O dia de amanhã não importa assim tanto,
Foi a vida ou o universo ou qualquer outra entidade a girar a roleta que nos fez calharmo-nos em sorte um ao outro. Não sei quem ditou este cruzamento nas nossas vidas e que, daí em diante, caminharíamos lado a lado, na mesma estrada, mas gostava de lhe agradecer.
Há dias em que me apetece adiantar os relógios, rasgar mais folhas no calendário. Acelerar o tempo para combater a tua calma, para estar há mais tempo na tua vida: não me podes culpar, mas há dias em que o desejo é mais voraz e fala mais alto do que a minha admiração pela tua serenidade; gosto da paz que me transmites mas também gosto da vida em roda viva, da pressa, da sofreguidão de ser.
Outros há em que é precisamente na tua calma que me quero perder. Na forma leve e lenta como levas as coisas, no jeito perfecionista com que colocas um pé à frente do outro sem descuidos, sem dar um passo maior. Um salto. É fácil falar com alguém como tu porque sei que, o que quer que digas, será verdadeiro: desculpa-me pelos dias em que me esqueço disto. Às vezes tremem-me as pernas e volto a cair de joelhos por dores antigas que eu vejo desenrolarem-se diante dos meus olhos uma e outra vez; a culpa não é tua. Dá-me a mão enquanto fores capaz, ajuda-me a levantar e eu não irei a lado nenhum sem ti.
Não és perfeito e temos tanto de iguais quanto de opostos: juntos formamos uma melodia imperfeita, talvez a mais imperfeita de todas, mas é bonita porque nunca teve pretensões de ser qualquer outra coisa que não o que era: a melodia que junta duas almas que se encontraram num dos inúmeros acasos da vida e que nunca sabem ondem vão chegar. Talvez nunca cheguemos a parte alguma mas, por agora, gosto de a ouvir tocar porque me lembra de que te tenho na minha vida e da sorte que tive nesse jogo de improbabilidades que trouxe até mim alguém como tu.
Guardo-te as palavras bonitas como uma mãe guarda o último pedaço de bolo para o filho: quero que estejas certo da tua posição na minha vida, do carinho que te tenho e do quanto te desejo o melhor. Guardo-as para ti porque, neste momento, o que sinto de melhor te pertence, a ti, a pessoa mais diferente e especial que conheci até hoje. Guardo-as porque são a maior retribuição que tenho para o que me fazes sentir.
Entorpeces-me os sentidos: o teu sorriso faz-me sempre pedir por mais, a forma como me abraças para espantar os medos torna qualquer tentativa de fuga impossível porque me rendo a ti e os teus beijos foram a primeira coisa a acelerar-me o coração em muito tempo. E a facilidade que temos em falar sobre tudo - menos sobre o sporting porque eu não ligo a futebol mas não resisto a ferir-te os sentimentos - reforça a ilusão de que já nos conhecíamos mesmo antes de nos conhecermos.
Acredito que o para sempre exista com a data limite que lhe queiramos impor. A minha é enquanto der; quero-te comigo para sempre, enquanto a convivência nos for possível, enquanto fizer sentido, enquanto houver espaço no teu coração para me albergar. Gosto de ti. Tanto, mas tanto.
Bem vistas as coisas, o dia de amanhã não importa assim tanto - desde que te tenha ao meu lado, estará tudo bem.
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