segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

you,

[hoje apetece-me escrever sobre ti e sobre o que me fazes sentir - saber que o lerás assusta-me exatamente na mesma medida em que me aconchega o coração. saberás que é para ti, ainda que precises de o confirmar. ainda que haja uma parte de ti que te faz duvidar. mas é: não poderia ser sobre outra pessoa.

hoje apetece-me escrever sobre a leveza de estar ao teu lado, sobre como não dei pelo tempo a passar. sobre como desejei, secretamente, que ele parasse, que se atrasasse, que se esquecesse de nós e nos deixasse ficar mais um bocadinho assim: perguntas-me muitas vezes porque fico tão calada; não acho as palavras necessárias quando sinto o teu corpo contra o meu. quando me apertas. quando sinto o bater do teu coração, sempre descompassado, como se batesse no meu próprio peito. não precisamos assim tanto das palavras nesses momentos em que os corpos falam por si.

gosto de ti em câmera lenta: não há ansiedade, não há sofreguidão. absorvemo-nos um ao outro com calma, aprendemo-nos como quem sabe que tem tempo: não sei se temos, mas gosto de pensar que sim. se te tento fugir, volta e meia, é pelo medo que me assola de cada vez que tomo consciência de que posso gostar cada vez mais. há algo de especial em ti, algo de único - algo que, de tanto temer perder, me faz querer fugir antes de me viciar. desculpa por isso.

ninguém é igual a ti. a forma como fazes as coisas derrete-me um bocadinho mais a cada dia que passa - há uma certa doçura na tua hesitação, na forma como demoras sempre a tomar balanço para me abraçar e, depois, nunca mais me deixas, nos rodeios que fizeste até me dares, finalmente, um beijo. há uma certa ternura nos teus passos pequeninos, como quem tem medo de pisar a mina. soubesses tu o quão melhor eu me sinto contigo assim, ao meu lado.

perco-me em ti; o tempo voa mas o mundo parece parado. as tuas mãos a passear pelas minhas costas, os teus lábios pousados na minha testa, na minha bochecha, nos meus. que o momento não acabe, desejo. perguntas porque nunca te digo nada; abraço-te com mais força: estou a dizer-te tudo. gosto tanto de ti, caramba. tanto.

não vás, nem me deixes ir.]

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