem sou eu. Quando isso acontecer, abre a porta de par em par e deixa-me entrar; vê-me sentar no canto do teu sofá, pés descalços e joelhos encostados ao peito, e oferece-me um café.

Talvez eu esteja a chorar, talvez esteja feliz. Talvez esteja hipnotizada por essa espécie de apatia que nos chega sempre que chegamos onde realmente queremos ir e entendemos que valeu mais o caminho do que a meta. Não sei. Não faço ideia do que pode acontecer a seguir - talvez tenhas alguém, talvez eu já nem queira saber. Mas deves-me uma conversa; deves-me um par de horas e um abraço. Ou então, deves-me o silêncio barulhento a que me habituaste - consigo ouvir cada palavra do que não dizes. Mas deixa-me entrar e depois logo se vê. Temos tempo.

the lame cinderella

Eu não queria apanhar uma depressão, mas entretanto vi que o the fault in ours stars está no warez e percebi que é inevitável. 

alguém

Faltava-me perceber que as pessoas nem sempre vão agir da maneira que eu esperava e que, de vez em quando, isso me vai magoar de tal forma que vou meter tudo em causa e dar por mim a pensar se não estarão elas a fazer de propósito. Talvez estejam - há gente para tudo e eu já não espero muito de ninguém -, talvez estejam só a proteger-nos. Ou a elas mesmas, e não as podemos culpar por isso.

Ainda não tinha percebido que o importante é ouvir, antes de decidir o que é ou não é imperdoável. O importante é compreender, de uma vez por todas, que não somos todos iguais e é mais ou menos normal que uma decisão, por mais que nos magoe, pode ter parecido a mais acertada para essa pessoa. E, mais uma vez, não a podemos culpar por isso. 

Perdoar é bom e sabe bem. Decidir desculpar quando tinha prometido a mim mesma que, se algum dia lhe voltásse a falar, o mandaria para o caralho, foi a melhor coisa deste mundo. Não há nada de errado em voltar atrás, em perdoar, em deixar de lado esse orgulho idiota dos que só veem para a frente. Há muitos outros caminhos ao lado, muitas coisas que não conhecemos. Muitos sítios onde vale a pena ir. Não sei. Se as coisas mudaram? Imenso. Mas para melhor, porque agora está tudo bem definido na minha cabeça e restou-me uma amizade que não quero, de maneira alguma, perder. Tinha saudades dele, sim, por muito que a raiva me fizesse dizer que nem queria voltar a falar. É mesmo bom tê-lo de volta.

that's como uma lontra rolls

A minha vida oscila entre aqueles períodos de pasmaceira em que não se passa absolutamente nada e aqueles em que parece acontecer-me um bocadinho de tudo ao mesmo tempo. Tu-do. O provável, o improvável, o esperado, o inesperado - não falha. E eu sei que tinha pedido um plot twist mas calma aí, sim? Obrigada.

sábado, 23 de agosto de 2014

shame

Instalei o my talking tom com a desculpa de ser para os meus monstrinhos mas eles, não só não lhe tocaram, como já se foram embora há dois dias e eu continuo a alimentar o gato e a levá-lo à casa de banho e cenas. Até que idade é que é dignamente aceitável ter um tamagotchi?

outras definições de perigo

Fazemos sempre uma listinha do que seria o tipo perfeito para que tudo corresse bem e tudo e tudo, mas entretanto damos por nós apaixonadas por um gajo que transforma a nossa vida num inferno dia sim dia não, mas acabamos por perceber que, o que quer que aconteça amanhã, hoje é exatamente nesse inferno que nos apetece viver. 

ou porque tenho a melhor família de sempre

Compreendi que era demasiado evidente que eu estava na merda quando, depois de me perguntar o que é que eu queria beber e eu ter dito que só queria um fino, o meu tio olhou para mim com cara de esta está louca e me perguntou tens a certeza de que não queres nada mais forte?

Acho que depois deste verão vou ter de me inscrever nos alcoólicos anónimos. 

that evil side

Tentei convencer um primo, de quem não gosto muito, de que um ralador manual servia para coçar as costas. Se eu já vou para o inferno de qualquer maneira, porque não dar-me ao luxo de ser cabra à vontade?

tá querendo o quê?

No geral, não ligo a nada do que as meninas de bem ligam; importo-me pouco com a roupa e quanto aos acessórios, fico-me por coisas simples e discretas, só naquela de nem parecer uma pachacha mole nem uma árvore de natal, mas depois no cabelo não há quem me segure. Se não vario ainda mais e com cores que chamem mais a atenção para aquele lado freak que está difícil de esconder, é mesmo porque temo que os meus pais ainda consigam arranjar uma maneira de me entregar para a adoção, mesmo sendo eu já maior de idade.

Ora, por volta de 1083, andava eu lá pelos reinos da baguette, apeteceu-me pintar o cabelo de louro - fiquei tão gira que, menos de uma semana depois, estava a mergulhar de cabeça na tinta roxa. Mas não me bastou uma vez - deu-me na cabeça de voltar a tentar transformar-me num canário esta semana.

Por enquanto, está só com um castanho meio dourado mas vai ficar mais claro nas próximas lavagens. Preparem-se para o drama capilar do século.

de pouca dura

Houve uma altura em que, de forma pouco simpática, eu disse que isto tinha de ser amor mesmo, tendo em conta que somos os dois feios e pobres - mas entretanto acabei por me aperceber de que só nos apaixonamos por alguém feio durante, aproximadamente, duas horas. Depois acabamos por olhar para a criatura e dar por nós a perguntar-nos como é que não a achámos a coisa mais linda de sempre desde o início, e chegamos à conclusão de que tal preciosidade só pode cagar raios de sol.

esse stalker, take mil

Não tinha a certeza disto, mas agora comecei a compreender melhor o sistema - eu digo qualquer coisa no blog, sobe os calores ao moço e ele não se aguenta; lá vai responder ao twitter. E isto, alforrecas, ao fim de anos, é o mais perto que estivémos de ter uma conversa. Por isso não se espantem se começarem a ler posts à base de oi nino, tá td?, porque depois de anos e anos a achar que o rapazinho estava a falar a sério quando, praticamente, negava saber da minha existência apesar de conhecer de cor cada peido meu, acabei por descobrir que ele ainda tira um bocadinho do tempo da pornografia para vir ler o meu blog depois de meses sem me pôr a vista em cima. Mas compreendo. Pode ser difícil conviver comigo mas, para quem vive de olhos postos na bida duma çoa, é capaz de ser ainda mais difícil viver sem mim. Keep it strong, dear john.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

back to the non-girly side of cinderella

Depois de uma semana de unhacas ao natural por falta de tempo e de paciência, fui pintá-las mas decidi obrigar-me a variar na cor. Okay, correu tudo muito bem, vai de por rosinha e até que ficaram bonitas, sem parecerem ter sido pintadas por uma trincha, comme d'habitude, e ainda me dei ao luxo de lhes espetar com uma top coat, coisa que nunca faço porque a paciência não mora aqui.

