segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

a ti, obrigada.

[não se cura com remédios nem mézinhas, nem tão pouco existe uma cola especial para colar os cacos do coração. não há terapêutica nem remendos para uma alma ferida: é necessária aquela massa consistente que é feita de sentimentos verdadeiros. é preciso carinho. é preciso bem-querer.

nos dias em que dói tanto que me apetece desistir, tento lembrar-me daquela velha premissa que aprendi há uns anos: não se gosta em linha reta - há dias em que se gosta mais e dias em que se gosta menos, e não há nada de errado nisso. os dias em que se gosta menos não são feitos para desistir: servem para nos fazer perceber o bem que temos e para nos encher o coração de esperança de que existam dias melhores. e para lutarmos por eles também.

hoje era um dia não, e depois apareceste.
nunca me vou cansar de dizer que és diferente, porque és: gosto cada vez mais de ti pelos pormenores ínfimos e absurdos que absorvo do teu ser, pela forma desconcertantemente inocente com que os partilhas como se não fizesses a mais pequena ideia de que ninguém é igual a ti - ou é, mas tanto me faz. foi contigo que eu tive a sorte de ver a minha vida cruzar-se. és tu que me fazes derreter.

hoje era um dia não, e depois vi-te aproximar de mansinho.
quis que me puxasses para ti muito antes de o teres feito; talvez eu seja fraca porque cedo sempre aos teus braços, talvez a minha força resida no facto de encerrarmos as batalhas com um abraço. não sei, nem sei se quero saber: gosto da tua altura. gosto de sentir o teu queixo pousado na minha cabeça e os teus braços a apertar-me contra ti. gosto de me sentir protegida, o teu corpo como um forte, eu e tu como duas peças de um puzzle que não fizessem sentido de outra forma que não assim: encaixadas. 

hoje era um dia não, mas abandonei a cabeça no teu peito.
entrelaçar os dedos nos teus dá-me sempre a ideia de que estamos a fintar as forças que teimam em separar-nos, ainda que essas forças sejamos nós: ferimo-nos um ao outro para nos sararmos a seguir. até que deixe de resultar, até que a brincadeira mate um de nós.

hoje era um dia não, mas gosto demasiado de ti.
quando te olho nos olhos, quando te vejo o sorriso travesso, quando sinto a tua mão no meu cabelo: eu vivi bem todos estes anos sem saber que existias. mas agora sei que existes e sei o poder que tens na minha vida, sei o quanto, mesmo entre lágrimas e uma cabeça confusa, me deixa de coração cheio saber que te tenho comigo - agora sei o que é abraçar alguém durante minutos intermináveis em silêncio: as palavras são desnecessárias. palavras... (dizem que) leva-as o vento, e eu não quero que ele nos arranque nada de nós. que nos despenteie, que nos enregele, que nos abane, mas que nunca, nunca, nos separe.

hoje era um dia não, mas eu não te quero perder.]

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