[é um alpendre azul com um espanta-espíritos pendurado; gosto de me sentar aqui ao final da tarde e sentir a brisa leve a despentear-me, gosto de ver o azul do céu a transformar-se em negro, gosto de ver as estrelas a surgir lá no alto.
daqui não se vê o mar nem a serra, mas vê-se o céu que é azul e depois negro. respiro fundo. estás ao meu lado, apesar de tudo; olho-te de soslaio, com a mesma desconfiança de sempre. às vezes tenho medo de que sejas uma mentira, uma ilusão. uma miragem. invento desculpas para te tocar, abraço-te, aperto-te com força só para ter a certeza de que estás aqui. e estás, estás mesmo. ficaste.
pergunto-me como. pergunto-te como. sorris e dizes gosto tanto de ti. retribuo-te o sorriso: há algo de mágico nessas palavras, algo que aquece o espírito mais do que nunca - há muito que percebi a diferença entre um gosto muito de ti e um gosto tanto de ti. gostar muito de ti é só isso mesmo: gostar muito. gostar tanto de ti já roça a loucura, essa genialidade e perfeição do ato de gostar: gosto tanto que nem faz sentido. gosto tanto que parece impossível. gosto tanto que nunca fui capaz de me ir embora. gosto tanto, mas tanto, que já não sei não te ter ao meu lado.
olho o céu: a lua, lá em cima, parece um sorriso. a noite está serena como se o mundo tivesse decidido compactuar com o que eu sinto. encaro-te de frente; olhos nos olhos, não consegues conter um sorriso de é tão bom estar aqui. e é mesmo.
abraço-te novamente. apertas-me com a sofreguidão de quem quer fundir dois corpos num só para impedir que se possam separar novamente. daqui não se vê o mar nem a serra, mas vê-se o céu e vejo-te a ti como o sítio onde sou mais feliz. eu também. eu também gosto tanto de ti.
Sem comentários:
Enviar um comentário