Agora estou farta de olhar para elas e está-me a dar raiva - cor de rosa não é a minha cena. É então que estou a pensar ir buscar algodão e acetona, enquanto me pergunto porque raio tenho eu oito mil vernizes rosa, verdes, roxos, and so on, quando acabo por pintar as unhas, invariavelmente, de azul ou de preto.

apercebi-me

Sou o tipo de pessoa por quem eu iria odiar estar apaixonada. Trust me, sou terrível - vou do modo foficoiso ao modo cabra em aproximadamente três segundos. E quando quero ser má... oh boy.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

hier

O melhor de ter metade da família a falar francês é exatamente a oportunidade de assistir, em primeira fila, às pessoas que não o sabem fazer - e depois dou por mim agarrada à barriga a rir quando uma mulher pergunta à minha prima comment t'appelles you?

m-e-d-o

- tens que idade? 15?
- ahhhh, não... tenho 19.
- 19?! ai minha querida, mas tens ar de ser tão novinha...


Fiquei paranóica desde que me pediram o cc no cinema, para ver um filme para maiores de 16, exatamente no dia em que fiz 18 - mas, porra, 15? Para isso tinha de ter swag. Afinal tenho tanto ar de pita quanto de cabra.

para que fique registado

Os últimos dias têm sido horríveis - nem o furacão monstrinhos me tem salvo da deprimência destas noites em que me sobeja o tempo para pensar. Não saber o que se passa é mau, mas não poder fazer nada é pior ainda.

Entretanto, surgiu-me uma ideia meio louca que pus de parte até um amigo meu ter dito exatamente a mesma coisa; ainda está em estudo mas... porque não? E então entendi que, mesmo odiando de morte todas as tentativas de levar a vida em linha reta e prezando o safoda, amanhã longo se vê, às vezes preciso de um bom plano. De uma réstia de esperança. One last shot.

É como eu digo - as coisas vão mal? Plot twist: ao fim de uma eternidade à espera que alguma coisa aconteça, decidi mexer-me. Afinal, é meio ingrato desistir à primeira de alguém que passou por tanto atrás de mim. Imma get my man!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

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Do que eu sinto mais saudades é da voz dele - não é dos beijos, nem sequer dos abraços. É da voz, só. E talvez da forma como me dava a mão instintivamente, mesmo quando eu não queria, mesmo quando ainda me era difícil acostumar com a ideia de sentir que os nossos dedos entrelaçados eram a arma mais forte deste mundo e que nada a conseguiria destruir. Mas é a voz, é a forma como me falava, é a timidez inesperada contida em conversas sem jeito que me faz mais falta.

Não contava com isto. Nem com o sentimento que surgiu do nada, nem com a forma como algo se quebrou inexplicavelmente entre nós. Sinto-lhe a falta mas sinto uma raiva que ainda não descobri se tem sentido - tenho medo de estar errada e mais medo ainda da certeza de que não estou. Se calhar, podia ter sido diferente. Ironia das ironias, se nunca chegámos a ter nada sério foi porque eu não quis - posso apresentar-te como minha namorada?, e eu não fui capaz de lhe responder. Abracei-o porque não estava pronta para isso, porque não sabia se queria. E queria, god. Queria mesmo, mas percebi-o tarde de mais. Teria mudado tudo.

sobre os saltos do mundo

A minha monstrinha, já cansada do subway surfers, abriu o menu do meu telemóvel, procurou a playstore e disse-me que abrisse os jogos gratuitos e instalasse um.

Ela tem 4 anos. Eu só descobri a utilidade da playstore quase um ano depois de ter o meu primeiro android.

nos últimos meses

As coisas vão bem? Plot twist.
As coisas vão mal? Plot twist.

O importante é nunca parar, é nunca saber o que se segue. Mas acho que agora sou eu quem está a desesperar por um plot twist que me acalme.

there you go, self esteem

A insegurança é um bicho mau que nos come o cérebro e nos leva a acreditar o provável como certo, desde que isso nos destrua. Por menos também não vale a pena, não é?

terça-feira, 19 de agosto de 2014

sad life is sad

Estávamos a andar de gaivota quando eu reparei em três homens, já com alguma idade, numa gaivota da hello kitty. Como não conhecia ninguém, gritei "hello kitty é para machos!".

Eles ouviram e acenaram-me.
Quando olhei melhor, vi que alguém na gaivota atrás estava a falar para mim - eram três gajos, bem giros por sinal. Um deles levantou-se "hey, miúda! tiro-te o chapéu!", e continuou a falar mas eu não percebi um cu.

Anyway, foi o mais perto que eu estive de fazer um amigo.

esse stalker

Não importa quantas vezes ele diga a toda a gente, ou a ele próprio, que eu sou uma merda. É sempre em mim que ele acaba a pensar e, muito sinceramente, já o achei menos anormal do que agora. Aquele gajo é completamente doente, juro.

verdades incontornáveis

Nunca se é demasiado velho para andar de baloiço às duas da manhã.

confissões

Sempre me perguntei o porquê de enviar sempre as mensagens importantes durante a noite, mas acho que já percebi - a partir de uma certa hora, uma pessoa perde a dignidade toda. Fica capaz de tudo.

Tenho passado os dias a dizer que nem quero voltar a falar com ele. Não quero é o caralho - não fosse o orgulho a reprimir-me a vontade e a ver se não lhe estava a ligar a esta hora. E nem sequer seria para lhe atirar à cara todas as ideias que me andam a moer o juízo; let's face it, eu ia acabar transformada numa dessas miúdas burras que perdoam o imperdoável e ainda imploram para que voltem, só para poder fazer pior ainda. Há alturas em que é relativamente fácil ser a cabra desligada, mas há outras em que só com uma camisa de forças e, mesmo assim, se tem vontade de entregar a alma de mão beijada.

Acho que estou à espera que alguém me diga que é mentira, que eu sou completamente louca e que o que estou a fazer é uma estupidez. Mas ninguém diz nada; e que dissesse. As desconfianças ganham mais e mais corpo a cada dia que passa, e isso tem-me estado a matar aos poucos. Não merecia isto, juro que não.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

o que é que acontece quando bebes e não desligas o telemóvel?

A história é triste, o fim é triste, mas não consigo deixar de me rir de cada vez que leio as mensagens que lhe enviei - tínhamos discutido. Na realidade, nem sequer chegou a ser uma discussão - deixou-me à beira de um ataque de choro que eu sabia que não podia ter em público. Depois? Vamos emboraaa, pró baaar!

Correu mal.
Decidi resolver os nossos problemas em japonês e o moço decidiu deixar de os ignorar quando se apercebeu do meu estado. Entretanto eu comecei a enviar mensagens profundas como "estou a morrer de calor mas tenho os pés frios, não entendo", no meio das outras sobre o quão desiludida eu estou.

Acabou com ele a pedir para lhe ligar, quase às cinco da manhã, e eu a ser a cabra do costume. Acabou com quase tudo, mas tudo bem. Who cares? Haja álcool porque vontade de beber não falta.

sometimes goodbye is the only way

Acho que a única coisa que gosto em mim é do facto de ter um feitio tão retorcido que sou capaz de ser a maior cabra, mesmo quando o que me apetece mesmo é mandar foder tudo e aproveitar o que se passa. Há coisas que não podemos deixar que se arrastem, mesmo quando são intervaladas por momentos que parecem compensar tudo o resto.

Ou então eu sou só desconfiada - mas soube que não havia futuro quando me apercebi de que não há qualquer probabilidade de eu acreditar nele. Nem que ele me diga mil vezes a mesma coisa. Nem que ele esteja a falar a sério - para mim, será sempre mentira. Não adianta forçar.

domingo, 17 de agosto de 2014

apedeite

Tal como o previsto, não tenho estado muito mais do que duas horas seguidas em casa - excepto à noite mas, mesmo assim, dorme-se pouco mais do que isso por aqui. Tenho aproveitado para dar vida ao fb aqui do antro, por isso se tiverem saudades minhas, estou aqui.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

adeus, ó meus amores, que me vou

Don't cry for me, alforrecas - eu volto já. Deixem só o furacão monstrinhos acabar e eu voltar a estar em casa e a ter tempo para isto. À toute à l'heure. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

as always

Passámos por o polícia mais gostoso que eu algum dia tive o prazer  de ver ao vivo - sério, era daqueles a quem uma pessoa se algemava de livre e espontanêa vontade.

Sempre discreta, disse disse à prima: vês, devíamos ter roubado um copo. agora eu entregava-nos às duas.
Olhei para trás. Ele estava a olhar para mim e a sorrir.
Para variar, ouviu tudo.

we could've had it all

Apesar de o empregado ter enxotado o outro para longe, o rapazinho, super fofo por sinal, de quando em quando lá voltava à minha mesa, todo sorrisinhos, todo doce. Às tantas pergunta-me o que queria para a sobremesa e começa a enumerar as opções - digo-lhe que quero o bolo de bolacha.

- ahhh, também é o meu preferido!, e abre ainda mais o sorriso, com ar de puto orgulhoso. Acho que gostou da ideia de termos algo em comum. Acho que era amor.

quase bom

Sô dona lontra e prima real assolapam a peida numa esplanada a abarrotar - vêm dois empregados, a sorrir-me todos queridinhos como se tivessem tido um acidente qualquer e ficado com um atrofio nos músculos da cara, perguntar o que queríamos. Um expulsa o outro, que aquela mesa era dele, e continua a sorrir-me todo doce.

E agora vocês dizem: isso é porque, afinal, não és a gorda e feia que dizes ser, és podre de boa e eles estavam mortinhos para te meter as unhas em cima. Pois não. O problema é que eu e a minha prima éramos as únicas portuguesas lá, e eles têm tanto jeito para línguas quanto eu para fazer o pino. 

na segunda

Estava sentada à beira mar quando passaram dois surfistas ingleses e um deles atira para o outro: it's so hot. Vou fingir até ao fim dos meus dias que não percebi que era sobre a água - acreditemos que era de mim que estavam a falar, ámen.

dos dias fodidos

De todos os sítios onde gostava de ir com a minha prima, acompanhá-la a uma biópsia não era opção. Mas lá terá de ser. Resta-nos aquela réstia de esperança que digam que é mentira - apesar de o diagnóstico já ter sido feito há muito. 

vou-me esbofetear

Fiz um drama pegado - montei o enredo completo e criei-lhe um fim trágico em que eu acabava sozinha e infeliz para o resto da minha vida. Afinal sou só estúpida, desconfiada e absolutamente anormal. Epá. Está na hora de começar a controlar isto antes que a puta da autoestima destrua tudo. Estúpida, estúpida, estúpida.

Mas respirei de alívio. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

uma pausa

Antes dos 18, mais do que tirar a carta, eu ansiava poder tornar-me dadora de medúla óssea - já tenho 19 e ainda não sou. Suspendi essa ideia por ter a minha mãe sempre a martelar-me aos ouvidos que, com o meu historial, devia era querer afastar-me dos hospitais e não me meter noutra dessas. Confesso - por momentos, cheguei a achar que ela tinha razão. Mas não tem.

A bia morreu. Eu nunca vi a bia, mas lembro-me da impotência que senti quando, aos 17 anos, li a história no blog da pólo norte, lembro-me de me terem vindo as lágrimas aos olhos, especialmente quando a bia passou a ter um rosto na minha cabeça - quando vi aquele par de olhos cor do mar, quando vi o sorriso dela. Mas esqueci-me dela com o passar do tempo.

Lembrei-me dela da pior forma possível. E voltei a sentir as lágrimas nos olhos e a chorar a morte de quem eu não conheço - já me morreu uma criança na família. Já me morreu uma criança de quem eu gostava mais do que tudo, e estas coisas não deviam acontecer. Nunca. Mas acontecem e são de lamentar. Hoje, o cinderela está de luto e voltou-me a certeza de que não hesitaria em ser a mana da bia. Quero ser dadora de medúla óssea, sim. E hei de sê-lo.

é uma pena

Quando a possibilidade de perder alguém importante nos berra aos ouvidos, deixamos de ter relógios - as horas deixam de contar porque ninguém quer saber do tempo que se dispende, mesmo que inutilmente. Desaprendemos a dizer não, não se adiam compromissos, por mais banais e desinteressantes que pareçam - começam-se a aproveitar todos os segundos. E, finalmente, deixa-se boca a dançar ao ritmo dos sentimentos e perde-se o medo de se dizer o que sente.

Quando sabemos que vamos perder alguém, temem-se as conversas pendentes, as frases inacabadas, os sentimentos escondidos - queremos tudo às claras. Queremos lembrar-nos dos momentos em que fomos realmente felizes e percebemos, finalmente, que para isso é preciso que se comece por aprender a aproveitar realmente cada momento. A estar lá. A sentir.

Só é pena aprendermos isto apenas quando a ameaça nos assombra os dias. Seríamos todos tão mais felizes se estivéssemos conscientes da efemeridade de tudo - absolutamente tudo - quanto se vive.

*corações pirosos*


Eu acredito no dia em que nos vamos cansar dos gajos e assumir a nossa relação amorosa.

quando me mandam mensagens com cebolas

- sou deprimente.
- nao és, nao és mesmo. pelo contrário. és um ser humano com uma capacidade fantástica de ironizar os problemas, de fazer parecer que tudo está bem quando tudo está mal. um ser humano que se sacrifica, que recalca todas as emoções negativas apenas para manter a aparencia de feliz e louca. mas tu és feliz e louca também, apenas não és sempre. só que esse lado, o lado feliz, é também aquele que te destrói, porque não deixa o lado triste vir ao de cimo quando é preciso. às vezes chorar, gritar com o mundo e o crl faz bem.

Já devo ter agradecido mil vezes, mas obrigada, sim? Sabe mesmo muito bem saber que alguém dá valor àquilo que eu mais gosto de fazer. E quando me compreendem - é isso, sim. Há muito tempo que não me dou ao luxo de viver um problema como deve de ser; habituei-me a não parar quieta, a fazer-me de indiferente. Tornei-me adepta do safoda - não resulta. Acho que o que eu preciso mesmo é de me sentar num canto e chorar até me cansar. Depois sim - safoda. 

e o mundo volta ao eixo certo

Às duas otárias que há meses gozam comigo por causa da noite em que tiveram o prazer de me ouvir reproduzir a orquestra nacional de serrotes: as princessas também ressonam. A minha monstrinha que o diga.

meus queridos emigrantes

Putain, é evidente que vous parlam francês très bien, mas terem uma conversa metade em português e metade em francês mal amanhado só vos faz parecer estúpidos. Especialmente quando a vossa pronúncia ainda consegue ser pior do que a minha.

Além de que, não sejam inocentes: há outras pessoas no mundo que também percebem francês. E português. Parece surreal, não é? Pois.

sobre a insegurança

Apesar de não ter tido mais do que três anos de francês, ainda no básico, onde se aprendia pouco mais do que a tentar fugir da constante explosão de perdigotos da stôra, os livros e as férias lá pelos reinos da baguette conferiram-me uma certa fluência - sério, juro que até me desenrasco muito bem a falar francês. O único problema é mesmo a vergonha; sou incapaz de falar francês à frente dos meus tios porque tenho medo de me enganar. Já com os monstrinhos é na santa paz de nosso senhor - sou quase tão tagarela quanto eles e o difícil é calar-me. 

só mais um beijo

Faz hoje um mês e eu continuo sem conseguir explicar como é que aquilo aconteceu - não estava planeado. Aliás, para vos ser franca acho que sempre esteve bem longe dos meus planos; eu era muito senhora de mim, sabia bem o que sentia e por quem o sentia, não ia pôr isso em causa. Nunca me entregaria assim.

Mas entreguei. Soube que ia acabar por ceder quando nos separámos no meio da multidão e eu percebi que seria realmente difícil encontrá-lo. Creio que foi a ânsia de o voltar a ver que me despertou os sentidos - quando o encontrei, quase o beijei. Nunca percebi porquê mas ter a mão dele na minha era o tal regresso a casa que me fazia falta, ainda que eu estivesse demasiado baralhada para o entender.

Nunca me quis apaixonar por ele. Disse a mim mesma, um milhão de vezes, que ele estava longe de ser o que eu queria para mim. E talvez não seja mesmo - mas há coisas que não se escolhem. Ele voltou a ausentar-se nessa noite, e eu voltei a dar por mim a olhar para todos os lados, à procura dele. Todos à minha volta se aperceberam disso, mesmo os que tinham acabado de me conhecer - eu continuava segura de que não queria saber dele. Mas queria. Queria mesmo - depois de mil e uma tentativas falhadas, nessa noite deixei que ele me beijasse. Porque eu quis. Quis esse beijo e todos os outros que se seguiram. Não sabia porquê, mas estava feliz.

Continuei a dizer-lhe que havia outro, mesmo depois disso. Mesmo que, bem vistas as coisas, o outro tenha começado a existir cada vez menos depois dessa noite. Eu estava a apaixonar-me lentamente por outra pessoa, mas obriguei-me a cair de páraquedas porque achei que não era suficientemente dona de mim para me deixar em queda livre - antes o tivesse feito. Ele merecia-o - passou um mau bocado comigo, confesso. Mas agora está a fazer-me pagar por isso da forma mais injusta que se possa pensar; depois de todo o tempo que levou a conquistar-me, decidiu desaparecer da minha vida sem explicações. Sem motivos aparentes. E, claro, a minha mente treinada para a autodestruição nunca me vai deixar descansar - a culpa será eternamente minha. Será sempre da miúda gorda, feia e absolutamente desinteressante. Depois de todo o bem que me fez, decidiu destruir-me outra vez. 

Faz hoje um mês - com a pressa, quase nem me despedi dele na estação. Agora, quem me dera voltar atrás - quem me dera poder apanhar o último comboio e voltar-lhe para o abraço quente. Podia ter feito as coisas certas, mas tive medo. Quem me dera ter sabido viver.

furacão monstrinhos - dia 1


Escusado será dizer que tenho uma queen size mas, graças à monstrinha mais linda do mundo e aos 927830903 peluches que ela me trouxe para a cama, vou ter de dormir de lado e tentar não me mexer muito se não quero ir de focinho ao chão. Mas vale a pena. God. Vale tanto a pena!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

por alturas do furacão monstrinhos

Pedi dois - vieram os cinco monstrinhos franceses e a real famelga em peso. Escusado será dizer que este blog vai andar mais às moscas do que as vossas partes baixas, num é?

ironia

Ontem encontrei a dona do cão que quase me roeu uma perna no hospital - talvez com medo que fosse eu que acabasse por morder ao pequeno demónio, decidiu que devíamos ser amigas e não me largou. Achou mesmo que eu queria saber que a tensão dela andava alta, que tinha consultas de quatro em quatro meses, que não tinha almoçado. Sério - porque é que as pessoas não entendem que eu sou pouco dada a conversas de circunstância e gosto mesmo é que me deixem em paz? Não sou queridinha e simpática, aprendam a lidar com isso.

hell

Não tenho desejos de revolução ou coisa que o valha - se eu mandasse no mundo, por cinco minutos que fossem, limitava-me a abolir as cuecas de banho para homem. Sério. Não importa a idade nem o quão, eventualmente, bom é o corpo - tornar uma ida à praia na feira nacional de enchidos não é bonito. Muito menos quando eu assisto, de primeira fila, a um amável senhor de mãozinha enfiada dentro das mesmas, a coçar os colhões. Ewn.

indiretamente

Sempre me senti culpada por, apesar de gostar de ler, nunca ter feito as leituras obrigatórias na escola - e então meti na cabeça que havia de as fazer agora, só para me sossegar. 

Pois então que agora, numa fase muito negra para o meu lado de bookworm, não sabia o que havia começar a ler - ontem saí de casa meio à pressa e atirei os maias lá para dentro. Deixem-me que vos confesse que não sei porque é que não os li antes nem porque é que os achei tão secantes da outra vez. Pelo menos, ocupa-me a cabeça com pormenores desnecessários - e uma pessoa já sabe o final, mas vale sempre a pena ver o que acontece antes. 

nem o diabo me atura

Sou do sol, sou do mar - receando-o, pertenço-lhe. Pertenço à imensidão, à infinitude, ao azul do meu horizonte e à areia quente debaixo dos meus pés. Não sou mais do que os outros mas, mesmo que duvide disso na maior parte do tempo, também não sou menos - na dúvida, sento-me à beira mar e espero que as ondas me arrastem as lágrimas, que teimam em saltar-me dos olhos esporadicamente, para longe. Sal do meu sal - pertenço a este mar. Sou daqui, mesmo que lhe queira fugir. 

Talvez hoje tenha sentido isso mais do que nunca. Achei que não ia ter paciência para estar sozinha na praia, mas acabei por gostar da sensação de ser só eu e esse mundo privado que, cruzando-se com outros, me parece sempre demasiado longe de todos. Guardei o meu medo para mim e, mais uma vez, não me aventurei por esse mar fora - precisava de uma mão que não soltasse a minha ao primeiro susto, mas ela escapa-se-me uma e outra vez - sou sozinha, tenho de me habituar a isso. Sou sozinha deste mar, desta terra, deste mundo - do meu mundo. E, acho que gostei disso. Volto amanhã, a ver se consigo ordenar os meus pensamentos eternamente desalinhados. Perdi-me de mim.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

das coisas que ninguém quer

É verdade quando dizem que as pessoas não se tornam frias porque querem - as pessoas gelam quando as fazem gelar. E isso, contrariamente ao que se possa julgar, não é sinónimo de força; é talvez a maior e a pior das fraquezas.

Habituei-me a não me apegar. A não precisar de ninguém, a não querer saber. A fugir. Pode parecer estranho mas acho que consegui mesmo meter uma rédea curta no que sentia - domei-me durante algum tempo, mas não foi o suficiente. Um dia, soltei as rédeas. Um dia, percebi que me estava a apaixonar à velocidade da luz. Mas não parei.

As pessoas não se tornam frias porque querem, já disse. As pessoas tornam-se frias quando as fazem perceber que sentir algo é uma perda de tempo - e há coisas que não se fazem. Há coisas que ninguém merece. Não percam o vosso tempo a conquistar alguém só porque ela vos deu luta, para depois a deixarem sozinha como se por cá nunca tivessem passado. A culpa é vossa, a culpa é toda vossa, mas é o suficiente para destruir a autoestima, e a minha nunca foi grande coisa. Hoje gelei mais um bocadinho.

dos bons dias

Provavelmente nem é nada de grave mas, mais uma vez, ninguém sabe ao certo o que é que eu tenho - então lá vai a patrícia fazer mais exames, porque o que se quer é passar a vida no hospital quando, supostamente, até se é consideravelmente saudável.

Estou a ponderar começar a meter estes exames todos no currículo, sei lá. Na volta dá-me equivalência ao curso de medicina.

not a good day

O programa de festas de hoje passa por ficar horas e horas seguidas sozinha numa praia e ir a mais uma consulta, só porque não tenho coisas mais interessantes para fazer e adoro hospitais. 

Isto é particularmente emocionante tendo em conta que eu tenho medo do mar e sou incapaz de entrar se estiver sozinha - o que, trocado por miúdos, significa que foi passar o dia na toalha, armada em croquete, a tentar ler para me distrair e acabar, invariavelmente, a deprimir porque vou ter tempo de sobra para pensar. Pois.

domingo, 10 de agosto de 2014

that sad days

Há semanas que não consigo ler - não me consigo apegar a um livro, não consigo que ele me conquiste. Desconcentro-me. Aborreço-me. Não consigo mais do que duas ou três páginas seguidas - não entendo o que se passa comigo. Eu, a bookworm. Eu, a gaja que aproveitava todos os segundos livres para ler.

Decidi tentar ler o memorial agora, mas não me parece que vá conseguir. Cheira-me que amanhã vou sair com uma biblioteca completa na mala e vou voltar para casa sem ter conseguido apegar-me a nenhum dos livros. Da maneira que as coisas andam, vou acabar a chorar agarrada a uma rocha.

foda-se

Apercebi-me hoje de manhã que parecia ter parido os quadrigémeos - estava consideravelmente menos gorda e já só parecia um elefante bebé. Para comemorar, almocei e jantei fora. Uhm uhm. Com direito a bolo de bolacha e gelado.

Nasci para ser gorda. E para ter barriga de cerveja.

a few hours left

A única coisa boa do dia de hoje é estar tão perto de amanhã. Se apanho os meus monstrinhos à distância dos meus braços ainda me julgo louca. Valha-me deus. 

sábado, 9 de agosto de 2014

e eu sei que eles não tiveram filhos

Sempre soube que a minha famelga era pior do que os coelhos e que havia gente com a sorte de partilhar dos meus genes em tudo quanto é sítio - mas, até há uma semana atrás, eu não fazia ideia do quão gigante é realmente a minha família e da quantidade de primos que tenho.

Começo a ponderar pedir que me façam uma árvore genealógica detalhada porque temo mudar-me para o outro lado do mundo e acabar por me casar com um primo em 290303º grau. Ao menos, se tudo correr bem, irmãos não tenho - se tiver, mudo o meu nome para maria eduarda e vou ter filhos (ainda) mais deficientes do que a mãe.

mais do mesmo

Já achava suficientemente má a tendência das pessoas para irem escrever no mural de quem morre, como se, porventura, houvesse uma salinha especial no céu só para as pessoas virem ao fb ver quem é que está triste por terem patinado - mas afinal ainda há pior.

Vi uma mulher que, após a morte do irmão e uma vez que demorou imenso tempo até que se desse o funeral, decidiu ir narrando o que fazia no mural do falecido. Awesome. Agora são só mensagens dela tipo estou ansiosa por te voltar a ver... está quase mano!, and on, and on, and on. Pensei que ela se ia suicidar mas afinal foi só ter com ele lá onde ele morreu.

(É preciso que se note que eu tenho todo o respeito pelas pessoas que morrem. São os que cá ficam que fazem estas figuras.)

o resultado final

Descobri que a minha expressão neutra, a minha beleza no seu estado mais puro, passa por fazer uma combinação entre olhos à quasimodo e boca à grumpy cat. Para piorar o cenário, estava a usar um fio que uso bastantes vezes, fininho, cor de prata - mas é só cor porque aquilo me custou 2,50€ nos chineses -, ao pescoço. Parece que fui degolada.

Parfait. Passei então da típica foto de cc em que parecia estar a ser presa por tráfico de orgãos à foto que me tiraram após o meu assassinato*.

(*esta é a parte em que entra a voz da minha avó lagarto, lagarto, lagarto, três vezes, parece que é parva a cachopa, não vês que com essas coisas não se brinca?)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

sobre as gajas

Parecemos calmas mas vamos analisar as horas das mensagens para ver, em média, quanto tempo é que a outra pessoa estava a demorar a responder para decidirmos se continuamos à espera de uma resposta de telemóvel em punho, feitas otárias, ou se tentamos ganhar uma vida.

cinderela aconselha

Se encontrarem alguém com um gosto musical parecido ao vosso, fujam-lhe a sete pés. Nunca, por nunca ser, se deixem apaixonar por uma pessoa que ouve as mesmas músicas que vocês - porque, eventualmente, a coisa corre mal e vocês ganham uma raiva danada à pessoa. Quando dão por vocês, ficam capazes de fazer alguém engolir o rádio quando a uma dessas cantiguinhas ranhosas que só vos lembra tempos antigos e cenas que vale mais esquecer mesmo.

Foi assim que eu ganhei um ódio de morte à stay with me - juro que adorava a música, mas agora não consigo não a associar a um gajo que conseguiu que eu passasse da paixão cega à raiva desmedida em menos de nada. E a música era gira e não tinha culpa. Só teve o azar de passar da última vez em que o vi. Fodeu-se tudo.

boltar atás

Depois de ter passado o dia de escola em escola, à procura das ditas soluções, a única conclusão a que chego é que o mal é geral e que afinal é uma estupidez da minha parte passar a vida a falar mal dos funcionários da minha santa escolinha - nenhum quer trabalhar. Em lado nenhum. Fiquei a saber pouco mais do que sabia antes e decidi ser chata. Hei de ligar para lá e mandar mails atrás de mails até que alguém se digne a esclarecer-me sem me despachar porque, certamente, tem a roupa na lixívia e não pode ficar a fazer aquilo para que é paga.

Entretanto lembrei-me da minha voz de pita que fica ainda mais apitalhada quando estou com vergonha. Como é que eu vou ligar para 99983939 escolas e universidades? Temo que se limitem a avisar-me de que o infantário não é ali e desliguem. 

ÓÓÓÓÓÓÓ MÃÃÃÃÃÃÃE!

Prometo não pedir mais nenhum gato se me deixarem ter uma leoa assim.

pois.

Talvez noutro dia eu nem me tivesse importado, mas hoje deu-me para chorar como não chorava há séculos. Não precisava de mais motivos para me sentir uma merda, mas muito obrigada.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

pouco parva

Se há coisa que eu gostava é que a patrícia do blog existisse lá fora tal qual é aqui - com esse lado cabra bem definido, a apresentar-se ao mundo no tom sério de quem se orgulha desse mesmo título. Mas não - eu desconfio de que sou completamente louca e se esqueceram de me avisar. Não percebo sequer como é que, tendo passado a minha vida de hospital em hospital, ainda não fui parar à ala de psiquiatria. 

Hoje vi um gajo ruivo e fiz o óbvio; gritei pelo ron. Sim. Na minha cabeça, todos os ruivos são o ruppert grint e todos eles vão compreender que eu lhes chame ron. E então ele deve ter ficado meio assustado e achar que eu era potencialmente perigosa - até deixar de me ver, estava sempre a olhar para trás enquanto andava. Acenei-lhe. Acenou-me. Repetimos a cena mil vezes - eu acho que podia ser amor. Ele deve ter achado que eu era portadora de um atraso mental grave. Acho que ele está certo.

vida madrasta

Ah mas este ano eu descobri que há vantagens em ser tão branca que desenvolvi a teoria de que trocaram o líquido amniótico por lixívia nos meus tempos de feto, e odeio as minhas sardas? Ótimo. Pois então bronzeei a tromba num instante, coisa que nunca acontece, e para as minhas sardas se notarem mais só falta mesmo uma seta a indicar. A minha vida é mesmo muito triste.

the not-so-strong side of cinderella

Houve uma altura da minha vida em que eu tinha uma amiga. Uma única amiga. Não conseguia relacionar-me com as pessoas - acho que tinha medo que me voltassem a magoar. Eu senti o que era o bullying na pele, anos antes de lhe atribuírem uma designação pomposa - eu fui gozada, porra. Fui muito gozada durante muito tempo; durante tanto tempo, que também aprendi a gozar. Comigo mesma, essencialmente.

O problema é que, apesar de esses episódios já serem escassos nos dias de hoje, eu continuo a não saber relacionar-me com as pessoas. Agora dou-me bem com muito mais gente mas continuo a ter pouco mais do que uma amiga. Continuo armada em padeira de aljubarrota sempre que se aproximam de mim e a mostrar essa patrícia inabalável que nunca fui, a desarmar quem nem me queria atacar, fazer de conta que sou só arrogante e mal educada. E forte, muito forte; mas não sou, nem nunca fui. No fundo, continuo só a ser uma miúdinha assustada que se esconde nas sombras para não voltar a ouvir as frases que lhe ficarão para sempre na memória - interiorizei-as. São minhas agora, ditas por mim, repetidas por mim. E, deste momento, já nem preciso que as usem para me tentar destruir. Eu faço-o sozinha.

algures, na noite

De um lado ficam os que trauteiam a seven nation army com o típico oh-oh-oh, e do outro lado fica a patrícia, que canta a música toda. Não nasci para ser das multidões.

mirror, mirror in the wall

Não me lembro de uma única vez me ter achado bonita. Nem mesmo em pequena. Sempre tive a plena consciência de que era a menina gorda e feia. Pior do que feia: diferente. Anormal. Indigna de agir com naturalidade, de se fingir normal. De fazer de conta que não sabia.

Esta ideia está de tal modo enraizada em mim que não consigo desfazer-me dela - eu continuo a ver-me tal qual me via há dois, há cinco, há  dez anos atrás. Continuo odiar a imagem que o espelho me retribui e a duvidar que algum dia alguém se interesse genuinamente por mim. E isto só faz de mim alguém chato e muito desconfiado - não é por mal. É em mim que eu não confio, não é nos outros. Juro. É a mim que eu detesto, é de mim que eu quero fugir, não é dos outros. Juro. E lamento por todas as vezes que sou parva à conta disso - mas nunca soube ser diferente. Eu de certeza que já era o espermatozóide mais feio do grupo, não há nada a fazer.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

o mulherio é horrível

Ah, e print screen de tela do whatsapp para as amigas darem uma olhadinha é algo mais normal e corriqueiro do que saia curta em armário de piriguete, tá? Se a conversa for muito importante, rola tipo uma metralhadora de prints- pá pá pá pá pá pá pá pá- uns 8 na sequência. Se o sinal do wi-fi não for bom até dá uma congestionada nas paradas.

Eu achei que era a única gaja assim, stalkerzinha desde os tempos de útero, mas foi bom perceber que a doença é geral. Estamos juntas! 

sobre quem não conheci

Não há nenhuma idade em que a morte se torne aceitável, em que se mereça morrer por si só - mas acho que todos sentimos uma pontada quando vimos partir mais um jovem. Quando imaginamos mais uma mãe a enterrar um filho. Quando mais alguém deixou a vida a meio. E dizer que lamentamos não basta, mas é mesmo essa a verdade - lamentamos que o mundo avance sabendo que se perdeu mais uma pessoa. Podíamos ter sido nós.

Hoje lamento por alguém de quem nem sei o nome - mas lamento porque é sempre de lamentar que morra alguém tão novo e de forma tão estúpida. A vida não é justa mas a morte é ainda mais puta. Lamento.

not a big deal

Há uma época estúpida, aí por volta do 6º, 7º ano, em que as miúdas quase competem para ver quem tem o período primeiro, como se fosse uma grande coisa. Isto é essencialmente porque tudo quando é mãe, avó, tia, prima, vizinha, and so on, batem palminhas e ai jesus que a minha menina virou uma mulher. O que as pitas não entendem é que isso de giro tem muito pouco - significa apenas que acabou a época oficial em que se pode pinar à vontade sem correr o risco de entrar no estado oh-meu-deus-engoli-um-puto, que, se correr tudo bem, nem sequer foi aproveitada (mas isto já é subjetivo porque hoje as miúdas descobrem o que é pinar com menos idade do que aquela com que eu larguei a chupeta).

é assim todos os meses

Na sexta, antes da aula de zumba a que o rapazinho supostamente vinha assistir, reparei que me tinha transformado num barril de cerveja com pernas e que tinha passado de lontra gorda a lontra obesa de um momento para o outro. Deprimi porque ele me ia ver assim. Ele não pôde vir. Deprimi porque não o ia ver. Depois fiquei chateada. Depois fiquei ainda mais chateada. Depois acalmei. No dia seguinte fiquei chateada outra vez. E então interpretei mal tudo o que ele me disse. Fiquei muito chateada mais uma vez. Apeteceu-me arrancar-lhe todos os orgãos, um por um, a começar pelos genitais. Depois acalmei e fui atrás dele. Percebi que ele estava chateado e que tinha toda a razão. Deprimi porque sou estúpida. Rendi-me. Rendi-me outra vez. E mais outra. Deprimi. Comecei a chorar sem saber muito bem porquê. Achei que estava a ficar louca.

Só hoje é que descobri que afinal tudo isto era sinal da explosão uterina eminente. A minha pança voltou ao normal e já prometi a mim mesma acalmar as hormonas pelo menos o suficiente para não me passar com mais ninguém. E, só para que fique claro, eu odeio todas as gajas que não sofrem de tpm. 

epá

Começo a ficar um tanto ou quanto cansada das pessoas que acham que eu tenho soluções para tudo e que basta sentarem-se e esperar que eu resolva tudo quanto haja para resolver. Sério. Se querem respostas, procurem-nas. Vão lá, falem com pessoas, mandem mails, telefonem, qualquer coisa - mas não fiquem à minha espera. Eu gosto de fazer outras coisas de vez em quando.

és terrível, patrícia!

A chegar à igreja onde se estava a realizar um funeral

- está imensa gente à porta da igreja...
- já devem ter esgotado os bilhetes.

Já vos disse que vou para o inferno?

awwwwn, that's my boy

-  vou ver um filme.
-  de quê?
- harry potter. e antes que perguntes: sim, eu sou mesmo croma, chata e absolutamente desinteressante e adoro harry potter.
-  eu também gosto!

E foi assim que começou o amor eterno.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

é triste

Depois de ter enviado vários emails, descobri que até era capaz de conseguir entrar num CET virado para o jornalismo e para as línguas. Por outras palavras, o melhor sítio onde eu algum dia poderia estar.

Entretanto fui ver o preço das propinas. Nah. Neeeeeeext.

medo é

Até há poucos dias, eu sentia-me exageradamente alta.
Entretanto, descobri que a minha prima tem a minha altura. E tem 11 anos.

dessas cenas estranhas

Alguma coisa deve ter mudado entre o tempo em que eu me enchia de raivinha dos dentes sempre que via um casalinho foficoiso a fazerem uma endoscopia em praça pública e o tempo em que eu dei por mim a achar uma parelha dessas adorável e a ficar com saudades do rapazinho. Não sei que mosquito me picou mas temo que seja grave.

one week to go

Não importa quantas piadas estúpidas se façam acerca dos emigrantes - chega sempre aquela altura em que, todos os que esperam alguém de fora, começam a contar os dias, as horas, os minutos. E neste momento, minhas alforrecas, falta uma semana para começar aquela época meio louca em que nunca se sabe onde vamos a seguir ou onde vamos dormir. Ou se vamos dormir.

No fim, estamos todos mais cansados do que antes das férias mas posso jurar que sou (muito) mais feliz com os meus monstrinhos aqui. A sério que sim.

*fim do momento foficoiso, obrigada pela atenção*

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

a instalação do medo

Desconhecia essa nova mania do banho público, mas sinto que descobri da pior forma.

e

Pensei em suicidar-me mas depois achei que o mundo é um sítio demasiado bonito para eu deixar que a matemática o destrua. E então não me vou sentar no sofá a chorar baba e ranho; vou bater a todas as portas, tentar todos os recursos possíveis e imaginários, para conseguir que não seja uma merda de um exame a arruinar-me com 12 anos de escola. 13, no meu caso.

Por isso, alforrecas, tive nega mas não me vou matar por isso. Há sempre soluções.

esta tarde

Não estou psicologicamente preparada para saber a nota do meu exame, o que significa que este é muito provavelmente o fim trágico do cinderela. Vou cometer o suicídio. Adeus.

meu querido mês de agosto

Agora a recordação das saídas à noite de calções, top e sandálias não me parecem mais do que uma miragem. Sempre saímos à noite em agosto de calças, t-shirt, casaco e sapatilhas, certo? Deve ter sido.

domingo, 3 de agosto de 2014

i did it again

Reajo por impulso. Lamento isso, mas sou extremamente impulsiva e às vezes não me controlo - tenho medo de pessoas. Morro de medo que me magoem, que me desiludam. Ou que me iludam. Morro de medo de voltar a sentir-me a mais fraca, e então fujo. Não confio. Desconfio em demasia, até. E lamento isso, uma vez mais, mil vezes mais - só tenho feito merda com ele, e sei que não devia. Sei que, se fosse outro, já nem me falaria a esta hora, e com toda a razão. Lamento mesmo não saber render-me. Sei que devia. E ele merece.

desculpem

Queria escrever, queria explicar, queria que tudo se resolvesse - mas falha-me a paciência e somam-se cada vez mais dúvidas. Será que a minha paz consegue durar mais do que cinco minutos?

sábado, 2 de agosto de 2014

okay

Seria bom que as pessoas compreendessem que eu prefiro mil vezes que sejam sinceras do que inventem desculpas para não me ver chateada - a sério, posso até ficar triste ao início, mas depois passa. Agora, quando eu descubro - ou desconfio - que me mentiram, está tudo fodido. Não suporto isso. Não perdoo isso.

nop, not me

Quatro velhas que tinham estado a assistir à aula de zumba, vieram dizer-me que eu, apesar de ser mais gordinha, me mexia muito bem, que era, de longe, a melhor do grupo e que estava quase ao nível da professora. 

Inicialmente, fiquei feliz com isso, que fiquei, mas depois comecei a pensar em mim mesma em modo lontra-bailarina e na forma como sou descoordenada, e cheguei à conclusão de que, mais uma vez, as cataratas jogaram a meu favor.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

can barely wait

Nunca pensei que fosse tão possível passar da admiração à raiva em tão pouco tempo - mas dá-me algum alento saber que, mais tarde ou mais cedo, ele vai sentir a minha falta. E, mesmo não se arrependendo do que fez porque em momento algum ele vai entender, eu vou estar aqui à espera do dia em que ele vai tentar recuperar a amizade.

Vou estar aqui para o mandar foder.

he's leaving

Ele decidiu que queria assistir à minha aula de zumba - e eu não tive outro remédio senão dizer-lhe que sim porque, verdade seja dita, estou mortinha por o ver. O problema é que eu não tenho jeito para dançar em aulas normais - juro, eu sou a coisa mais desajeitada que consigam imaginar -, mas hoje cheira-me que vai ser muito pior por saber que ele vai seguir cada passo meu.

É mais ou menos por isto que eu sou uma forever alone.

chateei-me

É normal não se gostar de toda a gente - o que não é normal, a meu ver, é não se gostar de pessoas à partida por pertencerem a um determinado grupo. Porque são ciganos, porque são pretos, porque são chineses, porque têm uma pila no meio da testa. Porque toda a gente sabe que aquela gente é de má rés e que mais vale fugir antes que acabemos a sangrar num beco, enquanto alguma dessas temíveis criaturas foge com os nossos rins dentro de uma geleira.

Podia ser boa ideia, pelo menos por um dia, as pessoas compreenderem que há pessoas boas e pessoas más e que isso não é necessariamente intrínseco à origem delas. E sim, eu também já agarrei a carteira com mais força quando passei por alguém, também já atravessei a estrada para não me cruzar com uma pessoa que, à primeira vista, não me inspirou confiança nenhuma. Às vezes são ciganos, são pretos, são chineses. Outras vezes são não-ciganos, são não-pretos, são não-chineses. Espantem-se: às vezes também me assusto com pessoas normais, pessoas branquinhas, pessoas de raça pura, pessoas que têm o direito de serem chamadas pessoas; toda a gente sabe que o mesmo não acontece com os tais já anteriormente referidos. Isso não é gente, é escumalha. É lixo. 

Podia ser boa ideia ouvirem-nos, pelo menos por um dia. Podiam, sei lá, questionar-se se não será o comportamento baseado num preconceito que acaba por gerar reações que servem para aumentar esse mesmo preconceito - é muito bonito dizer eles são isto e aquilo, mas são-no porquê? Digo isto porque ontem assisti a uma cena que me enojou.

Uma cigana, de meia idade, dirigiu-se à mulher da caixa para trocar uma moeda de 2€ por duas moedas de 1€, para poder usar um dos carrinhos. E eu vi a forma como a cigana falou; a mulher desfez-se em simpatias, falou calmamente, sempre a sorrir. Juro que a mulher foi adorável - enquanto a da caixa se limitou a responder-lhe mal e a mandá-la ir procurar a outra. Como se fosse um grande drama.

Se todo o mal do mundo viesse de ciganos ou de qualquer outra raça, acho que seríamos todos mais felizes. Mas não - gente má também veste smoking e vai trabalhar de pastinha debaixo do braço. Outras vezes, vestem o uniforme do pingo doce e limitam-se a mostrar as cabras mal fodidas que são - mas, não se enganem, elas estão por todo o lado.

dar a mão à palmatória

Durante imenso tempo, eu critiquei casalinhos nojentos. Falei mal dessa tendência para andarem como se tivessem tido o azar de apanhar super-cola nas mãos e não se conseguissem soltar. Falei mal das conversas pirosinhas, das discussões sobre quem dá mais beijinhos a quem, das endoscopias a céu aberto. Falei mal de tudo o que envolvia episódios foficoisos à vista de ressabiadas como eu que estavam de mal com o mundo. Mas, de repente, da forma mais inesperada possível, eu descobri que ser um casalinho nojento é das melhores coisas do mundo, e que na realidade ninguém se preocupa com o facto de os outros nos verem como um casalinho nojento. Deixai-nos ser felizes!

ouvi ontem

Entrei numa loja e estava a passar a takata, do tacabro, que é daquelas músicas de que eu não gosto mas que me sabe a 2012 e a um verão passado lá pelos reinos franceses. No que toca a saudosismo, sou portuguesíssima.

apontamentos

É uma perda de tempo dizer que o amor é isto e aquilo, que para se amar é precisa uma vida inteira. Percebi-o recentemente, tal como toda uma outra panóplia de coisas que tenho aprendido nas últimas semanas - o amor não precisa de definições longas e cheias de palavras caras. Precisa de ser sentido, precisa de ser vivivo, precisa de ser posto em prática quando é, e pouco importa se se ama mais ou se se ama menos, se é para sempre ou se acaba daqui a cinco minutos. Será sempre infinito e imensurável até que se esgote - mas vale a pena entregarmo-nos a ele ainda assim.

Também descobri que consigo meter rédias no que sinto, mas sou muito mais feliz quando não o faço. Como agora. Não sei o que somos hoje nem o que seremos amanhã, mas também não quero saber. Let it be.